extraído das redes sociais (borapensar). |
Por
Belarmino Mariano*
“Querem
me deixar como a rainha da Inglaterra”? Esta foi a expressão usada
pelo presidente Jair Bolsonaro, se referindo ao Congresso Nacional e
a Lei de indicações dos parlamentares para cargos das agências
reguladoras do Estado.
Dois
grandes erros do Presidente em uma única frase: 1) esqueceu que é o
presidente e que possuí o poder de veto; 2) esqueceu que o Reino
Unido é uma Monarquia Parlamentarista, logo, o poder da Rainha da
Inglaterra (Reino Unido) é muito grande, tanto para as questões
politicas quanto diplomáticas, inclusive de nomeação do
Primeiro-Ministro e de toda a sua equipe de governo, coisas que aqui no Brasil, quem define são "as bancadas do boi, da bala e da bíblia".
O
presidente do Brasil, em suas relações políticas demonstra
profundo despreparo até em suas comparações. Como pode querer
comparar República Presidencialista com Monarquia Parlamentarista? O
Pior é sabermos que não é a Rainha da Inglaterra, mas do Reino
Unido e de pelo menos, mais 15 Estados Nacionais Independentes
espalhados por todo o mundo.
A
Rainha Elizabeth II, com 93 anos de idade e respeitada em todo o
mundo, pela sua capacidade política e diplomática, mas, na
expressão de Bolsonaro, pode ter sido considerada incapaz e
impotente diante do protagonismo do seu reino. O presidente Bolsonaro
quis dizer que a Rainha é apenas uma figurante da vida política
britânica?
Essa
declaração do presidente Bolsonaro é mais um escândalo
diplomático internacional. Humilhante e ultrajante para a soberana
do Reino Unido. Mas um vexame internacional e dessa vez contra a mais
antiga Monarquia Parlamentarista do Mundo.
Não
bastasse querer ensinar a história da Alemanha para os alemães,
agora chegou a vez dos britânicos e sua longa linhagem de reis e
rainhas e do seu protagonismo político, quando conseguiu manter o
sistema monárquico, mas abriu espaço para a revolução liberal
burguesa, implantando o Parlamentarismo Monárquico, em que o Rei ou
a Rainha são os principais chefes de Estado e governam em parceria
com o Parlamento.
O
mais grave nessa expressão do presidente Bolsonaro foi não apenas
contra a figura da Rainha Elizabeth II, que se diga, não é apenas
Rainha da Inglaterra, mas Também da Escócia, Irlanda, País de
Gales, quatro unidades territoriais e nacionais que formam o Reino
Unido. O mais grave é que o Presidente do Brasil também humilhou
mais 15 países que são oficialmente súditos do Reinado de
Elizabeth II. Olha aí a Lista presidente Bolsonaro: Canadá,
Austrália, Nova Zelândia, Antigua, Bahamas, Barbados, Belize,
Grenada, Ilhas Salomão, Jamaica, Papua, San Kitts, Santa Lucia, São
Vicente e Grenadinas e Tuvalu(Folha, 06/02/12).
Senhor
Presidente Jair Messias Bolsonaro, a Rainha Elizabeth II é a chefe
política e diplomática de todos estes estados nacionais, que mesmos
independentes e com seus próprios governos, seguem as orientações
da Vossa Majestade.
Presidente
Bolsonaro, a lista de atribuições da Rainha do Reino Unido é tão
grande que me envergonha em ter que listar apenas algumas aqui para o
Senhor:
1)
declaração de guerra e celebração de paz;
2)
autorizar o uso das forças armadas dentro de seu próprio reino;
3)
convocar o Parlamento e dissolvê-lo, escolher o primeiro-ministro e
o resto do gabinete de governo;
4)
só ela quem pode sancionar os projetos de lei, conceder indulto e
graça aos condenados, reconhecer a existência de novos países;
5)
assinar tratados internacionais em nome de seu reino;
6)
conceder honras (tornar alguém duque, conde, lorde etc). Dito isso,
acredito que o senhor selou o destino de não ser recebido mais por
ela ou por qualquer um dos países sob os quais ela mantêm respeito
e domínio político e diplomático.
* BELARMINO MARIANO NETO é professor de Teoria da Geografia, Geografia Política e Geopolítica pela UEPB, campus III, Guarabira. Doutor em Sociologia (UFPB/UFCG), Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento (UFPB/UEPB) e Graduado em Geografia pela UFPB. Líder do Grupo de Pesquisas Olhares Geográficos - Geografia Cultural e da Percepção/UEPB/PRPGP/CNPq.
Fontes:
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