segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Manifesto contra a intolerância religiosa em meios de comunicação: O Meu coração não cabe na escravidão


Fonte: consultasdetarot.com.br
Por Belarmino Mariano Neto

Com esse título em uma paráfrase a Caetano Veloso, na sua monumental obra poética e musical “Milagre do Povo”, gostaria de utilizar-me desse espaço para fazer um manifesto de repúdio aos abusos de poder de alguns radiocomunicadores e blogueiros de Guarabira, quando de maneira extremamente preconceituosa, discriminatória e de intolerância religiosa, fez uma matéria em que nitidamente ridicularizava um despacho religioso em área próxima a cemitério de Guarabira. Esse tipo de reportagem alimenta a intolerância religiosa até chegarmos ao que acontece no Oriente Médio. Prefiro Caetano Velo quando expõe claramente o que representam os territórios do sagrado a partir do Candomblé ou Umbanda, em várias de suas músicas, demonstrando o quanto o nosso país é rico e diversificado em sua fé.
Já ouvi muitas reportagens inteligentes na Rádio que reproduziu essa matéria preconceituosa sobre o ritual de despacho. Já li muitas matérias importantes no Portal Mídia e acho que existem profissionais competentes fazendo notícia nesse portal. Infelizmente ao ver a maneira como o reporte interage com uma pessoa do meio da rua, as gaiatices do reporte e a interferência nos arranjos do sagrado ali colocados, são no mínimo uma falta de conhecimento e repeito aos que estava ali exposto, como oferenda aos orixás. Se não conhece respeite, se desconhece, busque maiores informações antes de sair divulgando desenformação a população, pois uma rádio ou um portal, precisa zelar pela boa informação.
Ao ler o tal artigo, e dispensado os comentários circulados em rádio local, gostaria de refletir que seria necessário buscar os fatos, as informações corretas sobre o despacho, antes de sair emitindo um monte de preconceitos e desinformações sobre o assunto.
Acho que nenhum católico gosta de ouvir ou ler sobre seus santos, sendo vandalizados. Acho que ninguém do catolicismo iria gostar de ouvir críticas sobre a comunhão, quando o Padre representa de maneira sacral o sangue e o corpo de Cristo e depois oferece aos fiéis. Cada religião possui os seus rituais e não podemos alimentar esse tipo de intolerância religiosa. Nesse sentido, seria muito importante por parte dessa importante rede de comunicação que retirasse essas imagens em vídeo do ar. E refizesse a matéria retirando da mesma todos os preconceitos e os achismos. Seria muito bom que o programa de rádio que reproduziu essa preconceituosa reportagem desse direito de resposta aos cultuadores do Candomblé ou da Umbanda em tempo igual para os mesmos divulgassem a sua imagem de fé, como lhes convivesse. Respeitem os rituais das religiões alheias e façam com Caetano em 

Milagres do Povo (Caetano Veloso)

Quem é ateu e viu milagres como eu
Sabe que os deuses sem Deus
Não cessam de brotar, nem cansam de esperar
E o coração que é soberano e que é senhor
Não cabe na escravidão, não cabe no seu não
Não cabe em si de tanto sim
É pura dança e sexo e glória, e paira para além da história
Ojuobá ia lá e via
Ojuobahia
Xangô manda chamar Obatalá guia
Mamãe Oxum chora lagrimalegria
Pétalas de Iemanjá Iansã-Oiá ia
Ojuobá ia lá e via
Ojuobahia
Obá
É no xaréu que brilha a prata luz do céu
E o povo negro entendeu que o grande vencedor
Se ergue além da dor
Tudo chegou sobrevivente num navio
Quem descobriu o Brasil?
Foi o negro que viu a crueldade bem de frente
E ainda produziu milagres de fé no extremo ocidente
Ojuobá ia lá e via
Ojuobahia

Fonte:
http://www.vagalume.com.br/caetano-veloso/milagres-do-povo.html#ixzz3kPjUWA9T
http://www.portalmidia.net/despacho-e-encontrado-ao-lado-de-cemiterio-em-guarabira/

domingo, 30 de agosto de 2015

PSOL é o partido que mais cresce em 2015

PSOL ganhou 3.945 filiados entre dezembro de 2012 até julho de 2015 e hoje tem 8.939 na BA - Foto: Fernando Amorim | Ag. A TARDE

