sexta-feira, 19 de julho de 2019

Futures-se ou fature-se?

extraído das redes sociais.
Por Belarmino Mariano

Estamos diante de um governo sem perspectiva de futuro, pelo menos em relação as universidades públicas e ao ensino-pesquisa em nível superior. Mas tenta confundir a sociedade dizendo que apresenta o "projeto future-se" de inovação e empreendedorismo para as universidades e institutos públicas. Mas até que ponto esse designer teria algo de inovador ou de renovador?
Vendo a apresentação do Ministro da Educação Abraham Weintraub sobre o programa Future-se para as instituições, o ensino e a pesquisa em nível superior chega a ser algo hilário, para um ministro e governo  que chantageiam as universidades, ameaçam o corte de recursos e têm forte dificuldade em dialogar com os estudantes, professores e gestores das Instituições de Ensino Superior.
Na contra-mão das universidades públicas e dos investimentos em ciência, tecnologia e informação, o "projeto future-se" sugere que empresas privadas passem a bancar as universidades públicas, em uma nítida ideia de privatização do ensino superior.
Esse programa apresentado pelo Ministro da Educação, nos lembra coisas do passado, bem da época de Fernando Henrique Cardo (FHC), presidente pelo PSDB (1992-2001) e que pretendia privatizar as universidades brasileira, chegando a cortar investimentos e sucatear as instituições de ensino superior para desvalorizar ao máximo e depois vender para a iniciativa privada ao preço de bananas, como fez com dezenas de outras estatais do setor produtivo. a organização e luta dos professores, estudantes e técnicos foi árdua, mas impedimos o governo FHC de privatizar as universidades públicas.
Mas agora, de que se trata esse programa future-se em relação a missão que as universidades públicas devem desempenhar? No Brasil, assim como em dezenas de países, essa experiência neoliberal de entregar a autonomia financeira e administrativa das universidades públicas para a iniciativa privada, foram experiencias contraditórias e desastrosas, pois uma coisa é termos uma empresa privada de ensino, gerindo e dando sentido as suas atividades, além de pensarem na lucratividade do setor. Essa experiência de ensino pago e empresas educacionais privadas já acontece no Brasil, mas em relação a missão das universidades públicas para a sociedade, isso não funciona assim, pois sabemos que as universidades brasileiras são gigantescas e tem como principal missão: garantir uma educação pública, gratuita e de qualidade, gerando expansão e acesso para milhões de jovens que não podem pagar por esse acesso e permanência.
Logo, essa proposta de future-se, poderá afastar milhões de jovens das universidades públicas e também poderá criar uma disparidade muito grande em escalas regionais, pois o capital, buscará eleger áreas e regiões que apresentem maiores vantagens em seus investimentos.
Como o governo sugere diminuir os recursos para o ensino superior e espera que grupos econômicos invistam no setor, teremos que suportar o fechamento de universidades que estão em áreas remotas desse país e que com certeza não terão ou serão atraídas pelo capital.
Outro aspecto perverso desse projeto será a disparidade entre as áreas de conhecimento, pois empresas de capital se interessam muito mais por tecnologias, engenharias, áreas médicas, enquanto que as áreas de educação, línguas, sociais e humanidades, perecerão diante dos ditames do capital. O reflexo disso em médio e longo prazo, poderá ser o desmantelamento da educação básica, fundamental e média, pela simples falta de professores em setores em que o Brasil mais precisa, pois ainda somos um país com milhões de analfabetos e de formação incompleta.
As universidades públicas brasileiras são potencialmente muito fortes e garantem em grande parte, as nossas patentes, descobertas e formação constante de milhões de profissionais. A pesquisa o ensino e a extensão ocorrem com grande potencial e a ideia do governo é entregar o setor para a iniciativa privada, inclusive com a entrada de capital estrangeiro e o controle de toda essa produção que de fato é patrimônio brasileiro. Passaremos a dividir e entregar para o capital estrangeiro, as nossas estruturas, os nossos laboratórios e a possível cobrança pelo acesso as universidades , coisa que impossibilitará que milhões de jovens entrem na universidade, pela falta de recursos.
O governo Bolsonaro se interessa na verdade pela comercialização das universidades públicas e estatais brasileiras, entregando a iniciativa privada um espaço de produção de conhecimentos e de ideias para o país que em tese, ainda se encontra em desenvolvimento. Logo, se a lógica desse governo é o desmantelamento do Estado, a privatização de estatais e a entrega do patrimônio nacional para empresas privadas estrangeiras, esse programa é na verdade, a destruição de qualquer possibilidade real de futuro para as Universidades públicas estatais, que no atual momento, estão servindo como moedas de troca para que o capital estrangeiro, passe a controlar também o conhecimento produzido por institutos e universidades públicas brasileiras.
Esse projeto é uma nítida entrega das instituições de ensino superior público para empresas privadas, destruindo toda e qualquer possibilidade de autonomia e de soberania nacional em relação a produção de conhecimentos e ideias, de forma livre e democrática, como deve ser as universidades públicas. 
O medo do governo Bolsonaro é o livre pensar que é produzido dentro das universidades, daí notarmos os fortes ataques que já foram produzidos em apenas 200 dias de governo. Ameaçar a educação pública brasileira, querer militarizar as escolas, sugerir que as universidades são apenas locus de comunistas, esquerdistas e drogados, querer cortar 30% ou 40% dos recursos das universidades, ameaçar reitores, professores e estudantes em relação as suas produções é minimamente criminalizar os produtores de conhecimento do nosso país.
A ideia do governo é muito clara, pretende desestatizar as universidades e institutos superiores brasileiros para entrega-los a iniciativa privada, deixando de gerar conhecimentos para a sociedade e passando a gerar lucros para alguns empresários e suas marcas. O governo pretende entregar um dos maiores patrimônios do povo brasileiro, para que empresas estrangeiras possam controlar e lucrar com essas instituições, uma visão destorcida de educação como mercadoria.
O governo Bolsonaro deveria batizar o programa de fatura-se, pois propõe o fatiamento e a venda das universidades brasileiras, propõe que o ensino superior possa ser pago, possa ser explorado por empresas de capital. O mais absurdo é que não se trata apenas do ensino superior, mas da entrega patrimonial das universidades para estas empresas. propõe para os possíveis investidores, pois o controle sobre os conhecimentos produzidos, as patentes, as criações, invenções e produtos gerados dentro das universidades se tornam propriedades dessas empresas financiadoras.
O pior é sabermos que o governo quer cortar os investimentos públicos no ensino superior, mas continuará arrecadando da sociedade que não terá mais acesso pública as instituições de ensino superior. Um grande negócio, pois venderá o rico patrimônio público para a iniciativa privada, mas controlará os recursos, sem a obrigatoriedade de repasses, pois passará a existir uma ambiguidade entre os papeis do Estado e das empresas que passarão a controlar o ensino e as instituições superiores.
Enquanto os governos das grandes potências passam a investir ainda mais em suas instituições públicas de ensino superior, o Brasil aposta em medidas sugeridas pelo FMI nas décadas de 1985, 35 anos depois, o governo do Brasil ainda insiste nesse erro e agora, de maneira avassaladora, se pretende privatizar definitivamente as nossas universidades.
Contra esses medidas, precisamos fortalecer a luta, não podemos perder as esperanças e em defesa das universidades públicas e estatais, temos que unir todas as nossas forças.

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