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Por: Julio César Cabrera Medina
O Manifesto pela reforma política, gestada nas ruas em 2014 pelos
movimentos políticos de base, virou chacota no legislativo. Senadores e
deputados não souberam, não quiseram entender a mensagem. Fizeram suas as
palavras de Giuseppe Tomasi di Lampedusa no livro ‘O Gatopardo’ (1957): “tudo
deve mudar para que tudo fique como está”.[1]
A reforma política deveria ser a primeira e urgente prioridade
nacional. Mas o Presidente do governo atual, que
queria ser lembrado como o ‘o presidente das reformas’, não tinha, nem tem, nem
terá na sua agenda a reforma política.
“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a
desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os
poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da
honra, a ter vergonha de ser honesto”.[2]
Depois de quase um século, as palavras de Rui Barbosa mostram o
eterno retorno da política brasileira. Não temos avançado nada.
Para quebrar o círculo de repetir a historia, e fazer uma nova
historia, devemos lembrar as palavras de Jorge Amando no discurso de ingresso
na Academia das Letras de 17 de julho de 1965:
“Ai daquele jovem, ai daquele moço aprendiz de escritor, que, no
inicio de seu caminho, no venha, quixotesco e sincero, arremeter contras as
paredes e a gloria desta Casa”.[3]
Só uma reforma política encabeçada por uma jovem geração de
políticos, quixotescos e sinceros, que arremetam contra as paredes do
legislativo, o executivo e a estrutura de partidos atual poderão quebrar o
círculo do eterno retorno e instaurar uma nova ordem e progresso.
21 de maio de
2017
*Julio César Cabrera
Medina é Professor do
curso de Relações Internacionais. UEPB – Campus V –
João Pessoa
Referencias:
[1]
Giuseppe Tomassi di Lampedusa. O
gatopardo. São Paulo: Difusão Européia do livro, 1963, p.
32.
[2]
Rui Barbosa. Obras Completas de Rui
Barbosa. Rio de Janeiro: Fundação Casa Rui Barbosa, 1914. Volume 41,
Tomo 3, p. 86.
[3]
Jorge Amado. Discursos. Salvador:
Fundação Casa Jorge Amado, 1993, p. 9.
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