sábado, 25 de junho de 2016

Inglaterra e França: Crise do Euro ou da Europa Capitalista?

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Com imagem de: Gazeta Operária, Greve geral em Paris. Maio de 2016.

Por: Belarmino Mariano

A França revela-se em sua pior crise de relações de poder do século XXI. As políticas neoliberais sugeridas por governos britânicos e americanos, por volta da década de 1985, começam a fazer efeito reverso e em uma economia globalizada, como a que vivemos, demonstra que países como a França, com uma estável social-democracia, mas também com princípios socialistas e classistas muito presentes em sua história e em seu cotidiano, demonstram que mexer violentamente em direitos sociais historicamente conquistados, poderá gerar conflitos avassaladores.

O levante operário que acontece atualmente em território francês é reflexo dos violentos ataques aos direitos dos trabalhadores, operários, servidores públicos, aposentados e pensionistas. Todas as camadas sociais assalariadas estão sendo atacadas em seus direitos essenciais. Nesse momento, só existe uma saída, enfrentar a crise capitalista nas ruas, na luta. As greves e mobilizações que ocorrem em todo o país é a mais reveladora situação em que a classe operária ainda é a mesma em todas as partes do mundo, independente do grau de desenvolvimento de uma nação subjugada pelas regras do capital mundial.

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Imagem de: Gazeta Operária, Londres, 23 de junho de 2016.

Na Inglaterra, além da forte crise econômica, o grande dilema e recente que dividiu os britânicos foi o plebiscito sobre a saída do Euro. De acordo com dados da imprensa internacional, aqui compilados do Jornal a Gazeta Operária: 72% dos ingleses foram as urnas, votação histórica, em que, 51, 9% disseram (sim) que o país deve sair da zona do euro, voltando a adotar sua moeda (Libra) e suas próprias regras econômicas, contra 48,1% que (não) queriam mudar as regras do jogo econômico vivido pelo país. Essa situação dividiu o país, bem como os grupos políticos e gerou a queda do primeiro Ministro David Cameron, que defendia a permanência da Inglaterra na zona do Euro.
Ainda de acordo com o Jornal A Gazeta Operária, para entendermos melhor essa profunda crise política e econômica vivida no Reino Unido, a situação é mais grave ainda, pois o Não venceu na Escócia (62,2% a 37,8%) e na Irlanda do Norte (55,7% a 44,3%). Nesse caso, o Sim (51,9% a 48,1%) ocorreu apenas na Inglaterra, abalando as estruturas do poder do Reino Unido como um todo.
Como o Reino Unido era o segundo mais importante país dentro da União Europeia, ainda não sabemos o que poderá acontecer daqui para a frente, mas, já é fatídico que a atual crise econômica atinja de cheio a todos, com fortes impactos sobre potências econômicas como Inglaterra, França e Alemanha, entre outros países da União Europeia.
K. Marx não era nenhum profeta. Todo o seu conhecimento foi pautado em precipícios, teorias, métodos e leis. Alguns criados inclusive por ele próprio. O melhor exemplo é a construção teórico-metodológica do Materialismo-Histórico-Dialético (MHD). Na qual, Marx afirma que devemos partir da realidade histórica e das contradições sociais para entendermos o mundo em que vivemos.
Dito isso observamos que o século XX foi quase todo mantido por teóricos que lutaram para derrubar as análises filosóficas, políticas, econômicas e sociais de Marx, em meio ao Modo de Produção Capitalista. Sistema esse, marcado por profundas desigualdades combinadas. Marx previu que, com os grandes avanços do modo de produção, haveria uma superconcentração de capital, de modo tal, que profundas crises do sistema, afetariam violentamente a classe operária, de maneira que ficaria insustentável, manter o regime de controle ideológico da sociedade. Os conflitos seriam inevitáveis, ao ponto de, processos revolucionários comandados pelo proletariado, poderiam gerar energia revolucionária suficiente para significativas  transforações.
No mundo todo, já estamos percebendo essa crise por dentro do Modo de Produção Capitalista. Agora não estamos mais diante de duas forças antagônicas: burguesia versus proletariado. Agora temos burguesia, proletariado e tecnologia. O mundo globalizado, através das comunicações, revela-se em suas contradições. Expõe quase que instantaneamente  tudo o que esta acontecendo, em diferentes territórios da Terra.
A superprodução industrial britânica, francesa, germânica, chinesa, Japonesa, coreana e americana, repercutem em todo o mundo. A grande concentração de capital, não é compatível com a desaceração econômica em larga escala. As bolsas de valores em tempo @ não dormem mais. O mescado abarrotado de mercadorias, ou a crise econômica que impede o acesso das mesmas, provocam uma onda de incertezas em todo o mundo movido pela lógica do capital.
Essa saída prevista pelos britânicos da União Européia, poderá custar muito caro para o Reino Unido, mas a preocupação inglesa, não é apenas imediata, pois a Libra Esterlina será profundamente desvalorizada, podendo o país, alcançar índices de inflação superiores a 5%, seguidos de recessão mais forte e desemprego ainda maior (Jornal Gazeta Operária).
Agora podemos entender melhor o que ronda o Brasil, em se tratando de uma profunda crise econômica e política com golpes de direita, ataques violentos contra os direitos da classe trabalhadora e receituários antigos do neoliberalismo, como privatizações de estatais, controle de serviços essenciais por empresas privadas ou terciarização das relações de trabalhos em serviços públicos essenciais como Saúde, Educação, Previdência, habitação, etc.
O capitalismo mundial, está tentando fazer caixa, em curto médio prazo, para tentar sair de sua mais profunda crise mundial. Nesse momento, mais do que nunca, precisamos reler o que nos ensinou Karl Marx, em meados do século XIX, pois suas teorias se aplicam perfeitamente ao que estamos vivendo nas duas primeiras décadas do século XXI, quando, muitos achavam que não existiam mais contradições de classes, ou que no capital de hoje, tudo é puro líquido, pois o liquidificador do capitalismo madura tritura tudo que esteja ao seu alcance.

Fonte:
https://gazetaoperaria.org/2016/05/31/franca-a-classe-operaria-se-levanta/
https://gazetaoperaria.org/2016/06/24/europa-e-brasil-na-mira-dos-dois-bandos-imperialistas/

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