Foto de Fernando Amorim - Agencia atarde.com.br

Por: Rodrigo Aguiar

PSOL ganhou 3.945 filiados entre dezembro de 2012 até julho de 2015 e hoje tem 8.939 na BA
Em um ano marcado pela crise na economia e pela repercussão de escândalos de corrupção protagonizados pelo governo federal e partidos aliados, o PSOL foi a legenda que mais ganhou filiados na Bahia e em Salvador, ao mesmo tempo em que o PT foi o que mais perdeu, entre janeiro e julho deste ano, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral.
De janeiro a julho de 2015, o PSOL contabilizou 1.951 filiados a mais no estado, e 727 a mais na capital baiana. No mesmo período, o PT registrou uma queda de 407 e 41 filiados, respectivamente.
A comparação de dados feita em um período maior aponta ainda para uma diferença entre as duas legendas: a manutenção de uma tendência de crescimento do PSOL e um recuo, no caso do PT.
Entre dezembro de 2012 e julho deste ano, os três partidos que apresentaram o maior crescimento no número de filiados, tanto em Salvador quanto na Bahia, foram PSOL, PT e PCdoB, nessa ordem.
No entanto, enquanto o PSOL continuou em ascensão este ano, o PT recuou. No entanto, se o Partido dos Trabalhadores teve a maior diminuição de filiados, pelo menos pode apontar, no caso da Bahia, uma tendência geral de queda.
Das 32 legendas, apenas três tiveram crescimento de filiados no estado entre janeiro e julho: além do PSOL, somente PROS e SD, os dois partidos brasileiros mais novos, criados em 2013.
Já em Salvador,  das 32 siglas, 11 mantiveram a mesma quantidade de filiados ou tiveram aumento (PSOL, PCdoB, PSDB, PRB, SD, DEM, PSB, PDT, PSC, PCO e PCB).  
Corrupção
Para o presidente estadual do PSOL, Marcos Mendes, o crescimento do partido pode ser explicado principalmente pela não vinculação da legenda a casos de corrupção. "Todos os partidos do Congresso, com exceção do PSOL, estavam envolvidos no esquema de corrupção da Petrobras", diz Mendes.
Segundo ele, o PT tem um desgaste de imagem maior por estar no governo, mas o problema seria "sistêmico" e ligado ao financiamento privado de campanhas. "O PP e o PMDB, por exemplo, foram beneficiados. O PSDB também, com Furnas. Mas Dilma é quem está na vitrine, o que faz com que as pessoas se desencantem", diz o socialista.
Mendes afirma ainda que, ultimamente, o PSOL tem se aproximado de pessoas e movimentos descontentes com o PT, como grupos de luta pela terra e quilombolas. "Essa população tem procurado muito a gente para discutir, movimentos outrora ligados ao PT que entendem que esse projeto faliu", diz.
O crescimento do PSOL não deve ser, porém, atribuído a uma simples migração de petistas, até porque o aumento de filiados da primeira legenda é bastante superior aos que deixaram a segunda, afirma o sociólogo Joviniano Neto.
"O crescimento do PSOL não se explica só pela saída de petistas, pela diferença nos números. Ou seja, o PSOL incorporou também pessoas de outras origens ou que não participavam dessa forma do processo político", afirma Joviniano.
Já o professor do Departamento de Ciência Política da Ufba Jorge Almeida relaciona o robustecimento do PSOL  ao longo dos últimos dois anos e meio com as manifestações de 2013, por considerar que, neste período, houve um desgaste maior dos grandes partidos.
Jorge Almeida também cita as consecutivas boas avaliações de deputados federais do PSOL e a última campanha presidencial da sigla, com Luciana Genro, que teria sido "simpática a uma faixa grande do eleitorado, mesmo para quem não votou nela".
"Acho que esse conjunto de fatores provavelmente criou um clima favorável, porque não há uma estrutura forte para filiações em massa e o tempo de televisão é muito pequeno, ao contrário de outros partidos", diz Almeida.
"Saída mínima"
Apesar de os dados do TSE mostrarem que o PT foi o partido que mais perdeu filiados este ano no estado, o presidente da sigla na Bahia, Everaldo Anunciação, diz que a saída de pessoas é "mínima".
Segundo o dirigente, há cerca de 10 mil filiações "represadas" - ou seja, não oficializadas - porque o partido alterou o método de filiação. "É uma resolução nova. Antes, era livre. Agora, para se filiar, você precisa participar de uma plenária de formação. A gente precisa criar um quadro de militantes, e não simplesmente filiados. Assim, qualificamos mais", diz Everaldo.

PMDB: redução de filiados

Entre dezembro de 2012 e julho deste ano, o PMDB foi o partido que apresentou a maior redução de filiados na Bahia, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
No período, a legenda perdeu 1.030 filiados. Em seguida, aparecem o PP, com 637 filiados a menos e o DEM, que contabilizou um recuo de 620 filiados.
O presidente do PMDB baiano, Geddel Vieira Lima, diz que os números “não assustam” e atribui o resultado ao fato de o partido ter rompido com o governo do PT, em 2009, e passado a fazer oposição nos anos seguintes na Bahia.
“As pessoas são atraídas por quem está no governo”, diz o peemedebista. Segundo Geddel, “o importante é que continuamos sendo o primeiro partido em número de filiados, mesmo estando na oposição”.
Conforme o TSE, o PMDB tinha, em julho deste ano, 93.346 filiados. Na sequência, estão DEM (86.347), PT (83.812) e PP (71.565).
Em Salvador, o ranking de filiados é liderado pelo PRB, partido ligado à Igreja Universal. São 20.644 filiados à legenda na capital baiana. Depois, surgem PT (16.198), PP (12.978) e PSC (8.942).
Propaganda e fundo
Apesar de fazer a musculatura de um partido aumentar, o crescimento do número de filiados não tem nenhum benefício imediato para a sigla.
Tomando o caso do PSOL como exemplo: apesar de ser o partido que mais cresceu na Bahia nos últimos anos, não conseguiu eleger nenhum deputado estadual ou deputado federal pelo estado.
O tempo de televisão e a proporção de recursos recebidos via Fundo Partidário são determinados pelo tamanho da bancada da legenda na Câmara Federal.
Por isso, as recorrentes propagandas veiculadas pelos partidos pedindo que as pessoas se filiem muitas vezes têm como objetivo principal, na verdade, promover algum provável candidato ou atacar algum adversário político.
“Normalmente, essas propagandas esculhambam A, B ou C ou promovem os candidatos. No final, coloca-se um ‘filie-se ao partido’ para disfarçar”, diz o advogado Ademir Ismerim.


Mercado Público de Guarabira: Mentiras, reforma ou abandono?

                                   Foto: Belarmino Mariano (reforma ou abandono) 28/08/2015.

