Por Belarmino Mariano
Hoje vi um pequeno vídeo no Instagram, de um grupo de jovens brasileiros, um turma completa de rapazes e moças do Brasil em uma sala de aula de Medicina privada lá no Paraguai.
Até aí nada de mais, estão lá por livre e espontânea vontade fazendo universidade privada com dinheiro próprio. O Paraguai é país membro do Mercosul e isso é normal em nossas relações.
Mas, seria interessante refletir sobre essa situação, pois não é um caso isolado, todos os anos, centenas e até milhares de jovens brasileiros atravessam as fronteiras do Brasil para fazer medicina e cursos da área de saúde em outros países.
Quando vamos para as estatísticas, o Brasil é o país com mais universidades públicas e privadas da América Latina. Os melhores e mais reconhecidos cursos de medicina e área de saúde do continente. Mesmo assim acontece essa evasão de jovens para estudar fora.
Recentemente as entidades médicas que regulam os cursos do Brasil, divulgaram que pretendem negar autorização para abertura de novos cursos de Medicina, agravando ainda mais esse fenômeno.
Outra situação grave é o preço de uma mensalidade no Brasil para alguém cursar medicina. Entre 7 e 12 mil reais é o custo de uma mensalidade para cursar medicina no Brasil.
No Paraguai, quando você faz a conversão de moedas, a mensalidade fica em 900 e 1.200, reais. No Brasil o preço final de um curso de Medicina é dez vezes mais caro do que no Paraguai. Qual a justificativa razoável para isso?
No ENEM/SISU, os cursos de medicina são os mais concorridos e talvez, aqueles estudantes que não conseguem passar, sendo reprovados e sabendo que não terão condições de pagar em uma universidade privada, terminam buscando os países vizinhos.
Essa é a lógica do mercado capitalista, em que, a saúde é um lucrativo negócio. Mas, muitos desses mesmos jovens defendem a privatização das universidades públicas e dos serviços de saúde.
As instituições reguladoras dos profissionais de saúde são contra o programa "Mais Médicos", do governo Lula e muitos profissionais da saúde, depois de formados só querem atuar nos grandes centros urbanos.
Até quando iremos permitir que essa lógica perversa continue obrigando jovens brasileiros a viver essa situação vergonhosa e humilhante? E aqui nem estamos questionando a qualidade desses cursos, sejam na Bolívia, Paraguai, Uruguai ou Argentina, entre outros países.
Vale registrar que depois que se formam fora do Brasil, ainda terão que realizar uma grande e longa peregrinação as instituições que regulam a profissão para revalidar seus diplomas.
Como Medicina é considerado um curso para as elites, talvez muito se explique a falta de médicos para atender a população das periferias e regiões isoladas do Brasil e o alto custo das mensalidades, afastando o sonho de milhões de jovens pobres de se tornarem médicos e médicas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário