quarta-feira, 24 de abril de 2024

Guarabira, uma Cidade Sem Mobilidade Urbana.

Por Belarmino Mariano.
Existe uma expressão popular sobre algo ser "atravessado feito kool de calango". Aqui em Guarabira é o "tipo da coisa", se você trafegar pelo centro da cidade, mais especificamente nas quatro ou cinco avenidas centrais, encontrará um asfalto renovado, faixas pintadas e excelente sinalização, mas ao se afastar um metro desse centro, o que encontra é faixa apagada e buraco por todos os lados. Acredito que tem mais buracos e asfalto estourado do que mobilidade.
Aqui na cidade temos até poste no meio da rua, no trecho próximo ao Colégio Executivo, além de ruas completamente sem calçamento, que ainda lembram distrito da zona rural.
Quebra-mola é outro grande problema, você não vai encontrar um padrão mínimo de quebra-molas, pois temos, desde verdadeiros meio-fios até montanhas russas, se passando por quebra-mola, pois existem trechos que em 100 metros você encontra três quebra-molas.
Aí se a gente junta buraco, asfalto estourado e quebra-molas, quando você escapa de um, cai no outro e segue, sendo obrigado a fazer um "zig-zag da qota serena".
Mas esse é um ano eleitoral e provavelmente, o que não foi feito em 8 ou 10 anos, será feito em 5 meses, ligeirinho e, se o povo for besta, vai ser engalobado de novo.
Vale salientar que estamos chegando aos 12 anos de uma gestão com o mesmo grupo político, em que existe apenas um rodízio de cadeiras e o descaso continua.
Outra estranheza sobre mobilidade urbana em Guarabira é que não vemos nenhuma política ou planejamento que possam mitigar os crescentes e cumulativos problemas.
Aqui em Guarabira, onde deveríamos ter um grande cruzamento com sinais de trânsito, foram construídos obstáculos para automóveis e pessoas, com uma grande roda ao centro e muretas impedindo a livre circulação de transeuntes e automóveis.
Aí, na mesma linha do cruzamento foi instalado um sinal de trânsito para pedestres e logo em seguida uma rotatória, dessa vez circular. Aí quando você escapa do sinal de pedestre caí na rotatória e ai, ao fazer o giro, cai novamente no outro sinal de perdeste, do outro lado da avenida.
Isso é uma coisa de doido, mas é doido, doido, doido mesmo. Pois quando você consegue chegar do outro lado da avenida, que acha que vai desenvolver uma segunda marcha, aparece um novo sinal de pedestres e em menos de 100 metros outro sinal de pedestres.
Não acho que não sejam importantes os sinais de pedestres, mas o problema é sabermos que alguém quis "fazer um giro e fez um giral", isso tudo no maior cruzamento da cidade, local de mercado público, feira livre e muitas lojas. Diria que no coração da cidade, temos esse quiproquó infeliz. 
Agora imagine isso tudo em um sábado de feira durante a manhã? É um verdadeiro "Deus nos acuda"! Tu é doido, doido! Aqui não existe mobilidade urbana, no sentido estreito da palavra e muito menos no sentido latus. 
Agora, placas de trânsito tem por peste. Aqui se você fosse contar as placas de trânsito, se perderia nos primeiros 100 metros. Já cheguei a contar 3 placas de proibido parar em menos de 50 metros.
Aqui em Guarabira, as três coisas que mais tem são: farmácia, ótica e placas de trânsito. Parece até que quase todo mundo é cego, doente e sem educação para o trânsito.
Outro trecho do centro que sempre engafa é a área entre o Teatro Antônio Sobreira e o Colégio da Luz, em especy, nos horários de entrada e saida dos estudantes. Esse é um gargalo sem jeito, pois não foram criadas alternativas de mobilidade nessa área.
Outro absurdo da imobilidade transitória é o absurdo das ruas em que, você segue em uma mão e de repente, não pode seguir mais, sendo obrigado a pegar outra rua paralela para seguir seu roteiro. Isso acontece literalmente no centro da cidade.
A falta de mobilidade urbana é tão grande que a última vez que a cidade recebeu asfalto em suas ruas foi em 2010, ainda na gestão da ex-prefeita Fátima Paulino (PMDB). De lá prá cá, apenas as ruas do centro tiveram asfalto renovado. O resto da cidade, parece tábua de pirulito.
Para piorar a situação, o atual gestor instalou um semáforo na rodovia PB-O73, chegando no trecho para o Shopping Cidade Luz, onde uma rotatória resolveria o problema, agora temos engarrafamento constante e a parada obrigatória, durante todo o dia e parte da noite.
Indo na direção dos bairros faz vergonha transitar em Guarabira e para piorar ainda mais, essa semana foi instalado um novo sinal de trânsito no cruzamento da linha de trem desativado em décadas. "Já estão chamando o Sinal do Trem Fantasma", pois lá existe um vazamento de água que perdura por uns seis anos, a velha linha abandonada e verdadeiras crateras por todos os lados. 
A Avenida Prefeito Manoel Lordão, na esquina com o Colégio Antenor Navarro, uma das mais esburacadas da cidade, pois têm mais remendo do que lona de "Circo Tomara que não Chova". Também temos a antiga estação de trem, outro local completamente abandonado pelo pide público.
Digo sem medo de errar, aí nesse cruzamento, caberia uma pequena rotatória, estilo um pináculo, muito comum em Páris. Pois temos uma principal e duas ruas pouco movimentadas. Local, além da buraqueira já existe um quebra-molas, seguido de mais dois.
Então, esse novo sinal indica que você trava a mobilidade das pessoas durante todo o dia e parte da noite. Você fica parado, esperando quatro sinais cruzados, para poder passar. Depois das 08:00 horas e das 18:30 horas, você fica sozinho, esperando o trem fantasma passar, para poder seguir sua viagem em paz.
Ou seja, esses sinais tem uma utilidade de basicamente 02:00 horas por dia e parte da noite. O resto é de completa imobilidade e gasto de recursos públicos.
Não tenho nada contra uma boa sinalização, mas acredito que seria muito bom, fazer um planejamento, levantar estatísticas e escolher o melhor jeito.
Nesse caso, uma pequena rotatória, com um pináculo ao centro e uma bandeira de Guarabira faria muito mais efeito e não obrigaria as pessoas a perderem tempo e gasolina. Poderia inslar uma obra de arte de algum artista local, poderia instalar um relógio e termômetro. 
Faz pena saber que essa falta de mobilidade é pura incapacidade técnica dos atuais gestores dessa cidade pólo. E pensar que já foi comparada a Páris.
Acredito que seria mais urgente, se o gestor tivesse feito uma rotatória entre a PB-056, Estação de Tratamento de Esgoto da Cagepa, Conjunto Habitacional Lucas Porpino e a entrada da cidade, pelo acesso para a Av. prefeito Manoel Lordão. Ali sim é um perigo constante e nas laterais abandonadas, se concentra lixão clandestino, esgoto estourado e buracos.
Nestes últimos 12 anos, a única intervenção para melhorar a mobilidade urbana de Guarabira foi a alça rodoviária feita no governo de Ricardo Coutinho, ligando a rodovia PB-056, na altura do abatedouro da Guaraves, ligando a PB-073, na direção de Purpirituba e Belém, tirando o trânsito pesado de dentro da cidade de Guarabira.
Os administradores de Guarabira gastam com o que não precisa e deixam o que precisa completamente ao abandono. Essa avenida Prefeito Manoel Lordão e o trecho da Estação de Esgoto, precisaria muito de tapa buraco e asfalto do que de um sinal de trânsito.
Por Belarmino Mariano.
Imgens do Portal Belezas de Guarabira e Estações do Estado da Paraíba.

