quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Guarabira em 128 anos: Um povo, um Hino e uma História calorosa




Por: Belarmino Mariano, Emiliano Melo e Daniel Silva Fernandes

Hoje a cidade Guarabira, "terra da luz" completa 128 anos de emancipação política.  Seu registro de nascimento, foi feito a partir da Lei 841 de 26 de novembro de 1887. Mas se rebuscarmos os anais de sua história de fundação, o lugar ganha mais alguns séculos e os registros apontam para o século XVII e o ano de 1694. Isso se tivermos considerando uma historiografia de brancos e oficial, pois pesquisas recentes, realizadas pelo Jornalista Nonato Nunes, em seu recente livro: "Guarabira 1603-1887 - Missão, Vila, Cidade. nos apresenta indícios de outros elementos históricos em que aqui viviam povos guerreiros da Nação Potiguara, organizada em tribos ou clãs familiares, em terras comunais de caça, pesca e coletas.

Nonato Nunes se utilizou muito bem do paradigma indiciário para, começar a bolinar com as nossas mentes. Ele começa falando de um aldeamento estruturado pelas missões franciscanas, nas terras de Guiraobira ( Pássaro Azul), possivelmente se referindo ao chefe Potiguara. O que de acordo com Georg Margrave, cartógrafo da época,  se tratava de uma tribo.
Será que estas inscrições foram feitas pelos povos da Nação Potiguara? ou nosso povo ainda teria origens bem mais remotas?. O paradigma indiciário aponta para a segunda alternativa, pois essas inscrições permeiam muitos outros territórios paraibanos.

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Sítio Arqueológico da Lagoa do Cajú. Araçagi, antiga Guarabira.


Brasão de Guarabira.
Sobre as insignias em seu brasão com as cores rubro-negra e a torre de uma fortaleza tendo o Sol Rei como clarão, se destaca a frase LVMINE GRATIAE TVAE, que não é uma tradução exata, mas pode significar o brilho ou a luminosidade de tua graça, talvez alusivo a Santa padroeira, representada localmente como Nossa Senhora da Luz, ou Nsa. Sra. da Candelária (padroeira das ilhas Canárias), aquela que deu a luz ao filho de Deus. O menino Jesus como a Graça, o Cristo que ilumina e protege através de sua Mãe Divina, aos filhos dessa terra. Se voltarmos a mais uma interpretação religiosa para a época, poderíamos traduzir como: LVMINE GRATIAE TVAE -"Só Deus pode ser o caminho que conduz".



Sobre sua gente e seu Hino municipal, temos mais considerações. Este hino foi escrito e/ou composto com letra e melodia de Genivaldo Macedo.

Teu povo é forte!
Tua História foi escrita
Com Bravura
Oh, Guarabira!
Centenário e berço de cultura!
Vamos saudar
Os teus filhos
Que te amam com fervor!
Oh, Guarabira!
Centenário de campos verdejantes!
Os que pisam o teu solo
De ti se fizeram sempre amantes.

O teu passado
Foi Marcante,
Teu presente é de trabalho!
De progresso, é majestoso;
Oh, Guarabira!
Segue em frente
Desbravando o teu caminho!
E o teu povo,
Esse povo que a História honrará,
Se algum dia for chamado,
Seu sangue de heróis derramará!

Nesse contexto, temos uma cidade que nasceu as margens de uma lagoa e de um riacho. A Lagoa foi aterrada, segundo consta em sua história, com barro extraído da Rua da Barreira (hoje Quintino Bocaiuva). Quanto ao rio e seus afluentes, estes sucumbem em seu leito de morte, tomado por sujeiras, por esgotos e pela falta de educação ambiental, até que surja uma nova visão capaz de mudar essa situação.

Fotografia de Alexandre Moca - Facebook, 2014.
Guiraobira, hoje Guarabira, nasceu em um ponto de contato para outros lugares. Nasceu de uma tribo indígena e suas trilhas para as serras e brejos, suas trilhas para o litoral. Guarabira se instalou enquanto povoação de  brancos e misturados como, currais de gado, missões religiosas de povoamento e rotas dos tropeiros e viajantes que penetravam para os sertões com o gado e a cana-de açúcar para os engenhos. Cresceu tendo em sua pele exposta, os trilhos ferroviários do progresso e da modernidade, interessado pela cultura do agave e do algodão. Os tropeiros ficaram para traz e a ferrovia demarcou um novo estilo de ir e vir, muito mais rápido e distante, pois a terra ligava a capital paraibana a Nova Cruz, até Mossoró no Rio Grande do Norte. Daqui levava tudo o que podia, para os portos do litoral, para abastecer a metrópole e o capital internacional, de onde também trazias as importantes manufaturas das indústrias do além mar. Hoje, esse caminho de ferro, trilhos do progresso, marco econômico de uma época, não mais consegue nos levar para lugar nenhum. o ferrugem e o abandono marcaram o ritmo de um tempo sem pontos de partidas.

