Imagem fornecida pelo entrevistado. 12/09/2020.
Por Belarmino Mariano
Quando alguém apresenta seu
nome para ser representante político em uma determinada comunidade, precisamos
conhecer muito bem essa pessoa para podermos depositar nosso voto de confiança
em um representante que de fato se disponha em defender os princípios
democráticos e os interesses sociais, políticos, econômicos e culturais, com os
quais o candidato se comprometeu.
A entrevista que segue é sobre
a vida, trabalho e atuação política do Prof. Nelson Júnior que pretende
disputar uma vaga na Câmara de Vereadores, pelo PCdoB de Campina Grande/PB. Começamos a entrevista
perguntando quem é Nelson Júnior, qual a sua origem e lembranças, desde quando
era criança?
(Resposta de Nelson Júnior):
- Meu nome é Nelson
Aleixo da Silva Júnior, nasci na cidade de Macaíba no Rio Grande do Norte, sou casado e tenho um casal de filhos. Vim
morar em Campina Grande aos 8 meses de vida. Sou filho de um fotografo e de uma
técnica de enfermagem. Morei na Rua Dr. Agra, na Prata. Lembro-me das brincadeiras
em um pequeno bosque atrás de casa, depois morei na Antenor Navarro, na rua
Iremar Marinho. Nessa época da minha vida tenho ótimas memórias. Depois fui
morar no bairro do Monte Santo, onde estudei no Grupo Anísio Teixeira e depois
no Estadual da Palmeira. Também morei nas Malvinas, nos mudamos para lá 8 dias
depois da ocupação. Nessa época eu estava no início da adolescência e carreguei
muita lata de água na cabeça, pois além de não ter energia, também não tinha
água encanada no bairro. Foi um ano de muita luta, carregando água todo dia.
- Na minha infância e
adolescência eu fazia principalmente quatro coisas: estudava, praticava
esportes no clube do trabalhador e no colégio, frequentava a igreja Assembleia
de Deus da rua Antenor Navarro e nos finais de semana ia passear no parque do
Açude Novo. Era exatamente no Açude Novo que meu pai passava o final de semana
fazendo fotografias das pessoas que por alí passavam. Eu Adorava brincar nos
balanços, escorrego e correr por todo o parque que, aliás, encontra-se
abandonado há mais de 20 anos. Ninguém ver mais as famílias frequentando aquele
espaço.
Você sempre morou em Campina
Grande ou chegou a morar em outros lugares. Sua família fez alguma migração
para outros centros urbanos ou outras regiões do país?
(NELSON JÚNIOR)
- Aos 16 anos fui morar
em João pessoa. Onde cursei meu ensino médio, no Lyceu Paraibano, e fiz minha
graduação em Psicologia na UNIPÊ. Depois fui para Maceió onde fiz meu Mestrado
em Administração na UFAL. Em 1998 terminei meu mestrado e em 1999 voltei a morar
em Campina Grande, no bairro de Santa Rosa, e comecei a trabalhar na UEPB. Minha saída de Campina grande foi motivada por questões familiares e estudos e consegui chegar até a França para fazer meu doutorado.
Nos fale sobre a sua vida
acadêmica e profissional até tornar Psicólogo e Professor da UEPB em Campina
Grande. Na UEPB você também passou a atuar no Movimento Sindical Docente, como
foram estas experiências?
(NELSON JÚNIOR)
- Falando da minha vida
profissional, sou psicólogo, com formação na área de Psicologia Organizacional
e do Trabalho, tenho Mestrado em Administração e Doutorado em Psicologia pela
Universidade de Paris X. Essa experiência na França foi fundamental para o
aperfeiçoamento acadêmico e uma visão mais global sobre os estudos da
Psicologia. Me tornei professor na UEPB desde 1999. Na UEPB já fui chefe
adjunto do Departamento de Psicologia e meu envolvimento com o movimento
sindical sempre na luta em defesa dos direitos da categoria, fui eleito
presidente da ADUEPB entre os anos de 2015 e 2019.
- No movimento
sindical, peguei uma época muito difícil com congelamento de salários dos
servidores e das progressões funcionais e constantes cortes no orçamento da
UEPB, o que gerou uma crise na universidade. Além disso a partir de 2016 o
Brasil passou a viver sob a administração do governo golpista e depois o
governo Bolsonaro, com violentos ataques aos direitos da Classe Trabalhadora,
em especial dos Servidores Públicos. Então foi um período de muitas lutas. No
plano local lutamos pelo respeito aos servidores aposentados da UEPB, lideramos
3 meses de greve na Universidade e ao final conquistamos um desbloqueio das
progressões funcionais por 2 anos, além de impedir maiores cortes no orçamento
da universidade.
- No Plano nacional
estivemos na linha de frente da luta contra o governo golpista de Temer e depois
contra os absurdos do governo Bolsonaro. Enviamos ônibus com militantes para
Brasília para os protesto contra a aprovação da emenda 95 que congelou por 20
anos os gastos em saúde, educação, políticas sociais etc.; e também estivemos
no comando da luta contra a reforma trabalhista, da previdência e contra os
cortes no orçamento da educação e da pesquisa, feitos no ano passado por
Bolsonaro e pelo o então ministro da educação Abraham Weintraub. Como
vemos, enfrentamos muitas lutas nesse último período.
Gostaria de saber como se deu
o seu processo de formação política e em que campo ideológico você se considera
filiado?
(Nelson Júnior)
- Minha militância
política posso dizer que começou muito cedo. Lembro-me, ainda criança, por
volta dos 10 anos de idade, pelas ruas de Campina Grande, eu parar nas praças
para assistir os comícios dos candidatos contra a ditadura e a favor da
democracia; depois no ensino médio comecei no movimento estudantil e na
universidade fui diretor de Centro Acadêmico e do DCE. Participei das lutas
pelo impeachment de Collor. E quando comecei a trabalhar na UEPB passei a acompanhar
o movimento sindical.
- Em 2010 fui candidato
a Governador da Paraíba obtendo 12.471 votos; em 2011 disputei o Senado e conquistamos
11.502 votos e nas eleições de 2018 mais uma vez disputei a eleição de Senador
tendo obtido 82.153 votos, sendo que quase 10 mil votos foram em Campina
Grande. Todas essas eleições disputadas pelo PSOL, partido do qual também fui
presidente estadual entre 2009 e 2011.
- Em 2020 nós avaliamos
em conjunto com nosso coletivo em Campina Grande a necessidade de construirmos
uma bancada combativa na Câmara Municipal, que é dominada pela direita e pelas
oligarquias. Nessa perspectiva considerando que o Psol não formaria uma chapa
de Vereadores para participar dessa disputa, optamos por nos filiar ao PC do B,
com os mesmos princípios e propostas defendidas pelo PSOL e pelos partidos de
esquerda que atuam em nosso país. Assim, apresentamos nosso nome como
pré-candidato a Vereador de Campina Grande porque entendemos a necessidade de os
movimentos sociais também terem representantes no Legislativo Campinense.
Depois de suas experiências
políticas e excelente desempenho eleitoral nas suas disputas eleitorais, agora
como Pré-Candidato a Vereador de Campina Grande pelo PCdoB, você definiu algum
programa de ação ou bandeiras de luta?
(NELSON JÚNIOR)
- A proposta que a
nossa pré-candidatura pretende adotar no Legislativo é a defesa constante dos
direitos conquistados no plano nacional e local pelos brasileiros, a defesa dos
serviços e servidores públicos; a luta em prol da educação pública, empenho
pelo fortalecimento do SUS; debater uma nova concepção para a mobilidade urbana
de Campina Grande; e as lutas contra o Racismo, o machismo e a LGBTFOBIA.
