sábado, 5 de março de 2016

Como transformar poder econômico em político?

 

Por: Belarmino Mariano 

Com essa questão chave: Como transformar poder econômico em político? queremos iniciar uma série de análises em que, correlacionaremos poder político e poder econômico em escala local, considerando o município de Guarabira, pois essa é uma questão aparentemente simples, mas existem indícios de que aí, nasce os piores males da vida em sociedade, misturando-se interesses privados, de pessoas e/ou grupos econômicos que politicamente, se apoderam das instituições públicas ao seu bel prazer. fazendo todo tipo de manobras e enriquecimento ilícito com o patrimônio que deveria servir ao conjunto da sociedade.

Poderíamos perguntar também: Se alguém banca uma campanha política milionária para um candidato a prefeito ou a vereador, faz esse financiamento com qual interesse? Quando um grupo político já esta no poder, com direito a reeleição, ele tende a usar a "máquina pública" para tirar proveitos políticos na eleição? Se o poder de um grupo for em outra esfera do poder público, como em nível de Estado ou da Federação, esse grupo também usará a "maquina pública" para extrair dividendos políticos? Reflitam comigo:

Resultado de imagem para belarmino mariano neto imagensA política em Guarabira é muito interessante como campo de análise, em especial quando as forças econômicas são relativamente pequenas e médias, se comparadas com outras regiões do país. Guarabira se localiza no interior da Paraíba, situada especificamente no Agreste Baixo, sendo circundada ora por uma região de brejos serranos, ora circundada por ambientes semi-áridos, há exemplo do Curimataú e da própria Microrregião de Guarabira.

Esse ambiente foi historicamente ocupado por elementos de capital dos principais ciclos econômicos brasileiro. Na região, desde o século XVII funcionaram dezenas de engenhos de cana-de-açúcar (mascavo, rapadura, melaço e cachaça); já foi uma importante região cotonicultora (algodão para exportação); Teve um importante ciclo do sisal e já chegou a produzir café de excelente qualidade. Outro importante  destaque da região se deu pela pecuária extensiva, com gado, caprinos, ovinos, aves e outras especieis de valor econômico regional.

Resultado de imagem para belarmino mariano neto imagensA microrregião de Guarabira, encrustada no Agreste paraibano, também se destacou no cenário econômico regional, como uma importante zona policultora alimentar, com destaque para: Milho, feijão, fava, guandu, bata-doce, mandioca, macaxeira, inhame, jerimum, melancia, além de uma grande variedade de hortaliças. Há mais de quarenta anos, estes alimentos eram produzidos pelo sistema de agricultura familiar, posseiros, rendeiro e meieiros, com parte da produção que servia para a subsistência familiar e o excedente era comercializado nas famosas feiras camponesas, sendo a de Guarabira, a mair da microrregião, ocorrendo em dois dias da semana. Nas propriedades familiares policultoras, ainda existia grande variedade de frutíferas, em que nos períodos de safras, abarrotavam as feiras por preços bem populares. Hoje em dia não é mais como antes, talvez não reste mais que 30% ou 40% do era há algumas décadas.

Se considerarmos elementos econômicos locais de um passado recente, nos últimos quarenta anos, Guarabira chegou a ser um polo produtor e exportador de urucum, pimenta do reino e castanha de caju, tendo estabelecido associações e cooperativas de produtores rurais. Há trinta anos, Guarabira chegou a despontar coma a quarta maior economia do Estado da Paraíba, suplantando as atuais cidades polo do Sertão paraibano, Cariri, Curimataú e Litoral.

Nesses períodos citados, o poder econômico se convertia em poder político com muita facilidade, pois as famílias oligarca que controlavam a economia regional, também se instalavam no poder político dos municípios sem dificuldade. Se esses grupos econômicos conseguiam ocupar todos os espaços de poder político, tivessem usado esse poder para a alavancar o desenvolvimento local e região, certamente estaríamos vivendo uma outra realidade social , econômica e cultural.

Hoje os dados apontam que Guarabira esta na 12ª posição econômica estadual. Isso para quem já foi o quarto lugar na economia da Paraíba, no mínimo estivemos parados na estação do progresso por oito posições. Vejam que em nossa análise, nem estamos considerando as condições ambientais favoráveis, com muita terra agrícola, localização privilegiada em relação a grandes centros como: João Pessoa, Campina Grande, Natal e Recife. Isso se comparamos com polos do Sertão: Como: Patos, Sousa e Cajazeiras, muito desfavoráveis ambientalmente e mais isolados do que Guarabira.

Se os princípios políticos e econômicos são os mesmos há décadas, o que aconteceu para que Guarabira e cidades polarizadas tivessem vivido tão forte retração econômica e/ou de desenvolvimento? Será que os agentes políticos, reconhecidos como os mesmos agentes econômicos, foram os responsáveis pelo atraso de desenvolvimento local e regional? Quais eram as mentalidades desses senhores, para permitir tanto atraso em tão pouco tempo, pois estamos aqui falando de apenas quarenta anos de história. Isso mesmo, uma geração se passou e parece que as próprias famílias oligarcas perderam coesão, quebraram os seus negócios mas, continuam querendo manter o status coo.


Novos arranjos econômicos foram inventados ao longo das quatro ultimas décadas, os meios de comunicação impressos e o sistema de rádio passaram há dar a tônica das relações políticas. Nesse ponto, os grupos que sempre estiveram no poder, também passaram a controlar as concessões públicas de rádio, assim, manipulam ideologicamente os seus interesses em continuarem no controle político e econômico da cidade. Alguns empresários de setor também passaram a se interessar pelo controle político local, assim as disputas e conflitos de interesses se tornaram frequentes. Essa é uma das máximas da política local. O pior desse modelo político é vermos o grande atraso de desenvolvimento que a cidade viveu, pois tanto o poder político, quanto o poder econômico sempre esteve nas mãos de um ou dois grupos que se revesam no poder, transformando a coisa pública em interesses privados.

Só existe uma saída política para esse jogo. Precisamos buscar novos projetos de governos, que não estejam atrelados aos grupos econômicos tradicionais, pois o plano dos mesmo é limitado ao beneficiamento privado. Precisamos construir uma alternativa política capaz de valorizar a coisa pública para o social, valorizar o expediente do concurso público, valorizar os trabalhadores do serviço público, fazer investimentos corretos e éticos em programas e políticas que beneficiem a coletividade. Essa deve ser uma alternativa completamente independente e com competências para ser porta voz de mudanças efetivas nos rumos da política local. Nesse momento, o PSOL se apresenta como alternativa, como porta voz dos interesses públicos acima de tudo.

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