Por: BELARMINO MARIANO NETO

Esse primeiro aperetivo imagético é para refletimos sobre como os grandes partidos políticos estabelecem acordos, formam alianças apenas para garantir um maior dividendo eleitoral e depois, as suas promessas viram cinzas e as suas palavras parece que não valem o que o "gato enterra".  No Més de abril de 2015 foi divulgado oficialmente que a Prefeitura de Guarabira estaria inaugurando a primeira etapa da reforma do Mercado Público de Guarabira, vejamos:


"Uma grande festa marcou a inauguração do Centro Popular Shopping, nessa sexta-feira (24/04), na área interna do Mercado Público. O prefeito Zenóbio, juntamente com a primeira-dama Léa Toscano e o vice-prefeito Zé do Empenho, cortaram o laço inaugural e descerraram a placa dando como oficial o funcionamento deste novo equipamento, que conta com 62 novos boxes, dando mais segurança e infraestrutura para os antigos ambulantes que, daqui em diante, contará com um espaço adequado para uma eficaz comercialização e garantia de futuros negócios" (http://www.ivanfilmagempb.com/2015/04/zenobio-toscano-inaugura-shopping.html).

                                               Fonte:  WHATSAPP (83) 99964-2172


A grande polêmica em torno da reforma do Mercado Público de Guarabira é que o candidato a Prefeito Zenóbio Toscano (2011), que tinha como "padrinho político" o governador Ricardo Coutinho, iria fazer um gigantesco Shopping Popular, transformando completamente a realidade dos feirantes e dos frequentadores do Mercado Público. Todos os guarabirenses ouviram isso nas propagandas eleitorais de rádios, no site oficial de campanha do PSDB guarabirense, além dos comícios, onde essa proposta era divulgada como uma das mais significativas obras e que ficaria marcada na história da cidade como exemplo da boa gestão dos recursos públicos. Em um market digital foi divulgada uma planta de como ficaria a grande reforma e muitos acreditaram que seria possível tao empreendimento.


Foto: Portal Independente,  postada em 18/09/2014 por Gibal Martiliano

Essa imagem foi amplamente divulgada, mas se procurarmos hoje em alguma rede social, teremos muitas dificuldades em encontrar. Por isso, se alguém ainda tiver algum panfleto com a mesma, guarde, para provar o quanto o market político desses grandes partidos pode enganar ao eleitor.

A outra questão fundamental é dizermos aqui que, essa seria uma obra em parceria, entre o governo do estado (RC) e o governo municipal (ZT). Mas as eleições ocorreram, ZT foi eleito e em menos de um ano de governo, os dois grupos romperam politicamente. Logo em seguida, no lugar da grande reforma do mercado, o que passou a existir foram trocas de acusações. RC e seus aliados diziam que o prefeito não havia apresentado projeto de reforma e o prefeito e sua equipe diziam que haviam apresentado e que o governo não tinha garantido os recursos para a excursão da obra.
Moral da História, esse mini-reforma feita dentro de um dos galpões do Mercado público, não representa a "faraônica" promessa do prefeito, quando era apenas um candidato. o governo do estado, simplesmente deu as costas para uma promessa de ajuda ao município de Guarabira. E nesse jogo politiqueiro, quem saiu perdendo foi a população, pois o Mercado Público de Guarabira, instalado no centro da cidade é um ambiente deprimente, um lugar sem a minima insalubridade para um Mercado público que negocia alimentos perecíveis. Tantos os feirantes, quanto os consumidores ficam reféns da falta de políticas públicas e planejamento.

Em Abril de 2014 a Câmara de vereadores convidou o Prefeito ZT para prestar esclarecimentos sobre o tema:

De acordo com questionamentos do Vereador Armando Mallaguty (PMDB) "o próprio governador Ricardo Coutinho (PSB) assinou em novembro do ano passado (2013) o Pacto Social na ordem de R$ 3,8 milhões para ajudar na instalação do shopping, mas que ultimamente mudou o discurso, subentendo-se como uma forma de quem está querendo desfazer o negócio, afirmando agora que a Prefeitura de Guarabira não o tinha enviado projeto". (http://www.radarnewspb.com/2014/04/vereador-mallaguty-lamenta-atitude-do.html).

Em outros trechos dessa matéria conseguimos captar que o Prefeito ZT garantiu a existência de recursos para a realização da obra: 

"Em reposta Zenóbio disse que vai priorizar as obras que estão em andamento no município, que tem cerca de R$ 20 milhões de recursos conseguidos através do governo federal para a execução dessas ações, inclusive a de acabar com as inundações do centro da cidade; mas que vai, sim, cumprir com o prometido, no tocante a construção do shopping" (http://www.radarnewspb.com/2014/04/vereador-mallaguty-lamenta-atitude-do.html).

Como se trata de um equipamento público, caso o Ministério Público ou os órgãos de vigilância sanitária façam uma inspeção no local, condenarão aquelas instalações no mínimo insalubres. Foi com base nesses argumentos que o prefeito fez a sua grandiosa campanha, da qual obteve êxito político, mas até o momento não cumpriu o que havia prometido com tanta enfase.
Os feirantes lamentam o descaso, o abandono e a falta de planejamento, pois o poder público municipal desalojou um monte de trabalhadores do Mercado, destelhou grande extensão dos galpões da feira e simplesmente deixou os escombros encostados com algumas placas de madeira e sem funcionalidade alguma.
Contra fatos não há argumentos. Mostramos a imagem da inauguração do que o prefeito batizou de Shopping Popular. Mas se alguém duvidar das imagens que segue nesse artigo, faça uma visita ao mercado público e registre com os próprios olhos a triste realidade do local.


