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Por Belarmino Mariano Neto e João Maria Cardoso e Andrade
No Brasil, " país do futebol", da política fácil, do vale tudo e da "Lei de Gerson", em que lugar se encontram os professores? De que adianta termos um dia especial, só nosso, se na prática nos querem invisíveis, nos querem submissos e reféns de velhas práticas conservadoras da reprodução ideológica de um sistema que explora, humilha e oprime, aqueles que carregam em sua gênese a ideia de todas as profissões?
Vejam como ainda somos tratados no Brasil, por governos neoliberais, conservadores e de extrema direita, transvestidos de sociais democratas: Essa é a cena dos professores do Estado do Paraná, na Região Sul do Brasil, tida como a mais esclarecida e consciente do nosso país. Ações das forças de Segurança do governador Beto Richar (PSDB/PR):
Refletindo um pouco sobre o nosso país, vale destacar que o segundo governo da presidenta Dilma, tem como lema "Brasil, Pátria Educadora". Mas de cara, o governo adota políticas de arrocho salarial e reforma fiscal que atingem diretamente a nossa categoria. Os professores das universidades federais e institutos federais de educação estiveram em greve até recentemente, ao final, vimos perdas incalculáveis, pois suas reivindicações simplesmente foram ignoradas pelo governo federal que fechou os olhos para os professores.
Na Paraíba a situação é mais complicada ainda, pois as escolas estaduais vivem hoje, um verdadeiro jogo de interesses e mandos políticos locais e regionais, em que diretores são nomeados de acordo com conveniências políticas, da mesma maneira em que outros são exonerados da mesma maneira.
Na maioria das escolas não acontecem as experiências de democracia participativa, com eleições diretas para diretores.
Em muitos casos, os professores efetivos ficam reféns de mandatários políticos que de nada entendem sobre educação. A mesma coisa acontece com as instâncias superiores as escolas, pois em muitos casos, são colocados técnicos, também contratados e sem concurso, para assumirem funções, das quais não sabem nada. Quando temos centenas de pedagogos formados e com especialização e mestrado que esperam por um concurso público há anos.
Esse tipo de experiência educacional anti-pedagógica precisa cessar dentro das nossas escolas. Na Paraíba, existe uma situação calamitosa e lamentável, pois existem um número muito maior de contratados do que de efetivos em nossas escolas. Na Paraíba, um professor ganha muito menos do que ganha um vereador sem qualificação alguma, de uma Câmara da menor cidade do Estado.
O governo, que não adota uma política de real reposição salarial da categoria, utiliza-se de políticas neoliberais de incentivo por premiações, ou por bolsas que não são incorporadas aos salários, criando com isso uma espécie de aposentadoria retardada, ao máximo, pois se um professor quiser se aposentar no tempo certo, perderá um percentual significativo em seus proventos, que não compensa, tendo que se submeter a sala de aula até os 75 anos de idade, isso para uma profissão que exige atualização e formação constante.
O mais grave é que as regras e exigências para que os professores consigam se enquadrar nos projetos de incentivo a produtividade são tão esdrúxulos que quase ninguém consegue atingir a pontuação exigida. Dois exemplos são aqui relatados: Edital "Escola de Valor e Mestre da Educação", com escolas desatualizadas, professores pouco preparados, fica quase impossível chegar lá.
Em nosso estado, com elevado índice de desemprego, com milhares de profissionais formados e aguardando concursos. A nossa profissão virou cabide de empregos precários e contratos por indicações de grupos políticos que em nada entendem de educação. Enquanto um professor concursado, ganha em média R$ 1.700 reais, uma verdadeira vergonha, se compararmos com outras profissões.
Um professor contratado, depois de todos os descontos, não consegue atingir R$: 960, reais de salário. Além do mais, estes profissionais precarizados, ficam devendo obediência política aquelo vereador, prefeito ou deputado, que lhe conseguiu o contrato, ou a matricula no estado, ou no município. Nessas condições fica difícil querermos que o professor possa comemorar seu dia com orgulhe e entusiasmo em ser professor.
Acho que, quando Marx desenvolveu as suas teorias do Materialismo Histórico e Dialético (MHD), não imaginaria que os professores, chegassem a tão baixo nível de desvalorização. Para o modo de produção capitalista somos uma das classes mais perigosas, pois lhe damos diariamente com o conhecimento, com as ideias, com as representações. Então, o ideal é que sejamos invisíveis, que passemos despercebidos por entre as centenas de outras classes, como os advogados, médicos, engenheiros, arquitetos, entre todas as outras profissões que dependem diretamente dos professores.
O melhor exemplo de que somos invisíveis se dá pela total desvalorização, tanto da educação como dos seus profissionais, sobre a lei de greve, por exemplo, não somos considerados serviços essenciais, mas basta que os professores entrem em greve para que passem a dizer que os professores não podem parar pois estão entre os serviços essenciais para a sociedade. Se fosse assim, não passaríamos meses em greve, sem que nenhum setor responsável pela administração pública viesse sentar a mesa para negociar com a categoria dos professores.
Lembro que em uma das nossas assembleias da Greve da UEPB 2015, entre os oradores, o prof. Nelson Júnior, do Departamento de Psicologia, argumentou que diferentes órgãos do Estado, como a Assembleia Legislativa, CODATA e o JUDICIÁRIO, tiveram reajustes superiores a 6,5%, enquanto que os professores da UEPB, tiveram reajuste de 1%, seis meses depois de sua data base. Quando até mesmo a justiça burguesa reconheceu que tivemos uma perda por inflação superior a 6% determinou que fosse cumprida a nossa data-base e repostas as nossas perdas de 2014, mas nada foi cumprido até o momento.
Entre as diversas teses dos meios de comunicação, persiste aquela em que devemos ser "amigos da escola", mas na contra-mão da história, a escola que pertence a grupos privados ou a governos, em nada faz para que sejamos bem pagos e valorizados pelo exercício pleno da nossa profissão.
As frases são belíssimas, mas essas imagens estereotipadas dos professores e professoras estão muito distantes da nossa realidade profissional. Mas não vamos desistir de continuar lutando por uma sociedade em que os trabalhadores, sejam livres, autônomos e donos dos seus destinos. Nós professores precisamos compreender que somos instrumentos dessa nova sociedade em que possamos viver em um Socialismo Libertário.
Excelente artigo.
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