- Um mandato
progressista em Campina Grande precisa ainda estar antenado aos problemas das
pessoas nos seus bairros e nas suas ruas; precisa lutar pela valorização e o
acesso das pessoas ao nossos bens culturais; e se empenhar na construção de
políticas públicas para a juventude da nossa cidade que contemple transporte,
cultura, saúde dos jovens e geração de emprego e renda.
- Em uma proposta de
mandato da nossa pré-candidatura a defesa da UEPB como patrimônio da cidade de
Campina Grande, bem como do IFPB e da UFCG, será um dos pontos fundamentais,
pois estas 3 instituições investem mais de meio bilhão de reais por ano na
cidade; só na UEPB são mais de 200 milhões investidos em Campina Grande todo
ano. Estas instituições precisam ser fortalecidas pois, através destas, além de
formarmos milhares profissionais anualmente, temos muitos trabalhos de extensão
e atendimentos gratuitos nas suas clínicas a população campinense e, ainda,
temos inúmeros projetos e eventos culturais e esportivos, bem como várias
iniciativas no campo da assistência as pessoas carentes da cidade.
Como você é Professor da UEPB,
atuante militante do Movimento Sindical Docente e nos Fóruns dos Servidores
Públicos, municipais, estaduais e federais, gostaria de saber um pouco mais
sobre a importância destas instituições de ensino para a sua atuação
legislativa, caso seja eleito Vereador pelo PCdoB?
(NELSON JÚNIOR)
- A UEPB, o IFPB e a
UFCG contribuem decisivamente para o desenvolvimento social, cultural e
econômico da cidade de Campina Grande.
Defender o fortalecimento e valorização destas universidades públicas, é
lutar para que Campina Grande recupere seu status de cidade da educação e da
tecnologia; é lutar para que o nosso povo continue tendo acesso aos serviços
gratuitos oferecidos por estas instituições.
- Ademais, precisamos
trabalhar para que Campina Grande se transforme em um polo de produção
industrial da tecnologia aqui desenvolvida. Para dar um exemplo, durante a
pandemia a UEPB produziu um respirador de baixo custo, além de outros produtos,
que pode ser utilizado pelos serviços de saúde da cidade e do país. Por que
devemos ficar dependentes da importação desses produtos da China, se podemos
fazê-los aqui mesmo? Por que não construímos uma fábrica de produtos médicos
hospitalares para vendermos para todo o Brasil e exportarmos? Por que não
implantarmos aqui uma indústria de Tecnologia da Informação, já que temos uma
produção razoável nessa área? Esse debate nós pretendemos fazer na cidade de
Campina Grande, pois isso traz desenvolvimento, emprego e renda para nossos
jovens.
Queremos lhe agradecer por
esta entrevista e fique a vontade para suas considerações finais:
(NELSON JÚNIOR)
- Foi um prazer em lhe
responder aos questionamentos, pois relembrei um pouco da minha vida e da minha
trajetória política, sempre no campo da esquerda em defesa da democracia. Minha
experiência acadêmica na área de Psicologia e enquanto professor da UEPB, me possibilitaram
militar no movimento sindical docente, com uma longa luta em defesa da
autonomia da UEPB, bem como, dos direitos trabalhistas constantemente atacados
por governos de plantão. No campo político partidário, sempre estive na linha
de frente de forças políticas que defendem o socialismo, com a defesa da
democracia e dos direitos da classe trabalhadora.
- atual momento, em que
forças de extrema direita, atreladas ao neoliberalismo e ao ataque frontal
contra a classe trabalhadora e em nosso caso, ataques ferrenhos contra os
servidores públicos, com reformas trabalhista, previdenciária, administrativa e
fiscal, que cortam direitos dos mais pobres e mantém privilégios das elites
políticas e econômicas, não podemos vacilar e por isso, disponho meu nome para
a continuidade das nossas lutas cotidianas.