                            Foto: Belarmino Mariano (reforma ou abandono) 28/08/2015.


                            Foto: Belarmino Mariano (reforma ou abandono) 28/08/2015.


                              Foto: Belarmino Mariano (reforma ou abandono) 28/08/2015.


 A questão aqui é que os grupos políticos se juntam, se aliam para a conquista do poder. Depois que conseguem atingir seus objetivos, se desentendem, brigam, romem e abandonam o povo que os elegeu. Nesse caso, precisamos ficar atentos para duas questões chaves. Os dois grupos aos quais esse artigo analisa encontram-se no poder, seja em escala local ou escala estadual. Ambos elegeram o governador, vários deputados, prefeitos e vereadores. O que vemos são os familiares desses grupos, os amigos e os compadrios políticos gerindo os recursos públicos. Não podemos calar diante do abandono e da falta de planejamento com que se encontra o Mercado Público de Guarabira. Hoje, essa reforma é tanto responsabilidade do governo estadual, quanto do governo municipal, pois existem documentos que comprovam o compromisso. Então, ambos façam com que as suas promessas se tornem obra pública de verdade.

Fonte de pesquisa:
http://www.radarnewspb.com/2014/04/vereador-mallaguty-lamenta-atitude-do.html
http://www.ivanfilmagempb.com/2015/04/zenobio-toscano-inaugura-shopping.html
http://www.portalindependente.com/noticias/vernoticia.php?cod=7482

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Quem já ouviu a "estaladeira" de um "partido" de cana pegando fogo?

Foto: http://www.ecodebate.com.br/2013/06/27/mpf-consegue-manter-proibicao-da-queima-da-cana-de-acucar-no-cone-sul-de-ms/



Sexta-feira, 28 de agosto, 06:00h, João Pessoa, Campus I da UFPB, Feira Agroecológica. Afirmação de um feirante e pequeno produtor. "Antigamente não se queimava a cana, hoje se queima, corta-se, depois vem a soca e o mato e o produtor pulveriza o veneno para o mato morrer. O proprietário diz, mas a cana esse ano tá tão fraquinha".
É a adoção de um modelo "degradante", para atender uma agricultura de dimensão maior, que a utilizada para alimentar engenhos e a produção de rapadura e aguardente. A queimada esteriliza e impede que a palha da cana se incorpore ao solo, através da decomposição natural.
Some-se a isso, a utilização indiscriminada de agrotóxicos, de fertilizantes industrializados e de herbicidas.
Já ouvi um caboclo afirmar que o fogo na cana, só se apaga com fogo, ou seja tem que se fazer um "aceiro" e colocar fogo no sentido contrário para encontrar o primeiro.
Quem já ouviu a "estaladeira" de um "partido" de cana pegando fogo, comente.
Notas:
1 - O termo "veneno" foi mencionado pelo feirante e corresponde a herbicida;
2 - utilizei a palavra "partido" para denominar o que geralmente se chama de canavial, pois na minha região, Alagoa Nova e Areia - PB, as palavras "partido de cana" são mais comuns ou mais utilizadas; e,
3 - Por curiosidade, acrescento que no plantio se utiliza pedaços ou segmentos de cana, com aproximadamente 30 ou 50 centímetros, com alguns "olhos", que chamávamos de " bandeira".

Fonte: José Francisco de M Borges - jframenbo@gmail.com - www.facebook.com/alagoa.novense
Foto:  http://www.ecodebate.com.br/2013/06/27/mpf-consegue-manter-proibicao-da-queima-da-cana-de-acucar-no-cone-sul-de-ms/
postado no face de Emilia Moreira

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Trevo de Mangabeira por 25 milhões?

Trevo de Mangabeira, por que tão caro?


Fonte: http://www.pbagora.com.br/27/08/2015. Henrique Lima.

Por Belarmino Mariano Neto


A obra ainda não esta totalmente concluída, mas vai ser inaugurada em pedaços. O seu valor, R$: cerce de 25 milhões de reais, segundo o próprio governo, esse foi o preço da obra e com recursos públicos da Paraíba, solo urbano público, significa dizer que não se comprou terreno, geralmente um dos itens mais caros em se tratando de solo urbano, nesse caso também quase não ocorreram as tão caras desapropriações de terra e imóveis para demolição. Mas a obra custará aos cofres públicos, R$: 25 milhões, se considerarmos o entorno do trevo, pois o próprio governo anunciou que asfaltou várias ruas adjacentes.
Entre o projeto executado e a market digital exposto abaixo, existem algumas diferenças gritantes como identificou o blogueiro Suetoni Souto, a partir da análise critica feita por arquitetos de João Pesso,

O projeto original, com a quatro alças em questão
Fonte: http://blogs.jornaldaparaiba.com.br/suetoni/2015/08/30/trevo-das-mangabeiras-bonitinho-mas-ordinario-dizem-arquitetos/