segunda-feira, 22 de abril de 2024

O Deputado *Luiz Couto - PT,* destinou um montante de R$ 100.000,00 (Cem Mil Reais) para Atenção Básica em Saúde de Guarabira.

Por Edna Teodósio.

O Deputado *Luiz Couto - PT,* destinou um montante de R$ 100.000,00 (Cem Mil Reais) - Emenda de Individual para custear serviços de Atenção Básica em Saúde de Guarabira. 
Ofício comunicando a Emenda, foi entregue na tarde de ontem (01/04) por Edna Teodosio, da Assessoria, à Secretária municipal de saúde, Sra. Harlane Herculano Marinho.
Na ocasião, a secretária lembrou que o Deputado, pela segunda vez, no atual mandato, colabora com a saúde do município e agradeceu em nome da população.
Além dessa emenda, o Deputado Luiz Couto (PT), conseguiu mais recursos para a região e equipamentos como um trator de esteira para o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Mulungu, com assinatura de todos os trâmites para a liberação desse importante equipamento.


domingo, 21 de abril de 2024

O Flamengo Bota Mais Gente no Maracanã do que Bolsonaro em Copacabana!

Por Belarmino Mariano.
"Uma imagem diz mais do que mil palavras". É simples assim. Duas vezes por semana o Rubro-Negro mobiliza em média, 55 mil torcedores para o Maracanã. 
Aos domingos sempre ultrapassa os 60 mil, com maioria esmagadora de flamenguistas. Em apenas 20 partidas, foram mobilizados cerca de 1 milhão, dos 44 milhões de flamenguistas.
Em Copacabana, lugar do ex-presidente, com ônibus financiados e o pastor das trevas bancando ataques antidemocráticos contra o STF e, segundo estatísticas, por contrastes, o ato fake pró "Liberdade de Expressão", com fortes ataques o Estado Democrático de Direitos, juntou cerca de 25 mil pessoas. 
Vale lembrar que foi abertamente um ato de campanha eleitoral antecipada, com vários políticos que são pré-candidatos a vereadores e prefeitos da região.
A imagem do Maracanã lotada é uma constante, a torcida magnética não para um segundo e em todos os estádios em que o Flamengo joga, quando os ingressos são totalmente liberados para os flamenguistas, temos a "casa cheia".
A análise comparativa é muito boa, pois diferente da política que temos, basicamente, duas ou três forças políticas se opondo umas as outras, no Brasil, o clubismo futebolístico, conta com no mínimo 20 grandes clubes, disputando quem é mais popular. 
Em vários anos, independente do campeonato em disputa, se o campeonato Carioca ou o Brasileirão, o Flamengo sempre lota o Maracanã. Esse é um bom parâmetro, pois o Estádio tem capacidade para cerca de 75 mil torcedores. Existe o controle das entradas, então ali temos um resultado estatístico correto. Então é uma excelente escala comparativa, para medirmos outras aglomerações.
Lembrar que esse não é um fenômeno recente, desde a década de 1960, quando existiam as gerais em pé, o Flamengo já chegou a colocar mais de 160 mil torcedores no Maraca, daí a expressão: "o Maraca é nosso"!
Em 2019, para comemorar a libertadores, o Centro do Rio, reuniu cerca de três milhões de flamenguista. Só para comparar melhor e dizer, que ontem o presidente do Vasco reclamava que no jogo Fluminense 2 x 1 Vasco, o Maracanã estava quase vazio. Isso é outro parâmetro para Copacabana, que literalmente, cabe milhões de pessoas, mas o fracasso de público é o descrédito nestes falsários.
Esse ato político-partidário claramente golpista, que ocorreu neste domingo (21/04) em uma Copacabana ensolarada, com imagem ao meio-dia, transmitida pelo canal do pastor mala e retransmitido pelo uol, deixou claro que foi uma filmagem em ângulo fechado, para dá uma ideia de maior aglomeração, mas um simples zoom, veremos os buracos de vazios, além de uma limitada faixa de público.
Digo mais, o público concentrado em Copacabana neste domingo, só elege um vereador da cidade do Rio de Janeiro e com dificuldade. Em suma, podemos decretar que, apesar de muita propaganda e fake news, o evento do novo bezerro de ouro, foi um fracasso total.
E nem adianta usar imagens do passado, pois agora tinha no ato, as famosas e paradoxais bandeiras de Israel, nas mãos dos Crentes. Alguém precisa dizer para eles que os judeus nunca foram e nem serão cristãos, até foram os mandantes da morte de Jesus e o consideram um falso profeta.
Por Belarmino Mariano. Imagens das redes sociais.

quarta-feira, 10 de abril de 2024

A Mãe, a Filha e o Primeiro Voto

Por Belarmino Mariano
Hoje fui ao Cartório Eleitoral com minha garota para ela fazer o título eleitoral. Tudo bem organizado, fichas de espera e muitos jovens se preparando para o primeiro voto. Pude notar assessores políticos, acompanhando alguns desses jovens, num claro assédio eleitoral.
Enquanto esperávamos a vez, chamaram o número 30. Era minha filha. Ficou em uma cabine recuada do público. Não dava para ouvir, mas vi sua assinatura eletrônica e o flash da fotografia.
O cartório eleitoral não é grande e na primeira fileira de atendimento, ouvíamos os servidores perguntando os dados dos jovens e preenchendo as fichas.
Notei que tinha duas jovens gêmeas que já estavam sendo atendidas com as fichas 28 e 29. Aí a mãe explicou que era o mesmo endereço e repassou o papel da conta de água para a outra funcionária.
Em uma cadeira frontal, observei uma mãe e sua filha, conversando baixinho. A garota usava óculos de grau leve e armação fina, em aço. 
Eram duas mulheres negras de cabelos longos e bonitos . Enquanto conversavam, a filha olha para mãe com aquele olhar doce, de carinho e admiração.
Acho que esse amor de mãe e filha é um dos mais belos.
Sua ficha era a 32 e foi chamada para seu primeiro título, então fiquei observando qual seria sua resposta para o quesito identidade étnica. Ela respondeu com ar de orgulho que era negra. A atendente perguntou se ela se sentia quilombola, ela respondeu que não, que era da cidade mesmo. Isso me fez pensar em ser quilombola, não apenas no sentido do território, pois nossas cidades, por concentrar muitas populações negras, em alguns casos urbanos, lembram quilombos.
Pensei o quanto é fundamental a educação, o seu reconhecimento identitário em ser uma jovem negra, e a democracia nossa de cada dia é o que está em jogo.
Como é triste vermos o racismo estrutural, a misoginia, o preconceito as populações LGBTQUA+ e os ataques golpistas ao Estado Democrático de Direito. 
Espero que os jovens se conscientizem e votem para que a gente consiga avançar e fortalecer as nossas instituições e os os interesses populares.
Digo isso, pois vejo que as mulheres e negros, são a grande maioria do eleitorado e, estão sendo assediadas como nunca.
Minha filha, graças a nossa formação, é uma mulher livre e de pensamento crítico. Desejo o mesmo para essa nova leva de jovens que já votam ou que vão votar pela primeira vez.
Nós, filhas e filhos da classe trabalhadora, não podemos nos iludir com o discurso bonito dos representantes das elites golpistas, nem podemos cair no conto do vigarista que virá comprar o nosso voto.
Por Belarmino Mariano. Imagem ilustrativa, extraída das redes sociais.

segunda-feira, 8 de abril de 2024

"Léa Toscano (UB), Entre Vitórias, Derrotas e Gritos de Já Ganhou!"

