quinta-feira, 8 de setembro de 2022

A Morte de Elizabeth II e Geografia Política do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte

Imagem: nationalgeographicbrasil.com
Por: Belarmino Mariano Neto

O falecimento de um Rei ou Rainha alteram a história de um país e em muitos casos pode revelar novos ares políticos, em especial quando existem crises políticas internas e externas, pois as pressões sociais e os territórios espalhados pelo mundo sentirão o impacto das mudanças.
A Rainha Elizabeth II, era reconhecida internacionalmente como uma líder carismática e popular, mas a Geografia Política precisa levar em conta os processos de disputa política, em especial quando a Monarquia em nível mundial, parece um sistema ultrapassado.
Talvez muitos nem saibam, mas nestes 70 anos de Reinado da Inglaterra e de chefe de Estado do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, a Rainha Elizabeth II, 96 anos, era chefe de Estado em 15 países, espalhados pelos cinco continentes do mundo. Muitos acham que o poder político da Monarquia britânica se limitava aos 4 estados do Reino Unido, precisam saber que, além da Inglaterra, Gales, Escócia e Irlanda do Norte, ainda temos grandes nações que estiveram sob o comando da Rainha Elizabeth II, reconhecidos como Reinos da Comunidade de Nações (Grã-Coroa), entre os quais: Antígua e Barbuda, Austrália, Bahamas, Belize, Canadá, Granada, Jamaica, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, Ilhas Salomão, Santa Lúcia, São Cristóvão e Neves, São Vicente e Granadinas, Tuvalu e Reino Unido (Inglaterra, Gales, Escócia e Irlanda do Norte).
Entre outras áreas espalhadas pelo mundo, apesar de serem pequenos territórios insulares, o Reino Unido ainda controla várias ilhas que podem ser consideradas as últimas colônias britânicas no mundo, entre as quais: Anguilla, Ilhas Cayman, Ilhas Malvinas (disputa com a Argentina), Montserrat, Gilbraltar, Ilhas Pitcairn, Santa Helena, Ilhas Turks e Caicos, Ilhas Virgens Britânicas. Dos mais de 50 territórios que eram controlados colonialmente pela Grã-Bretanha, ainda restam cerca de 25 territórios que estão na linha direta de controle do Reino Unido.
Em 2021, depois de muitos anos de lutas pela libertação, Barbados que era conhecido como a Pequena Inglaterra do Caribe, deixou de fazer parte do território da rainha, após passar por um processo de autonomia e formação de uma República Independente. Esse é apenas um exemplo para o que poderá vir pela frente.
Muitos nem imaginam mais movimentos como de Barbados poderão acontecer em outros territórios. A grande questão da geografia política atual é sabermos se o novo Rei Charles III terá a mesma capacidade política de Elizabeth II (sua mãe), em manter essa unidade politica e territorial que estavam mantidas há séculos.
Uma coisa é certa, todas as vezes que morre um/a monarca, mesmo que exista uma linha natural de sucessão ao trono, o sistema político monárquico é totalmente abalado, pois os interesses políticos, econômicos, sociais e culturais desse modelo arcaico sobrevive graças ao conservadorismo e aos títulos de realiza e nobreza, do que a lógica dos interesses capitalistas e liberais queiram manter intactos.
Basta observar que o Reino Unido ainda é uma concessão política do próprio capitalismo britânico, que gerou uma revolução burguesa e depois industrial em um tempo, em que o mundo colapsava em disputas colônias pelo controle das Américas, África, Oriente Médio, Ásia e Oceania.
O capitalismo industrial, usou o poder da monarquia para expandir seus tentáculos econômicos pelo mundo. Basta lembrar que os Estados Unidos, quando se industrializaram, já eram uma nação independente, liberal e capitalista, consagrada como a primeira República Federativa e presidencialista, entre as ex-colônias britânicas.
Flores para a Rainha Elizabeth II e seus familiares e compatriotas enlutados e, passados os 14 dias de rituais fúnebres, sentiremos o peso das disputas parlamentares, entre conservadores monarquistas, liberais e republicanos democráticas. A morte de Elizabeth, abrirá espaço para as disputas, em grupo de países insatisfeitos com os rumos do Governo e do Estado, com a crise econômica atual, os grandes escândalos reais e dos conservadores no poder, além de situações contraditórias com a saída do Reino Unido da União Europeia.
O outro grande desafio é a Guerra na Ucrânia e a clara posição de capitulação política do Reino Unido aos interesses geopolíticos dos Estados Unidos e da OTAN, com a Federação Russa, sendo fortemente ameaçada, mas respondendo muito rápido aos ataques do Ocidente.
Entre as crises recentes, temos nesse debate a pandemia do covid-19, pois com as debilitações de saúde da rainha, os desmandos do seu ex primeiro ministro Boris Johnson, que caiu recentemente, mas mesmo assim, ainda conseguiu manter a conservadora Liz Truss em seu lugar.
No cargo a apenas 3 dias da morte da Grande Monarca Britânica, será que Liz Truss conseguirá se diferenciar em relação ao ex premier Boris Johnson?
Mesmo que a morte de Elizabeth II não tenha deixado vácuo aparente de poder, pois seu filho Charles assumiu o posto, a political reality é uma outra história e uma das forças reais é a tendência de separatismo e fragmentação territorial e política desse tão amplo aglomerado de países.

LEIA TAMBÉM - Bolsonaro humilha a Rainha do Reino Unido em 22 de junho de 2019. - http://guarabira50graus.blogspot.com/2019/06/bolsonaro-humilha-rainha-do-reino-unido_22.html

Fontes:
https://www.nationalgeographicbrasil.com/historia/2021/11/barbados-finalmente-cortara-lacos-com-a-monarquia-britanica-apos-anos-de-tentativas
https://www.dw.com/pt-br/quem-%C3%A9-liz-truss-a-nova-primeira-ministra-do-reino-unido/a-63026049




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