Essa é imagem de como seria o trevo, mas como vemos na imagem anterior, faltam as alças 3 e 4, além de sérios problemas para os pedestres, pois a passarela ficou na via central e quando passarem pelo piso superior, não terão como atravessar a ruas, sem ter que disputar espaço com os automóveis em movimento, pois estão em uma via expressa, sem paradas obrigatórias. Nas laterais onde seriam as alças 3 e 4, existe apenas calçadas. Se o motorista vindo dos Bancários para o José Américo quiser, ele terá que entrar por dentro do bairro Jardim cidade Universitária, passando por vias bem estreitas para conseguir acesso as principais. Isso caracteriza um verdadeiro "acochambrado" diante de uma obras tão cara e necessária ao urbanismo local.
Segundo o blog PB Agora - Política (27/08/2015), a grande atração para a inauguração, será o cantor e compositor Flávio José. Quanto custará esse show, depois o Diário Oficial dirá a todos. Recentemente o governo gastou uma significativa quantia com a inauguração do Teatro Pedra do Reino, no Centro de Convenções Poeta Ronaldo Cunha Lima, na Praia da Penha.
Em postagem do jornalista Helder Moura, Recentemente, em sua rede social o poeta Ed Porto disse:
“(O Governo Ricardo Coutinho) Não tem grana pro Festival de Inverno de Areia nem pro Caminhos do Frio, mas tem pra Zélia (Duncan)”, que vem para a inauguração do Teatro A Pedra do Reino, anunciada pelo governador, com um investimento de… R$ 60 milhões. Foi o desabafo (no Facebook) do poeta Ed Porto, para quem um show de Zélia e Maria Juliana não sai por menos de R$ 30 mil. O poeta indaga ainda: “Não seria mais socialista 10 teatros com 288 poltronas ou um pouco mais (ao custo de R$ 6 milhões cada um) em 10 cidades paraibanas?” O Teatro A Pedra do Reino terá 2.880 lugares, e está localizado nas instalações do Centro de Convenções Ronaldo Cunha Lima. A inauguração está prevista para o dia 5 de agosto. 
Confira texto integral de Ed Porto, que tem como título Teatro Ostentação: https://goo.gl/s5eKQ0
Não estamos aqui questionando a importância das obras, que estão para atender aos necessários anseios da sociedade, mas apenas refletindo essa situação simples. O argumento do governo é de que diante da crise não foi possível investir nos festivais de Areia e Caminhos do Frio, que aconteceram agora no mês de julho/agosto, na Região do Brejo, eventos que atraem muitos turistas e onde faltaram atrações, por falta de apoio do governo estadual, através das suas secretarias de Cultura e de Turismo. Mas, em menos de um mês, são contratados artistas de renome nacional para inaugurar obras inacabadas. Quanto aos valores das obras, cabe a reflexão de cada um dos leitores, pois diante das crises, quando as obras se avolumam aos milhões e milhões de reais a gente pode ficar a se perguntar: Tudo isso mesmo?
Enquanto isso cidades polo como Guarabira, ainda não receberam uma obra de grande vulto para a importância política, econômica, cultural e social. Aqui se espera por, pelo menos umas 500 casas populares, um hospital de traumas, uma maternidade com atendimento pediátrico, uma escola técnica estadual, uma obra de mobilidade urbana para desafogar o transito vindo de diversas cidades e que circulam por dentro de Guarabira, além da ampliação da Universidade Estadual, pois já foi colocado no Orçamento democrático, desda a sua primeira audiência publica, ainda no primeiro mandato do governador. Nessa brincadeirinha, já se passaram cinco anos do governo, restam apenas 3 aninhos e 4 meses. A gente fica a se perguntar só isso mesmo?

Fontes:

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Professor Belarmino (PSOL) aparece com 6, 55% das intenções de voto em enquete.






                                                      Prof. Belarmino (Belo).


Por: Elton John (Diretor Regional - Sindicato dos Servidores da CAGEPA/Brejo.).


O Professor Belarmino (PSOL), aparece pela primeira vez em ENQUETE realizada pelo blog ManchetePB, para prefeito de Guarabira e surpreende, com um índice percentual de 6,55% das intenções de votos. O PSOL é um partido declaradamente de esquerda e de oposição tanto ao governo municipal do PSDB, quanto ao governo estadual do PSB. A surpresa maior é que o prof. Belo como é conhecido, ficou na frente de nomes bem conhecidos da política local como: Josa da Padaria (3,78%); Fátima Paulino (5, 29%); Léa Toscano (1,51%), além dos votos nulos (4,3%). O mais interessante é que estes outros nomes já foram prefeitos e vice prefeitos de Guarabira, por pelo menos dois mandatos. 