Por Belarmino Mariano.

Existe um ditado popular sofisticado que diz: "não podemos contar com o ovo na cloaca da galinha", quem melhor sabe disso é o empresário do ramo da avicultura, que em Guarabira é um forte setor.
o mesmo vale para uma partida de futebol,  para a política e para as pessoas que estão esperando um benefício financeiro, nada de contar com o que ainda não tem. Só é gol quando o juiz confirma e só pode dizer que ganhou quando a partida acabou. 
O político só pode dizer que ganhou, quando o último voto for computador e acabar com as chances matemáticas de vitória do adversário. 
Mas alguns políticos e seus correligionários, sempre tentam criar uma onda que já ganhou e, às vezes, nem é o candidato em si, mas os babões e puxa-sacos de plantão. 
Em muitos casos, as disputas eleitorais nem começaram, nem as chapas estão inscritas, mas já tem gente fazendo apostas, bradando aos quatro cantos que fulano está garantido.
Nos bastidores da política guarabirense, alguns grupos políticos já estão dando a vitória como certa. Um dos nomes mais citados como vitória garantida é a pré-candidata Léa Toscano, que saiu do PSDB e foi para o União Brasil.
Pesquisando o quadro político de Guarabira, Léa já disputou quatro eleições para prefeita, tendo sido derrotada duas vezes, a primeira para Jáder Pimentel (PDT), entre 1993 a 1996, por 95 votos e a segunda para Fátima Paulino, que foi prefeita entre (2005 e 2012), pelo PMDB. Talvez, na época, as vitórias eram dadas como certas.
Depois foi eleita e reeleita (1997 a 2004), pelo PMDB, tendo derrotado o médico  Aluísio Paredes e depois Beto Meirelles (PFL). Vale ressaltar que nas duas vitórias, Léa contou com o apoio do grupo Paulino, que na época ainda não era rompido com os Toscanos.
Em 2001, ainda no cargo de prefeita, rompeu com o PMDB e se filiou ao PSDB. Esse rompimento impacta a política de Guarabira até os dias atuais, com a grande rivalidade entre os Paulinos e Toscanos e talvez, um dos motivos do nosso grande atraso municipal.
Na disputa de 2008, Léa perdeu a eleição para Fátima Paulino (PMDB), que obteve uma vitória esmagadora com quase  1.280 votos de vantagem.
Léa vai para sua quinta disputa de prefeita e, aos 74 anos, já passou por quatro partidos (PMDB, PSDB, PSB e agora União Brasil). Foi deputada estadual (PSB), mas antes mesmo de terminar o mandato rompeu relações com o partido.
Atualmente é Secretária do atual prefeito Marcos Diogo, que tem um elevado índice de rejeição e reprovação em sua gestão, pois Guarabira vive uma profunda depressão administrativa, para não dizermos caótica ao quadrado.
O grupo Toscano está no poder político de Guarabira há quase 22 anos (1983/1988; 1997/2000; 2001/2004 e 2013/2016, 2017 a 2020), destes, estarão completando os últimos 12 anos seguidos no poder, pois com o falecimento de Zenóbio, Marcos Diogo, apoiado por Léa e Camila Toscano, deram continuidade a administração de Guarabira.
Entre Zenóbio e Léa, com 22 anos de poder, é a família com mais mandatos políticos em Guarabira e isso é uma prática tipicamente oligarca, em que um grupo se encastela no poder a todo custo.
A família Toscano ultrapassou a família Pimentel, que obteve 20 anos de mandatos (maioria como interventores). O grupo Toscano, já ultrapassou a família Paulino, que contou com 12 anos no controle da prefeitura guarabirense.
Para concluir, sigo com outro ditado popular, "quando a farinha é pouca, meu pirão primeiro". Parece que a sede de poder é tão grande, que ninguém quer largar "o osso" ou o controle das contas do município. Porque será?
A realidade política e a história política são muito importantes, para quem desconhece os fatos vai uma dica, só cante vitória depois das urnas apuradas e decretado o vitorioso. 
O povo de Guarabira, principalmente aquelas pessoas que ficam caladas, que não botam bandeira para ninguém, podem estar cansadas, estão observando, estão vendo tudo e em toda política, sempre temos alguns surpresas.
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Por Belarmino Mariano. Imagem das redes sociais (Jornal da Paraíba).
Fontes: 
Blog de Martinho Alves, Portal da PMG, Portal Mídia, Fato a Fato e Guarabira 50 Graus.


domingo, 7 de abril de 2024

Igreja Evangélica das Mulheres Vestidas de Preto

Por Belarmino Mariano.

