Por: Belarmino Mariano Neto
A conta é bem simples, como 367 deputados golpistas, comandados por um corrupto e réu no Supremo, podem valer por 54 milhões de brasileiros? Digo mais, desses 367, pelo menos 300 são citados em operações de corrupção, se elegeram com compra de votos, pois são filhos e netos de políticos corruptos e golpistas.
De uma coisa eu gostei, pude pela primeira vez na historia do Brasil, ver a cara de uns trezentos golpistas, corruptos e mal caráter juntos. Reunidos e usando o nome de Deus em vão. Vi que ali estavam defendendo os interesses de suas famílias e dos seus comparsas. Vi evangélicos defendendo corruptos como Cunha e Temer, batendo no peito e dizendo que estavam votando contra a democracia, pois se 300 podem impedir de governar quem teve 54 milhões de votos, essa democracia burguesa, não nos representa.
"Amanhã será outro dia..." (Chico Buarque). Nenhum golpista passará impune, Nenhum golpista será perdoado pela história. A democracia será maior e mais forte. A luta pela democracia deve ser feita todos os dias, todas as horas. Quando ela for ameaçada, estaremos na luta.
Vejam algumas capas internacionais sobre o golpe no Brasil:
imagem extraída das redes sociais de Lindbergh Farias.
A derrota, quando um jogo é trapaceado, não é uma derrota justa. Vitória quando se faz injustamente, fica com um sabor de vitória amarga. Esse não é o sabor do Brasil, esse não é sabor dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros/as, que trabalham os dias, por um país mais justo e mais igualitário. Esse é o sabor amargo dos golpistas que são patrocinados pela corrupção e pela mídia também golpista.
Vi como os parlamentares golpistas, parlaram sem fundamento político, sem base legal. O golpe deflagrado nesse dia 17 de abril, vale como pedagogia política. Vimos as elites dominantes com ódio na face pelas sucessivas derrotas políticas dos últimos 12 anos. Vimos na cara dos velhos e viciados deputados, que já estão naquela casa por cinco dez mandatos. Vimos também cara de filhos e netos de famílias oligarcas que enganam o povo e se elegem exatamente para práticas golpistas como essa.
Alguns daqueles senhores, seus filhos e netos agem como em uma escola política de raposas e aves de rapina. Farsistas, dissimulados, falando de suas esposas, filhos e netos, usando os votos comprados em suas bases para justificar sua desfaçatez. Termos como Corrupto descarado, Gangster, Ladrão foram termos usados para quem não tem moral, nem ética para presidir uma casa parlamentar como a Câmara dos Deputados. E Cunha não disse nada, pois sabe muito bem que tudo é exatamente verdade, o que os deputados socialistas lhes imputaram. Se ele não fosse nada disso, pararia a Seção, iria tomar satisfação contra aqueles ataques tão declarados. Mas ele sabe que esta completamente envolvido em corrupção, assim como seus compassas. Uma verdadeira muralha em torno da mesa. Uma mesa de corruptos, uma mesa e uma sessão de golpistas dissimulados e covardes, como disse uma deputada do PCdoB.
Como nos envergonhou ver deputados que estão num partido dito socialista (PSB) e que exatos 29 parlamentares desse partido votaram em favor do golpe. Esses 29 deputados fizeram a exata diferença para que as estratégias de Temer, Cunha e dos golpistas do PSDB, PMDB, DEM, PPS e outros, desse vazão ao clima de vitoria contra a democracia. Seus militantes socialistas devem reagir fortemente para que no senado, não se repita isso. façam as contas e vejam que dos 367 em favor do golpe, 29 foram do PSB, se tivessem seguido a ideologia do socialismo e da democracia de esquerda, antiga tradição do PSB, teria feito toda a diferença (367 - 29 = 338). Com isso o PSB impediria essa fase do golpe.
No PSB temos parlamentares que foram eleitos em nome do socialismo e das esquerdas, mas com esses 29 votos contra a democracia, traíram a ideologia do socialismo e consequentemente traíram as suas histórias, ou apenas usaram a bandeira do socialismo, para golpear a classe proletária. Esperar votos de partidos como o PSD, PP, PR, PV, PSC, PRB em defesa do golpe seria até normal, pois são partidos ideologicamente comprometidos com as elites, com o conservadorismo da direita, bancada evangélica homofóbica, entre outros males. Mesmo assim, dezenas de parlamentares desses partidos votam contra o golpe, em especial aqueles da região Nordeste, pois sabem o quanto essa região e estados, sempre estiveram as margens das políticas públicas. Poderíamos dizer que uma expressiva base do histórico MDB, votou contra o golpe, demonstrando que esse partido é contraditoriamente incoerente, pois todos os problemas do governo, são seus também.