 Outra surpresa foi a situação do atual Prefeito de Guarabira, Zenóbio Toscano (PSDB), pois é uma das figuras políticas mais conhecida da região, e mesmo ficando na frente, obteve apenas 109 votos, o que representou apenas 27,46% das intenções de votos. Se ele é o atual prefeito, significa dizer que a enquete aponta uma grande insatisfação em relação ao seu atual governo municipal, pois para uma primeira pesquisa de opinião, o favorito se encontra em uma péssima situação política, talvez reflexos da má administração que realiza na atualidade. Guarabira está se tornando conhecida como uma cidade aos moldes das cidades indianas, pois já existe um caos no transito, animais vivem soltos no meio das ruas e o lixo, o mato e a poluição dos rios já atingem níveis preocupantes. Obras inacabadas se espalham por vários pontos da cidade, que começa a ser conhecida como  "Guarabira esburacada" .
O empresário João Rafael, também muito conhecido ficou em segundo lugar na enquete, mas também amargou uma baixa pontuação de apenas 22,92% das intenções de votos. Como empresário,  Ex-Suplente de Senador e aliado direto do governador Ricardo Coutinho e pré-candidatura lançada a mais de 120 dias, parece que ainda não caiu na simpatia dos eleitores internautas.
Situação que também não foi diferente para o Secretário Executivo de Comunicação do governo do Estado da Paraíba, quase todos os dias dá uma entrevista nas rádios locais, sempre aparece nas redes sociais tentando impulsionar o governo de R.C., mas na enquete só obteve 17,13% das intenções de votos entre os internautas. até por que o radialista Célio Alves é muito conhecido nos meios de comunicação e nas redes sociais, esta responsável pela máquina do estado aqui na região, influenciando tanto em Guarabira, quanto em todos os municípios da região.
Dentro da mesma perspectiva, o Ex-governador Roberto Paulino (PMDB), também não apresentou bom desempenho de intenções de votos, atingindo apenas o percentual de 11,34% das intenções dos internautas. claro que essa é uma primeira enquete das muitas que ainda virão. Outro ponto a ser considerado é que o eleitorado de Roberto Paulino esta mais inserido nas classes populares e em muitos casos não acessam o sistema da blogosfera.
Os organizadores da "ENQUETE iniciada pelo ManchetePB , informaram que se trata de uma sondagem sem caráter de pesquisa eleitoral e se baseia em comentários nos veículos de comunicação e bastidores da política local para elencar os nomes, colocando-os como opções para o voto".
Se fizermos uma rápida análise desses resultados preliminares, podemos dizer que a população de Guarabira que acessou o blog: ManchetePB , enquanto internautas que acompanham a política local, demonstraram que ainda existe muita indecisão, pois nenhum candidato se mostrou preferido pela grande maioria dos participantes. Vale destacar que o menos conhecido entre os nome é do professor Belarmino, pois seu nome só começou a ser ventilado como pré-candidato a prefeito, depois do dia 1º de agosto, quando ele se filiou ao PSOL de Guarabira, e diante da crescente insatisfação popular pelos políticos que já passaram pela prefeitura e pouco fizeram, o nome do professor Belo poderá crescer nestas pesquisas de opinião.
Veja o resultado completo.
resultado de enquete

Guarabira: O que Eu faço aqui?

Foto: Belarmino, fonte: facebook, 2015.

Por: Belarmino Mariano Neto

O que Eu faço aqui?