O local era uma esquina da avenida Tambiá, entre o centro e o Bairro do Roger, em João Pessoa, Paraíba. Em um casarão estilo neoclássico se encontrava o pomposo prédio da Igreja Cristã Nobilis (ICN), em letreiro azul e como símbolos, a estrela de Davi e um coração vermelho, alusivo ao Sagrado Coração de Jesus.
A expressão Nobilis me chamou atenção, pois lembrava marca de uísque, vinho, papel tolha e chá de chachês.
Lembrei até dos gases nobres, das camadas superiores da atmosfera, em pleno céu azul e também me veio à mente a camomila que em árabe, significa "athemis nobilis".
Mas estava diante de uma igreja cujo significado tinha sua origem no latim, com destaque para a ideia de nobre, notável e superior. O termo também compreendia a ideia de fidalgo, ilustre e honrado. 
Por se tratar de uma Casa do Filho de Deus, pude imaginar que em todos os sentidos, significados e simbologia da palavra, se aplicavam muito bem. 
Achei estranha aquela mistura teológica do Coração de Jesus com a Estrela de Israel, pois os judeus sempre consideram Jesus Cristo como um falso profeta e não como o filho de Deus, mas quem sou para tentar interpretar os novos signos da teologia cristã?
Mas onde entram as mulheres de preto e qual a relação com aquele Templo? Foi um sonho daqueles pesados que aconteceram às três da madrugada, em um grau de detalhes que você lembra de quase tudo ao acordar. A rua, as casas, as calçadas, os automóveis e os transeuntes em seus caminhares.
A calçada do Templo religioso era toda com fragmentos de mármore e símbolos da estrela de Davi em fragmentos de granito com o coração em quartzo rosa, encaixados, formavam um mosaico em ladrilho perfeito.
Ao longo de toda a calçada existiam cones de trânsito e fitas plásticas em cores amarelo e preto, alertando para as pessoas passarem pelo percurso guiado, meio que nos obrigando a irmos de encontro àquelas mulheres de preto.
Não havia nenhum aparente perigo, pois as mulheres estavam todas em longos vestidos pretos, com lenços pretos com finos bordados todos iguais e bíblia nas mãos.
Na medida em que a gente pisava naquela calçada, elas pegavam em nossos braços e tentavam nos puxar para dentro da igreja, nos convencendo de que iriam orar para nos afastar dos demônios invisíveis que nos rodeavam.
Naquele momento me vi diante de um assédio físico profundo, como se meu corpo estivesse sendo violado e a minha alma dilacerada, diante de uma força descomunal e o que parecia um sonho neo expressionista, foi se transformando em pesadelo pós surrealista macabro.
Consegui escapar dos braços de uma das mulheres, enquanto as outras tentavam me segurar e era como se meu corpo não tivesse tanta força ou estava meio anestesiado.
A duras penas, consegui sair dos braços daquelas mulheres de preto, mas vi algumas pessoas sendo arrastadas para dentro do Templo. 
Quando saía dos limites da calçada e dos cones com as fitas, um homem de paletó preto, com um broche da estrela de Israel na lapela, uma bíblia e um revólver nas mãos, tentava me alcançar aos gritos de "pare, pare se não altiro"!!!
Nesse momento, enquanto tentava correr como se estivesse em câmara lenta, olhei para trás e percebi que a arma era uma réplica e tinha na ponta do cano um plástico vermelho.
De repente parei bruscamente e me choquei contra ele, e aos gritos de pavor e indignação, gritei: "-atire, atire, atire"!!!, naquele momento acordei assustado e aliviado, respirei fundo e saí daquele transe sonhático.
Belarmino Mariano (Contos Dominicais). Fotografia de Luisa Mariano .

quarta-feira, 3 de abril de 2024

GUARABIRA - Governador João Azevedo Conseguiu Triplicar a Base Política do PSB e Caminha Para Unificar a Oposição Local

Por Belarmino Mariano.
Depois de filiar mais de 73 novos prefeitos e seis vices em toda a Paraíba, o governador João Azevedo, veio com força total para Guarabira a cidade mais importante da região e que se encontra órfã de administração pública, devido a péssima gestão do atual prefeito. O PSB de Guarabira será um partido triplicado, tendo atraído, ex-politicos do PDT, Cidadania, PSDB , MDB e outros partidos. Com um evento que durou mais de três horas, o PSB de Guarabira ampliou toda sua base local.
Na noite do dia 03 de abril o PSB, partido do Governador João Azevedo, se reuniu na Câmara de Vereadores de Guarabira para anunciar seu novo diretório municipal e o evento foi transmitido ao vivo pela TV Mídia, com tradutores de libras.
O Deputado Federal Gervásio Maia ao lado do Secretário Tibério Limeira, além de outras autoridades estaduais e de municípios vizinhos, fizeram falas de demonstração de obras e emendas para Guarabira, UEPB, IFPB, Hospital Regional, Vila Olímpica e obras na  região.
No encontro do PSB de Guarabira estiveram reunidos três candidatos a deputados estaduais: Ramon Menezes, Célio Alves e Renato Meireles, que somaram mais de 9 mil votos em Guarabira na última eleição.
Nas novas fileiras do PSB de Guarabira se filiaram o Dr. Teotônio Assunção(ex-PDT) e sua esposa, a Suplente de Vereadora 
Neide de Teotônio, ex-PDT; 
ex-vereadora Rosana Emídio, o Vereador Ramon Menezes, ex-MDB, o Vereador Renato Meireles (ex-Cidadania); Marcos de Enoque, a Suplente de Vereadora Adriana de Severo, ex-Cidadania, o ex-presidente do Instituto de Previdência de Guarabira Jeremias Cavalcanti (ex-PSDB),  Carlos Eduardo (ex-PSDB), Alex do Mutirão (ex-PDT), Zé  do Empenho,  entre outros líderes locais como: Suplemente de Vereador Severino Costa (Bica) e 
Vereador Josa da Padaria, que retornaram ao PSB.
O vice-prefeito Dr. Wellington Oliveira (ex-PSDB), assumiu a direção provisória do PSB de Guarabira e como Vice-presidente Roberto Meireles (PSB). Dr. Wellington rompeu com o atual prefeito Marcos Diogo (PSDB), por discordar de uma administração que, depois da Morte de Zenóbio, "o atual prefeito simplesmente abandonou o trabalho e deixou a cidade em completo atraso".
Estiveram presentes os vereadores do Republicanos Nal Fernandes (ex-MDB), além de uma juventude e militância aguerrida que lotou a Câmara, ao ponto de muitos ficarem na parte de fora do prédio.
Em uma demonstração de unidade das oposições. Gervásio Maia destacou a política do governo Lula e seu Vice-Presidente Geraldo Alckmin, membro do PSB nacional, que junto com o governador João Azevedo do PSB da Paraíba e com a união das oposições em Guarabira poderá derrotar a situação de atrasos vividos em  Guarabira.
A Suplente de Vereadora Neide de Teotônio, demonstrou com muita alegria que estava se filiando ao PSB, pois perdeu a última eleição por conte de dous votos, mas o povo já lhe pediu para voltar a política e por isso será candidata, pois seus projetos mudaram a Câmara e os servidores da casa. Por isso, vai voltar a ser candidata e agora por um partido comprometido com políticas públicas.
Os representantes Célio Alves e Renato Meireles foram duros na crítica de oposição ao atual prefeito que, segundo eles, abandonou a cidade, a feira livre, o mercado público, as ruas esburacadas e os servidores públicos abandonados, como foi o caso dos agentes públicos de limpeza, entre outros.
Resumindo esse encontro, os novos quadros políticos que aderiram ao PSB, em especial as possíveis candidatas mulheres, poderão dar uma grande contribuição para a política de Guarabira, bem como, as novas lideranças ao exemplo de Ramon Menezes (ex-MDB), e dos quadros políticos experientes que se filiaram ao PSB.
Esse encontro aponta que o governador João Azevedo, aposta em uma nova política para Guarabira e isso só depende de uma unidade política da oposição. Ninguém ganha eleições antes dos votos contados e do resultado anunciado. 
Se temos um prefeito de situação com tanta reprovação da população, basta o povo ligar as pontas para saber que não dá para continuar com esse grupo no poder. Não basta mudar o nome do prefeito e continuar o grupo político que é responsável direto pelo desastre administrativo em Guarabira.
A democracia serve antes de mais nada, para renovar a politica, pois a atual gestão não dá mais. Guarabira precisa de um prefeito que esteja no mesmo campo político do governo Lula(PT)/Alckmin(PSB) e de João Azevedo (PSB).
O Secretário Tibério Limeira, destacou que esse foi o maior ato de filiação de um partido em Guarabira e a nova presidência do PSB, ao vice-prefeito Dr. Wellington é a demonstração de confiança para essa importante missão que é unir as oposições para um projeto vitorioso.
Tibério destacou as diversas obras do governador João Azevedo, como a ampliação do Hospital Regional, melhorias de acesso ao IFPB, UEPB, manutenção da UPA 24 Horas, Vila Olímpica, entre outras.
O jovem Vereador Ramon Menezes foi aclamado pela juventude socialista e pelos presentes, em um forte sentimento de renovação da política local.
Destacou que a sua vinda para o PSB era para um projeto político maior, de unir a oposição, pois Guarabira precisa apostar em um novo e ousado projeto de gestão da coisa pública, pois o povo está cansado de promessas e propagandas vazias. 
Seu nome está a disposição do PSB para somar e unir forças para o bem de Guarabira, assim como foi com o governador João Azevedo, que ninguém conhecia, nas vem se tornando em um dos melhores governadores que o Estado já teve.
Para finalizar o encontro, o Governador João Azevedo, enviou uma mensagem de vídeo, destacando as diversas obras do seu governo, já destacada pelos políticos que lhe antecederam.
Dr. Welington de Oliveira destacou as mais de três horas de evento e afirmou que #GuarabiraPode+, saudou as autoridades presentes e destacou a força das mulheres com sua esposa, Adriana de Severo, Neide de Teotônio e Rosa Emídio, pois a mulheres na política fazem toda a diferença. Josa da Padaria, Bica, Teotônio, Célio Alves, Alex do Mutirão, Leo Marinho, Zé do Empenho, Nal Fernandes, Beto Meireles, Raminho Talibã, Alberto Montóia, Jeremias Cavalcanti, Carlos Eduardo e tantos outros que vinheram unir forças ao lado do governador João Azevedo. 
Dr. Wellington disse o papel da verdade sobre o total abandono da cidade e di campo pelo. atual gestor que, escanteiou seu grupo político e por isso foi para o campo da oposição.
Com os atuais filiados, o PSB caminha para fazer a maior bancade de vereadores e vereadoras de Guarabira. Pous syas bases são populares e unidas pidem fazer muito mais.
Belarmino Mariano, imagem de A União e redes sociais.

