sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Da Tipografia ao Cordel abandonados


Por:
Jose Paulo Ribeiro e Belarmino Mariano Neto.

Foto de: JOSÉ ALVES PONTES.
O maior estudioso e colecionador dos folhetos de Cordel, José Paulo Ribeiro, divulgou ontem em sua página de facebook que, "JOSÉ ALVES PONTES, o maior e melhor tipógrafo na história da literatura de folhetos de Guarabira (PB). Infelizmente esquecido pelo memorial do cordel.(Entrevista Sérgio de Castro Pinto, fotos de Ortilo, O Correio das Artes de 24/08/1980)".
Essa é uma das profissões mais marcantes para a nossa região. Temos aqui na atualidade mais de cinco gráficas com equipamentos e maquinários antigos, sendo que algumas se modernizaram e continuam sua produção gráfica, enquanto que outras estão como os "engenhos de fogo morto", muito bem representados em obra romanceada de José Lins do Rego, grande escritor de Pilar.
Aqui em Guarabira a produção de cordel atingiu níveis assustadores, afirmo isso, pois quando estive em São Paulo para estudos de doutoramento na UNICAMP, tive a felicidade de conhecer o Antropólogo Mauro W. Almeida, que nos anos de 1970/80 havia estudado o fenômeno do Cordel no Nordeste Brasileiro. Para ele, que havia visitado importantes cidades nordestinas: Bahia como Feira de Santana, Itabaina em Alagoas, Caruaru em Pernambuco, Mossoró no Rio Grande do Norte, Juazeiro do Norte no Ceará, Campina Grande, Itabaiana e Guarabira na Paraíba. De todas, ele percebeu que o maior parque gráfico de tipografias dedicadas ao Cordel era em Guarabira, pois saía por mês, mais de 600 mil folhetos que abasteciam as centenas de feiras camponesas nordestinas.
Então, Quado o maior estudioso dessa arte em nossa região posta essa belíssima imagem de um dos maiores tipógrafos da nossa região. Fica aqui registrada a sua crítica, em que o trabalho humano é pouco valorizado, se não, abandonado. Essa lógica perversa, a desvalorização das profissões é uma marca registrada das elites que dominam esse país.
Digo isso, pois também me sinto assim, como professor. O professor que é responsável pela formação de todas as outras profissões, passa quase que invisível pela nossa sociedade. Conversava com o amigo e Biólogo Mourão, também professor da UEPB e ele dizia que os meios de comunicação não divulgam quase nada do que se é produzido anualmente pelos professores, seja nas redes ´públicas municipais, estaduais e nas universidades. Os professores só são percebidos quando param as suas atividades para lutarem em defesa de melhores condições de trabalho e de salário. Gritam logo em toda a mídia, professor não pode parar pois é essencial. Se é essencial, por que são tão esquecidos e desvalorizados, até humilhados pelos diferentes governos que assumem o poder nesse país?
Os tipógrafos deram corpo ao cordel, dão corpo aos folhetos de todos os tipos, aos livros que tanto ajudaram a ciência e ao conhecimento humano. um trabalho difícil, de montar uma placa textual, letra por letra, ponto por ponto. Para depois da obra feita, ser totalmente esquecido pela sociedade. Parabéns Paulo José Ribeiro, pela recuperação dessa imagem, para que ela sirva de despertar da memória e da história dos que vivem e trabalham. O Suor do trabalho se torna coletivo em nosso cotidiano e precisa ser valorizado, ser bem pago para que as famílias dos trabalhadores possam viver com dignidade e orgulho pela profissão.


Um comentário:

  1. Prezado professor/Dr. Belarmino Mariano Neto, reli este artigo, que muito bem ilustra nossas ações e olhares sobre a nossa literatura genuína e sua personalidades. De pleno acordo! Isso me faz continuar na produção do Cordel brasileiro e não deixar de olhar pelo retrovisor da História, o quanto seriamos sem estes personagens reais; que foram os tipógrafos e benfeitores da arte do Cordel. Louváveis seus pontos de vista, bem com as preocupações do nosso pesquisador José Paulo Ribeiro, pessoa de merecida referência pela condição citada. Mas, vale dizer, que, exatamente por pessoas como somos, sem falsa modéstia, nem tudo estará perdido. Severino Honorato

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