Agora em agosto fez 15 anos que estou em Guarabira. No começo, cheguei aqui a convite de dois amigos da Biologia e História para fazermos uma bizurada no Teatro Geraldo Averga. no primeiro sábado, nosso carro quebrou na descida da ladeira de Mari/Guarabira. Ficamos jogando Sinuca e comendo um bom tira gosto de galinha com feijão verde, pois havíamos perdido a hora da chegada. Depois de horas tentando contato de um local auto e sem sinais de telefonia, só conseguidos dizer do ocorrido, na volta para casa.
Então remarcamos para o outro sábado. então, conseguimos chegar em Guarabira e fizemos a nossa para as turmas de 3º ano, na época do Colégio Santo Antônio Positivo. Os contatos foram muito bons e terminei sendo convidado para vir dar aulas aqui. Confesso que não era meu proposito naquele momento, pois estava com meus dias cheios, entre três escolas privadas de João Pessoa. Mas, os profs. Júlio e Nildo, diretores, me fizeram uma boa proposta, diria que inaceitável para quem gostava de aventuras.
Confesso que anos antes já havia feito de teatro de rua, ao lado de companheiros como Ademir Leal BatistaSilvania Rodrigues Nunes,Pedro Francisco da Silva, Orlandio e muitos outros agitadores culturais, do extinto grupo de teatro "Gota Serena". Lembro bem que na época havíamos nos hospedado na casa da companheira Fatinha, no bairro do Nordeste II.
Tempos bons, contados com caleidoscópios, pela primeira vez, contato com utopias de um teatro para os oprimidos, contatos imediatos com a ideia de discos voadores, serra da jurema, serra das antenas de rádio, contatos imediatos de 3º grau com a ideia de universo bilo-galáxia. Nessa época, confesso que fiquei apaixonado pela cidade, pela ideia de morar em lugares tranquilos como esse. lembro que o grupo de teatro era muito coeso e andávamos de braços dados, cantando pelas ruas vazias de finais de semana. 
As vezes encontrávamos pessoas bem vestidas, com as bíblias nas mãos, eram famílias e amigos indo para os cultos evangélicos, ou fazendo seus trabalhos de evangelizar, de salvar almas, pescadores de almas. Nosso movimento teatro também era engajado, tínhamos compromisso político com as transformações sociais, éramos utopicamente petistas, meio que ligados as pastorais (da criança, da juventude, operária, etc), numa época em que a Igreja da Libertação era muito forte nessas terras do Agreste e Brejo. Dom Marcelo estava vivinho em folhas. Eita como a memória é coisa muito boa mesmo. Me plantei em Guarabira nesse período, e nunca imaginei que anos depois viveria e trabalharia aqui. Que me casaria e teria duas filhas lindas nessa terra da luz e do sol forte.
Essa segunda entrada pelas terras de Guarabira me aproximou de uma escola extremamente animada com a ideia de vestibular, de aprovação, de cursinho e sonhos juvenis. Foi um resto de ano, muito animador, pois lançamos um desafio para os alunos de geografia. fazer um trabalho de campo em três dias para os sertões da Paraíba. Eles toparam e ampliamos o projeto com os professores de história, letras e biologia. Nessa fase novos amigos, foi aí que conheci melhor a professora Francy (História); Joseilton (História), entre outros. Lembro bem que dessa expedição e do trabalho coletivo das três turmas dos terceiros anos, subimos o pico do Jabre, conhecemos os grandes açudes do Sertão, o calor de Patos e o vale dos dinossauros (Sousa), na volta, conseguimos um saldo de 48 aprovados em diferentes vestibulares, uma das maiores marcas da escola em um único ano.
Lembro que nessa nova época, os velhos amigos estavam vivendo outros carnavais, estavam vivendo outras histórias e o teatro já estava em outros planos. Apenas Ademir Leal Batista, continuava fazendo algumas esquetes teatrais. Nesses tempos também conheci outros "malucos da cidade", tipo Raminho Talibã, Soraya AyresJoseilton GomesMichellinne Souza MaiaLeledo Uma Voz Cidadã,Bebeto ETássiaAlexandre MocaCleoma M Toscano HenriquesLevi LobãoBejamim CarlosAlighieri DamiãoJoel CavalcanteValnir MenesesAngelucio FabiãoAmarildo H. Lucena (adorava me alimentar em seu restaurante e/ou soparia). Também reencontrei velhos amigos da arte, como Artur Silva, Matuzalem, Márcio Balbino Cavalcante, entre outros.
No ano de 2001, ocorreu um concurso para professores da UEPB, com vagas para Campina Grande e Guarabira. Não tive dúvidas, mesmo sabendo que Campina representava maiores atrativos acadêmicos, optei pelo espaço das emoções, das percepções juvenis e o locus onde com certeza havia muito mais trabalho na área de Geografia, com suas questões agrárias, ambientais, culturais, políticas, entre outras. Aqui na fase de UEPB, novos e velhos amigos, Luciene ArrudaJoão Andrade, Amarildo H. Lucena, Tânia Maria Dos Santos CavalcanteLutelcia de PaivaMarcelo Luiz FrançaÉzio Rubis SoaresBerg GinúJoana Andrade, Ana Gloria MarinhoAletheia Stedile Belizário, Heitor ToscanoHenrique ToscanoHaroldo QueirogaJuarez NogueiraMonica GuedesJosé Otávio SilvaVanusa Valerio, Carlos Belarmino, Vanilda, Marilene, Paulo Lima, Edvaldo Carlos De LimaAmanda Arruda, Amabli, Claudio Luis Clarinha MeloNeide Tavares Elias Melo, entre tantos/as outros/as.
As pessoas, com as quais compartilho a vida, o trabalho e os sonhos nessa terra da luz. Aqui não estou querendo citar os nomes dos amigos estudantes, pois são centenas e até milhares, se considerarmos a escala em todos os lugares da grande Guarabira e região.
Também fiquei impressionado como existem Belarminos por essas terras, primeiramente por conhecer e me tornar amigo de um irmão, talvez primo, Carlos Belarmino, aquele que acredita em Ciências e em vida para além da terra, aquele que como Kant, defende o transcendental, como algo ao nosso alcance. aqui mesmo temos muitos exemplos de belarminos, de Guarabira a Cuitegi e de Cuitegi aos vales do Curimataú e Brejo. Aqui encontrei aqueles que gostam de estudar as famílias e vimos o quanto o BEL-ARMINO se relaciona como os bárbaros fabricantes de armas, aqueles guerreiros da Ásia Menor, entre a Europa e o Oriente, provavelmente vindos das tribos dos ARMÊNIOS, entrando na Europa cristã, pelas rotas da seda, das especiarias e dos perfumes do oriente. Hoje estamos nas Américas, chegamos ao Nordeste brasileiro. Não sei ao certo, mas aqui encontrei meu sobrenome pelos lugares, encontrei belarminos no Mutirão, no bairro novo, no centro de Guarabira, encontrei belarminos no cordeiro, no bairro do Nordeste e no Clóvis Bezerra, em Bananeiras, em Solânea e até em Araruna tem belarminos. Isso reforça uma identidade também familiar pela terra.
Sempre fico a lembrar que nasci no Vale do Pajeú, em pernambuco, no Angico Torto, fazenda de gado, com engenho de rapadura e agricultura no sistema morador, como bem estudou a Guarabirense Emília de Rodat, minha grande orientadora na UFPB, a qual chamo carinhosamente de minha "mãe intelectual". Nasci em Itapetim e sou filhos de dois paraibanos do Cariri (Gessi Costa e Mariano Belarmino), então apelo para a teoria de sistemas e digo que a serra da Borborema é a nossa grande mãe de terra, de rocha, pois dessas terras a gente tira o alimento de cada dia. Das mãos dos agricultores a gente come o feijão verde e a fava, a gente come o guandu e as deliciosas bananas, que aqui a gente ainda compra no cacho. Foi assim que cheguei em Guarabira, uma especie de volta as serras da Borborema, na outra ponta de onde Eu havia nascido.
Foi aqui em Guarabira que conheci minha nova companheira Erica Mariano, vinda de Rio Tinto e que já se tornou uma Guarabirense, pois gerou nesse chão nossas duas amadas filhas (Brenda e Luísa). Como lembro dos seus desejos por umbu, cajá e por comer aquele pirão ou aquela buchada de bode, que só dona Né da chã do bodeiro consegue fazer. Confesso que foi uma ex-aluna e entre a ideia de uma orientação e outra, nossos olhares se entrecruzaram para uma nova vida, pois ambos já vinhamos de outros casamentos do passado.
Passei a viver Guarabira, trabalhar nessas serras da Borborema, nesses pés de monte, como esclarece a minha grande amiga Luciene Arruda, esses vales acachoeirados como Ouricuri, Poço Escuro e Roncador. Essas depressões, ocupadas por pequenas e médias cidades, cheia de problemas, cheia de in/completitudes, mas também cheia de muita gente boa, gente simples, gente que gosta de bons pratos caseiros, como a famosa galinha de capoeira da Chã do Bodeiro, ou os sabores do campo de dona Maria Das Graças Silva, ou o restaurante escondidinho de Dona Leila e sua família. Quem não gosta de ir ao SAMPA, ou ao Mistura Fina, ao Restaurante do Bega, entre tantos outros. O Pé de porco e aquele almoço caseiro, a Padaria Guarabirense e as conversas políticas, a padaria cristal ou a Pão de mel e seus pães deliciosos. Quem nunca foi em seu Tofó comprar uma banda de bode ou de carneiro, com seu facão afiado e o jeito guarabirense de comerciante local?
Quando a gente se torna professor de um lugar como Guarabira, a gente passa a conviver com alunos dos mais recônditos lugares, pois a UEPB em Guarabira, atrai estudantes de no mínimo umas cinquenta cidades diferentes, além dos maravilhosos estudantes vindos dos sítios e/ou da zona rural, pois esses apresentam em suas experiências, casos de vida, que ninguém mais possuí. O jeito de falar e um pensamento ainda no que Kant chamaria de Razão pura. Isso é maravilho para pessoas que atinam para o "paradigma indiciário". Aqui pude conviver com ex-alunos que agora são companheiros de profissão, como André Silva, Leandro Paiva do Monte, Diego Irineu, Ana Carla, Ikdeda, Sharlene, Raquelzinha, Joseilton Moreira e tantos outros, que em nome desses citados, gostaria de saudar com muita felicidade, pois temos grandes exemplos que vão de Alagoa Grande (terra de Margarida e Jackson do Pandeiro), passando por Alagoinha e Mulungu (terra do nosso grande e jovem William Santos, in memorian), indo paras as terras de Sapé, Mari, Araçagi, Itapororoca, Mamanguape, Rio Tinto, Jacaraú, Lagoa de Dentro, Duas Estradas, Sertãozinho, Serra da Raiz, terra de Dr. Antônio Cavalcante, passando por Caiçara, logradouro, Pirpirituba, Belém, Dona Inés, Tacima, Araruna, Riachão, Bananeiras, Solânea, Borborema, Remígio e até Arara, Serraria e Cacimba de Dentro. Vejam que não falei das dezenas de cidades do vizinho Rio Grande do Norte, pois muitos são nossos alunos também. Estes estudantes são nosso grande referencial, nosso leme para que possamos pensar em uma ensino público, gratuito e de qualidade.
Aqui a gente conhece as pessoas pelo nome, aqui os rostos são simbiose, nas ruas, nas praças, nas lojas e no portão da escola. Se você vai na igreja, encontra conhecidos e amigos, se é convida ao culto, também encontrará conhecidos e amigos. Aqui você ver cenas incríveis. Confesso que o mais hilário nesses anos, foi chegar na Guaramóveis, em época de São João, uma senhora comprava um liquidificador, para terminar as pamonhas e outras comidas de milho. Ela estava com cabelo e palha de milho espalhadas pela roupa, mas isso não importa. O que me marcou foi a dona da loja, negociando com ela, pois o aparelho de liquidificar custava um valor bem acima do dinheiro que havia trazido e se não me engano, lhe faltava uns 15 reais para completar. Dona Nita disse, tire a nota, venda o liquidificador, depois a senhora vem e pago o resto, vá terminar suas pamonhas. Pensei, que Capitalismo é esse? Me imaginei no Shopping Manaíra, comprando algo nessas condições. Aí entendi o quanto é prazeroso viver em cidades pequenas, ter amigos e conhecidos, por onde a gente passa.

