sábado, 22 de junho de 2019

Bolsonaro humilha a Rainha do Reino Unido

extraído das redes sociais (borapensar).


Por Belarmino Mariano*

Querem me deixar como a rainha da Inglaterra”? Esta foi a expressão usada pelo presidente Jair Bolsonaro, se referindo ao Congresso Nacional e a Lei de indicações dos parlamentares para cargos das agências reguladoras do Estado.
Dois grandes erros do Presidente em uma única frase: 1) esqueceu que é o presidente e que possuí o poder de veto; 2) esqueceu que o Reino Unido é uma Monarquia Parlamentarista, logo, o poder da Rainha da Inglaterra (Reino Unido) é muito grande, tanto para as questões politicas quanto diplomáticas, inclusive de nomeação do Primeiro-Ministro e de toda a sua equipe de governo, coisas que aqui no Brasil, quem define são "as bancadas do boi, da bala e da bíblia".
O presidente do Brasil, em suas relações políticas demonstra profundo despreparo até em suas comparações. Como pode querer comparar República Presidencialista com Monarquia Parlamentarista? O Pior é sabermos que não é a Rainha da Inglaterra, mas do Reino Unido e de pelo menos, mais 15 Estados Nacionais Independentes espalhados por todo o mundo.
A Rainha Elizabeth II, com 93 anos de idade e respeitada em todo o mundo, pela sua capacidade política e diplomática, mas, na expressão de Bolsonaro, pode ter sido considerada incapaz e impotente diante do protagonismo do seu reino. O presidente Bolsonaro quis dizer que a Rainha é apenas uma figurante da vida política britânica?
Essa declaração do presidente Bolsonaro é mais um escândalo diplomático internacional. Humilhante e ultrajante para a soberana do Reino Unido. Mas um vexame internacional e dessa vez contra a mais antiga Monarquia Parlamentarista do Mundo.
Não bastasse querer ensinar a história da Alemanha para os alemães, agora chegou a vez dos britânicos e sua longa linhagem de reis e rainhas e do seu protagonismo político, quando conseguiu manter o sistema monárquico, mas abriu espaço para a revolução liberal burguesa, implantando o Parlamentarismo Monárquico, em que o Rei ou a Rainha são os principais chefes de Estado e governam em parceria com o Parlamento.
O mais grave nessa expressão do presidente Bolsonaro foi não apenas contra a figura da Rainha Elizabeth II, que se diga, não é apenas Rainha da Inglaterra, mas Também da Escócia, Irlanda, País de Gales, quatro unidades territoriais e nacionais que formam o Reino Unido. O mais grave é que o Presidente do Brasil também humilhou mais 15 países que são oficialmente súditos do Reinado de Elizabeth II. Olha aí a Lista presidente Bolsonaro: Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Antigua, Bahamas, Barbados, Belize, Grenada, Ilhas Salomão, Jamaica, Papua, San Kitts, Santa Lucia, São Vicente e Grenadinas e Tuvalu(Folha, 06/02/12).
Senhor Presidente Jair Messias Bolsonaro, a Rainha Elizabeth II é a chefe política e diplomática de todos estes estados nacionais, que mesmos independentes e com seus próprios governos, seguem as orientações da Vossa Majestade.
Presidente Bolsonaro, a lista de atribuições da Rainha do Reino Unido é tão grande que me envergonha em ter que listar apenas algumas aqui para o Senhor:
1) declaração de guerra e celebração de paz;
2) autorizar o uso das forças armadas dentro de seu próprio reino;
3) convocar o Parlamento e dissolvê-lo, escolher o primeiro-ministro e o resto do gabinete de governo;
4) só ela quem pode sancionar os projetos de lei, conceder indulto e graça aos condenados, reconhecer a existência de novos países;
5) assinar tratados internacionais em nome de seu reino;
6) conceder honras (tornar alguém duque, conde, lorde etc). Dito isso, acredito que o senhor selou o destino de não ser recebido mais por ela ou por qualquer um dos países sob os quais ela mantêm respeito e domínio político e diplomático.

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BELARMINO MARIANO NETO é professor de Teoria da Geografia, Geografia Política e Geopolítica pela UEPB, campus III, Guarabira. Doutor em Sociologia (UFPB/UFCG), Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento (UFPB/UEPB) e Graduado em Geografia pela UFPB. Líder do Grupo de Pesquisas Olhares Geográficos - Geografia Cultural e da Percepção/UEPB/PRPGP/CNPq.

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