Essa análise não poderá eximir o Partido dos Trabalhadores (PT) de culpa e de erros na condução do processo político e nas escolhas de alianças para governar. Vejamos que o PT nesses 12 anos, para chegar ao poder, abandonou suas históricas bandeiras de luta. bandeiras classistas, bandeira de defesa da classe trabalhadora. Ao optar por alianças com a direita e com alas da extrema direita, teve que fazer concessões muito caras ao povo brasileiro. Governar com o PMDB, com o PP, PR, PTB e com o PSD, entre outros, deu ao PT a oportunidade para ter que conviver com a corrupção, com o fisiologismo e com o entreguismo e dilaceração do Brasil.
Outro erro grave, esteve no cerne da questão política brasileira, muitos anilistas do PT, diante do processo de globalização e de neoliberalismo, passaram a crer que a luta de classes não existia mais, que a luta de classes havia sido suplantada pelo capitalismo da fluidez, da liquidez e do mercado. Que havia sido dissolvida nos indivíduos e nas massas consumistas, qualquer realidade de luta de classes.
Então, companheiros, analisem friamente, cada voto e cada argumento dos deputados e dos partidos, sejam eles nanicos, ou de grandes bancadas como o PMDB, PSDB, DEM, PSD, PP, PR, PSC, PPS, PROS, SD, PTB. Quase todos os parlamentares desses partidos tomaram uma posição nitidamente classistas. São deputados das elites, são filhos e netos das elites, são velhos e tradicionais políticos que nos seus estados, comando o poder regional há décadas, com corrupção, compra de votos e mandonismo eleitoreiro.
Usaram o PT e o governo até onde puderam, quando perceberam uma atmosfera positiva para o golpe, saíram um a um do governo e já se encostaram em uma nova oportunidade de continuarem sua política de manutenção dos seus interesses de classe dominante.
Agora vamos observar os partidos de origem socialista ou ancorados na democracia de esquerda. O PSOL, o PCdoB, parte do PDT e o próprio PT que foi o principal alvo do golpe político. tentaram resgatar a análise política correta do jogo entre o capital e o trabalho, como preconizou Karl Marx, em meados do século XIX.
Os parlamentares desses partidos de esquerda, seguiram firmes na defesa do estado democrático de direito, na convicta posição em defesa da racionalidade política. Contrários as manobras política de um presidente corrupto e réu no STJ. Dois partidos que se diziam socialistas, que ainda mantém o termo socialismo em suas siglas: PPS e PSB, abandonaram claramente a defesa do proletariado e passaram a compor o jogo de classe da direita golpista.
Cena histórica na plenária da Câmara, extraído das redes sociais de Lindbergh Farias
Sabemos que esse golpe é muito maior do que, querer tirar um governo legitimante eleito pelo voto popular. Essa bancada golpista orquestra rasgar os direitos dos trabalhadores e do povo, com leis de ataque aos direitos dos trabalhadores. É um golpe da classe dominante, orquestrado pelos interesses ultra-neoliberais internacionais, sedentos por maior lucratividade, advinda de processos de privatização de serviços públicos como saúde, educação em todos os níveis, bancos estatais, setor energético, abertura para o grande capital dominar a vida econômica de maneira desenfreada e entreguista.
Esse é um golpe contra a constituição brasileira, pois ao concretizarem o esgarçamento do governo, terão poder para todas as vezes que alguém for eleito democraticamente, poderem usar desse tipo de artificio para roubar do povo o direito democrático de ser maioria. É um golpe do conservadorismo de direita contra os avanços de liberdades humanas. É o velho lema da família, terra e propriedade (FTP). Contra os pobres, os negros, os índios, os homossexuais, contra os agricultores familiares. Em defesa do agronegócio, em defesa dos crimes ambientais e da impunidade diante de crimes praticados pelas elites esse é o papel histórico do golpe.