Seria injusto deixar de fora uma das feiras camponesas com misturas da globalização por todos os lugares, mas ainda como uma das maiores feiras livres do Nordeste, Guarabira, concentra todos os sábados, milhares de pessoas em um território marcado por mangaios, frutas verduras legumes e um amontoados de mercadorias e pessoas. Sempre uso esse lugar, essa paisagem em minhas aulas de geografia e já orientei vários trabalhos de conclusão de curso sobre esse universo geográfico da feira d Guarabira, a mesma feira que já atraiu para cá um dos mais eminente antropólogo do nosso país, Mauro William Almeida, da Unicamp, em sua pesquisa para Mestrado sobre o Cordel do Nordeste brasileiro. Isso sim, tive a felicidade de conhecer e fazer meu seminário de tese com ele e, quando soube que eu trabalhava em Guarabira, ficou encantado, pois trouxe para si, as memórias de pesquisador, pois viveu alguns dias em Guarabira e ficou fascinado como aqui existia um significativo parque gráfico e uma relevante produção de cordel. A pergunta que não nos deixa calar: Para onde foi essa rica cultura, pois restam ainda alguns vendedores de cordel, mas não na mesma proporção.
Acho que aqui, estamos mais perto da vida, e por que não dizer, perto da morte também, pois as lojas mortuárias estão na principal avenida da cidade, a gente passa na porta das lojas de caixão todos os dias. Da vida e da morte, pois vez por outra, quando um amigo morre, a gente segue o cortejo a pé. 

Aqui a vida acontece, mesmo que o tempo seja o mesmo em qualquer lugar do mundo, esse tempo-espaço, quando vivido, em suas particularidades do lugar, deve ser redimensionado ao ritmo de cada um. Vejo minhas crianças e elas identificam os lugares e as pessoas. Elas criam suas próprias identidades, suas próprias referencias do lugar. Nesses 15 anos, tenho a plena clareza de que aqui vivo uma vida muito mais sadia do que viveria em qualquer outro grande lugar. Isso é o que Eu faço aqui em Guarabira.