  

As redes sociais estão repletas de imagens do abandono. aqui vemos as ruínas da Estação Ferroviária na cidade de Guarabira, com imagens de DragonFenix Produções. As imagens ganham efeitos especiais mais a realidade é entristecedora, quando nos deparamos com o espaço do abandono.

Guarabira também revela em sua história os cultivares de gêneros que os humanos e a terra deu condições para produzir. O urucum, o guandu, a cana de açúcar, o algodão, o agave, o feijão, o milho, a fava, o jerimum, a batata-doce, o caju, a pimenta do reino, a melancia e a madeira de lei como o pau d'árco eram coisas que orgulhavam os nossos produtores. Hoje essas culturas amargam baixas produções, o extrativismo exagerado e as grandes áreas ocupadas pela pecuária extensiva, deixaram as nossas terras empobrecidas e quase desnudas. Poucos são os agricultores que bravamente ainda se aventuram em produzir o pouco que conseguem.

Os poderosos dessa terra se atravessaram em meio as riquezas produzidas pelos camponeses locais, fortaleceram os seus comércios e até usaram de má fé, misturando colorau com barro, ou aguardente com água para obterem mais lucros. Guarabira esteve durante décadas dentro dos principais ciclos econômicos da região. Destaque para a pecuária, a policultura alimentar e as culturas comerciais como a cana-de-açúcar, a cotonicultura e o agave, além de complementares como a castanha do caju, a pimenta do reino e o colorau. Onde erraram os guarabirenses que se deixaram perder e levaram o campo a quebrar seus engenhos, amargando o doce da cana e perdendo espaço para outras regiões?

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Mas como diz o hino de Guarabira, esse povo é guerreiro, é bravio, essa terra é majestosa e a luz do sol marca o calor dos que acreditam em um futuro para além de uma cidade que incha para os lados, sem planejamento, com uma arquitetura espontânea e pouco planejada. O berço de uma cultura própria, com talentos inigualáveis, no cordel, na música, na poesia, na pintura e na escultura. Até de grandes juristas, a terra de hábeis comerciantes e de mulheres destemidas, a terra dos sapateiros e dos gráficos, a terra de heróis populares como Chico do Baita, João Pedro Teixeira, Osmar de Aquino e Maria Cuba. A terra de Maria Eulália e tantas outras educadoras brilhantes. Guarabira como o berço de grandes radialistas e importantes meios de comunicação, se faz referência em toda a região. Essa terra é por natureza um lugar de grandes empreendedores, que do nada, conseguem maquinar empresas de pequeno, médio e grande porte.

Uma cidade que dos seus becos e largas avenidas, precisa de novas artérias, de novos caminhos e de novos ares para respirar, pois o que temos na atualidade, encontra-se muito poluído. Guarabira tem tudo ser outra, bem melhor. Mas isso depende do desejo e da vontade do seu povo, dos seus filhos e filhas. A Guarabira que queremos é mais justa, mais igualitária e mais livre, das amarras de uma velha e viciada política que só atrasa os rumos dessa cidade e dessa gente.

Parabéns Guiraobira, Guarabira - Terra da Luz, terra que nos conduz, terra que nos glorifica para um futuro muito mais promissor.















Parabéns ao fotografo Levy Galdino e ao jovem acadêmico de Geografia Daniel Silva Fernandes, pelo belíssimo trabalho em sistematizar imagens de ontem e de hoje, para representar uma Guarabira Jovem e pujante, capaz de se superar. Muito brilho e muita luz de um jovem e nele parabenizar todos os guarabirenses que acreditam em uma Guarabira muito melhor pois, "amanhã será um novo dia"...




Fontes:
https://www.facebook.com/belezasdeguarabirapb/?fref=ts
NUNES, Nonato, S. Guarabira 1603-1887 - Missão, vila, cidade. João Pessoa: Editora Rousseau, 2015.
http://guarabira50graus.blogspot.com.br/

Um comentário:

  1. Que bacana ver Guarabira nascida entre lagoa e rio aldeada por gente nativa que viviam livre por essa terra boa e tranquila. Seus ocupantes atravessaram o tempo e conseguiram levar essa terra a qualidade de "Rainha do Brejo", mas quem pudera um berço de garças azuis tinha que se transformar num polarizador em educação do Agreste e Curimataú paraibano.
    Entre os milhares que fazem causar orgulho de ter contribuído com o crescimento, se encontra o Dr. Belarmino Mariano Neto, que com a sua forma de compartilhar a vida acadêmica e social, se lança na proposta de estar livre para ser escolhido pelo povo independente em 2016.

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