Esse golpe também foi orquestrado com o aval jurídico e midiático, dois poderes completamente controlados pelas elites dominantes. Vejam mesmo, quantos deputados, filhos e netos que são do Direito. Com fortes relações em diferentes esferas do judiciário brasileiro. Vejam bem como as redes de TV privadas conduziram ou deram cobertura ao evento de votação do impeachment. Estas elites políticas possuem todo tipo de meios de comunicações em seus estados; São rádios, repetidoras de TV, jornais e revistas, grandes portais de internet, entre outros. Concessões públicas de rádio e televisão sempre estão no controle de tradicionais famílias ou empresas completamente envolvidas com as eleições desses parlamentares. Então, fica fácil manipular a opinião pública, expor seletivamente imagens e destorcer os fatos e/ou as informações.
Outro importante dado para análise foi a maneira como agiram os golpistas, em completo desrespeito a constituição presidencialista brasileira, agiram como se estivessem em um regime parlamentarista, em que a fragilidade de um primeiro ministro, em tendo um minoria simples no parlamento, perderia o governo. Imaginem o parlamentarismo no antro de golpistas e corruptos como é o parlamento brasileiro? Certamente, teriam que mudar de ministro todos os meses. Imaginem um Cunha como primeiro ministro? com todos esses crimes nas costas? Imaginem Temer como primeiro ministro, com seu nome citado dezenas de vezes na operação Lava-Jato? Imaginem Temer que é vice-presidente, com toda essa crise econômica, sendo colocada na conta do governo?
Ainda sobre a ideia de parlamentarismo que tentaram exercer nesse dia 17 de abril, em um Brasil de fragilidade dentro da democracia, em que, os interesses das elites dominantes em manter um status quor de mandatária permanente do país. Como ficariam as constantes tentativas de golpes para manutenção do poder, em que usam o judiciário a serviço das causas perdidas, das eleições perdidas e recuperadas no chamado "tapetão da justiça brasileira".
Que parlamentarismo seria esse? Em uma República Federativa, com uma estrutura territorial fragmentada em 5.570 municípios, com 26 Estados e um Distrito Federal, teria que repensar tudo em sua estrutura de poder. Será que estes golpistas estariam mesmo preparados para implantar um parlamentarismo democraticamente funcional?
Tenho plena convicção de que esse parlamento golpista e autoritário não sabem nem como funcionaria de fato o parlamentarismo. Imaginem que o único partido que se diz defender a a democracia social, articulando e combinando golpes políticos parlamentares. Na verdade, o que vimos hoje, em cadeia nacional de TV, foi o quanto é frágil e incoerente o nosso parlamento federal. O quanto usam o poder, apenas para se locupletarem, junto com seus familiares, quase como se ainda estivessem defendendo suas possessões do tempo das capitanias hereditárias e do sistema das sesmarias. Eles não querem reconhecer os 54 milhões de votos da presidente, mas em suas falas agradeciam os seus 50, 60 80 mil votos recebidos os quais estavam representando, desconsiderando que depois de eleitos, estavam ali representando todos os brasileiros. Estavam ali em nome de alguns milhares de pessoas querendo cassar o mandato de quem obteve mais de 54 milhões de brasileiros.
Imagem extraída das redes sociais do PSOL Nacional, 2016.
Como demonstram os movimentos de rua, sejam organizados ou não, temos um gigantesco desafio em defesa da democracia. Nessa luta temos que reafirmar que os golpistas não passarão. Por isso entendo a posição firme e determinada dos parlamentares do PSOL em defesa da democracia. Ivan Valente, Chico Alencar, Jean Wyllys, Glauber Braga e Luíza Erundina, eles são apenas seis deputados, mas foram e serão valentes na defesa da democracia e apontando como a saída pela esquerda, a unica possibilidade contra a crise política direcionada pelos golpistas da direita conservadora. Os seis deputados do PSOL denunciaram claramente a armação do golpe parlamentar. A luta continua, os golpistas não passarão.
Mais um Pouco de História para entendermos os golpistas e o fascismo corrente naquele Congresso:
Imagem extraída das redes sociais - Esquerdizando.
Essas são apenas algumas das várias vítimas de Carlos Alberto Brilhante Ustra, diretor do DOI-CODI, que na ditadura torturava mulheres grávidas e enfiava ratos em suas vaginas. Ele foi um dos torturadores de Dilma Rouseff, e também foi o mesmo homem a ser homenageado por Bolsonaro em seu discurso na votação do Impeachment.
#ForaCunha! #ForaGolpistas! #ForaGloboRecordVejaIstoÉÉpoca! #ADemocraciaVencerá!
Fontes:
https://www.facebook.com/Esquerdizando/photos/a.777939875614044.1073741828.777623242312374/1055447221196640/?type=3&theater
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