Quando o Amor Vira Pó e Poesia Concreta

Por Belarmino Mariano.
Era uma daquelas matérias sensacionalistas que são destaque do Jornal do Cidade. Na capa e em letras garrafais, a reportagem destacava: "Mulher faz uma coluna de concreto para colocar as cinzas do amado falecido". Parece que nem a morte os separa.
O casal estava construindo sua segunda casa em uma das orlas de São Paulo, a casa de veraneio já estava bem adiantada na Ponta da Praia, um lote comprado no litoral santista com as economias da vida.
Depois da morte do marido e com as cinzas em um jarro funerário da família, Dona Eulália Matias Freitas resolveu homenagear o esposo instalando uma coluna de concreto na quina frontal da casa em construção. 
Diferente de outras pessoas que jogam as cinzas fúnebres ao mar, rio ou montanhas, que usam para regar as flores no jardim, ela quis fazer diferente.
Era uma casa rústica e a coluna ficou com 7 metros de altura por 1 metro de circunferência. O material escolhido foi o tijolo refratário rústico.
Dentro da estrutura mandou colocar um emaranhado de ferros grossos de 12 mm para sustentar o concreto e, em cada meio metro, quatro pontas dos vergalhões de 18 mm saem da coluna, cerca de 25 centímetros, sempre apontando para a exata direção dos pontos cardeais, colaterais e subcolaterais, dando uma imagem externa de radiais concêntricas.
Com o tempo, a oxidação criou uma camada de ferrugem que escorreu pela coluna como em uma chuva ácida registrada ao longo dos dias e noites, dizendo sem dizer, sobre a passagem natural das coisas.
Na altura dos 4,5 metros, ela deixou uma abertura no tijolo e colocou uma pequena cripta de vidro brindado com as cinzas do marido, sempre a vista.
Terminada a obra arquitetônica, aquela coluna era o destaque da casa e dava a ideia de uma coluna de um castelo abandonado ou boeira de forno, mas não existia a entrada ou saída para fumaça, pois era uma coluna preenchida por ferro e concreto.
A obra destoava das construções vizinhas e sempre gerava curiosidade para os transeuntes, pois alguém sempre sabia a história e comentava ser uma espécie de mausoléu ou túmulo fora do cemitério.
Muitos curiosos que não sabiam da história, sempre faziam fotografias e selfies no local. Essa construção imagética é um novo conceito para o ser humano e sua relação com a morte. 
Mas não é nada tão grandioso quando o Taj Mahal, o mausoléu que foi construído entre os anos de 1632 e 1653 pelo imperador Shah Jahan, em homenagem à sua falecida.
Com a sua aposentadoria, aquela segunda casa, virou a moradia permanente de Dona Eulália, ficando junto dos restos mortais do seu amado que já havia voltado ao pó. Ele era o pó que estava prisioneiro de um amor efêmero, porém concretamente eterno.
Por Belarmino Mariano. Imagens das redes sociais.

segunda-feira, 1 de abril de 2024

O SERTANEJO POR ACASO

Por Belarmino Mariano.
Tudo tem uma causa, nada acontece por acaso. Será?
O acaso, o vazio e o nada sempre me fascinaram. Para meus córregos de pensamentos, formam um trivium de possibilidades.
O acaso é meu predileto desafio filosófico, desde que entrei para o mundo da ciência, pois na teima em procurar as certezas e entre os princípios elementares aparece a Casualidade, impedindo que o acaso encontre sustentação.
Mas dentre as novas teorias, surgiram as teorias da incerteza, do caos e da complexidade que utilizam o princípio do acaso como possibilidade argumentativa, em especial para a física quântica. Então é interessante usar também para o cotidiano.
Diante dos nossos olhos, um velho sertanejo faz seu cigarro de palha de milho e fumo de rolo, como se fosse uma fotografia que congelou um instante entre seus dedos.
Ele tem traços caucasianos e nazarenos, seu bigode lembra homens dos anos de 1930 aos anos de 1980. 
Sua pele em rugas, queimada do Sol e suas mãos envelhecidas denotam um sexagenário bem vivido, entre a lida no campo e o cuidado com o gado.
Sua roupa surrada e de cores cinza e ocre, lembram a terra fértil onde produz seu milho e outros alimentos. 
Na cabeça, um chapéu de massa de cor marrom dá o tom camponês a sua imagem e um clássico chapéu que só é usado em ocasiões especiais.
Seu sapatênis preto e também surrado indicam uma cena contemporânea, porém todo o conjunto da obra é pura soleira de uma modernidade arcaica.
Sentado em um tamborete velho, e sobre o acento uma almofada de tecido e espuma, surrada e deformada, dão um leve conforto ao corpo em estado de ócio.
Ao seu lado, um fogão de lenha, feito com cimento queimado e pó xadrez vermelho, dão o tom de uma cor forte e rudimentar.
O fogão de lenha com uma tremp de ferro fundido e três furos, sustenta velhas panelas de alumínio, além de uma chaleira de café.
O fogão de lenha é a mais pura geografia de um fogão do Sertão nordestino, de engenharia artesanal que guarda todos os traços de cozinhas humildes, para o preparo sagrado dos alimentos camponeses.
Ao lado das lenhas que queimam, palhas e sabugos de milho, são a matéria prima para acender o fogo de todas as manhãs.
Um cafezinho quente, forte e adoçado com raspa de rapadura já está pegando o ponto, esperando  apenas o ilusório nada de um cigarro em construção.
A arte já está instalada e todos os arranjos de uma cozinha sertaneja demarcam um universo completo e de multiplas relaçoes.
O velho homem em seu tamborete velho, apenas amassa a palha de milho para seu cigarro artesanal.
A palha é para enrolar fumo de rolo que, depois de pronto será acesso com um tição de lenha fina. Será queimado suavemente para nas longas tragadas, gerar os deleites do velho camponês.
Das suas tragadas profundas nascerão luzes e sombras para o desconhecido mundo dos invisíveis cristais.
Nos vazios criados entre a fumaça rodopiante e seu cérebro, entranhas do nada e o nada passa a existir, onde nada existe.
Esse é o velho Ramiro Apolinário de Sousa, 87 anos bem vividos. Agricultor e vaqueiro do Vale do Pajeú das flores. 
Um homem calmo e de pouca prosa, montador e amansador de mula brava e botador de cangas em cabras e bodes.
Nasceu e se criou no interior de Pernambuco e suas viagens nunca passaram das 20 léguas. Nunca abandonou sua terra e olhe que já pegou seca braba, daquelas que acabou tudo que sua família tinha.
O velho Ramiro era filho da Geminiano Apolinário de Sousa e sua mãe era Inácia Maria Avelar de Sousa. Gente humilde, de pouca terra e pequeno rebanho.
Olhando para o velho Ramiro, enquanto ele amaciava a palha do milho, lhe indaguei sobre o que ele pensava enquanto preparava o seu cigarro.
Ele disse que sempre pensava no quanto a vida era incerta e imperfeita, que as vezes duvidava da existência de Deus.
Lembrava que mesmo sendo um homem calmo ele já tinha matado um cabra metido a valente que havia se atravessado em seu caminho. Que esse era seu "maior arrependimento, mas era ele ou eu".
Ficava pensando sobre o desconhecido, sobre a sina de ser sertanejo e de ter nascido ali naquele vale seco, rodeado de pedras e serras por todos os lados.
Para ele, aquele momento de fazer um cigarro de palha e tomar um café amargo era como relembrar das amarguras da vida, dos coices de burras chucras e das ovelhas desgarradas nos dentes da cobra cascavel.
Ali perguntei do que ele gostava, se tinha vontade de sair daquele lugar para ganhar o "mundão do meu deus"?
Ele levantou a cabeça e disse que ali era o seu lugar, aquela terra seca, pedregosa, salina e espinosa tinha lhe gerado para ser dali e dali nunca sair.
Sobre gostar, ele disse que gostava de tudo, mas o cheiro da chuva e o cheiro da rapadura quando ainda estava apurando era o que mais gostava. 
Também gostava de cavalgar pela caatinga brava, sair quebrando o marmeleiro fino nos peitos do cavalo para sentir o cheiro do mato, pois lembrava do tempo que era moço e das morenas que já tinha namorado, em noites de novena, forró e luar do Sertão.
Disse que gostava de se perder entre as serras nos fins de tarde, só pra ver o vermelhão do mundo, escondendo o sol entre as nuvens e os montes.
Ali arriava do cavalo e ascendia um cigarro de fumo forte, só para apreciar aquela aliança de fogo incendiando as nuvens como um candieiro queimava a escuridão da noite. 
Via o vento carregando a fumaça do cigarro e imaginava que não era nada, naquela imensidão vazia, naquela banda de céu que apagava o sol e na mesma hora ia acendendo as estrelas no firmamento.
Disse que nunca teve vontade de sair, mas quando saía com uma tropa de burros e umas cabeças de gado vendido, que cavalgava de Serra Talhada até Belo Jardim, apreciva a viagem. Mas nunca foi mais longe do que isso. 
Uma vez, disse que foi até Texeira e Taperoá na Paraíba, umas serras bonitas, uns prados bons de criação, mas viu que era uma coisa só, um mundão bom para quem estava acostumado com aquela lida do interior.
Aí disse que gostava muito de viver sossegado, de sentar na sua cozinha, na beira do fogão de lenha e fazer aquilo que estava fazendo. 
Gostava daquela vida simples, daquele cheiro de café coado, daquele cheiro de lenha queimada e de fumar aquele cigarro, enquanto via a fumaça rodopiando no ar.
Aquela era a sua vida e não queria perder o restinho que ainda lhe restava, mesmo que não tivesse certeza de nada, já tinha curado todos os arranhões e espinhadas que a vida lhe dera. 
Acordava para a lida, ter um café forte para beber e cigarro de palha para fumar já era bom demais.
Por Belarmino Mariano. Imagem das redes sociais.