terça-feira, 21 de novembro de 2023

Enigmas Divinos ou Deuses Mortos e Enterrados.

Por Belarmino Mariano.
Na Geografia Cultural nos deparamos com categorias de análise como o espaço do sagrado (CORRÊIA; ROZENDHAL, 2003), bem como, apontamentos sobre fenomenologia e percepção geográfica de fenômenos das dinvidades e até mesmo dos territórios culturais de experiência com o sagrado.
A escolha teórica e metodoligica é reflexiva e questionadora, partindo do paradigma indiciário, tentando encontrar respostas essenciais sobre a escalada religiosa entre o politeísmo, henoteísmo e monoteísmo. E a questão central desse artigo, em primeiro momento, é saber o que ocorre com as divindades que o proto monoteísmo deixou de seguir?
Para além da Geografia Cultural que dedica espaço aos estudos do fenômeno religioso ou sagrado, também nos interessa a relação da geografia com a filosofia (SPÓSITO, 2004), pois para compreender o desenvolvimento do pensamento é preciso encontrar suas raizes.
Outro aspecto do estudo e entender algumas teorias naturalistas sobre os deuses como fenômenos da natureza ou seres vivos que eram relevantes e com as suas mortes, através da oralidade, foram transformados em lendas, mitos e passaram a serem cultuados e adorados através de imagens em madeira, pedras mármores e metais, entre outras simbologias.
A teoria mais importante a esse respeito é o "Evemerismo",  desenvolvida por Evêmero (IV aC). Seus exemplos vão desde um humano que existiu de fato e que era destacado em sua tribo ou clã e com a sua morte, passou a ser cultuado naquela comunidade para, com o tempo, ganhar espaço e representação do sagrado, chegando até ao panteão dos grandes Deuses de uma cultura, ao exemplo de Urano, Cronos e Zeus na mitologia grega.
De acordo com o evemerismo, os deuses antes de serem deuses, foram heróis, conquistadores, reis mortais e que em vida, eram  venerados, idolatrados e depois da morte passaram a ser cultuados em diferentes rituais, até sua definitava sacralização.
Parece que Evêmero, em teoria, se aproxima dos ateístas que negam a existência sacra de deuses, enquanto no evemerismo, os deuses são literalmente criações ou invenções humanas, adoradas como deuses e ou deusas.
Entre os vário deuses, alguns se tornam mais importantes, enquanto outros são esquecidos e nesse processo, surgem trindades, dualidades e unidades sagradas, que em muitos casos, só se tornam unidade devido a negação dos demais deuses.
Com base no evenerismo os judeus e até  mesmo os cristãos negam os deuses de outras religiões e afirmam que seus deuses são únicos, os outros são apenas imagens e ídolos irreais. Esse é o princípio fundamental do monoteísmo, mesmo sabendo das contradições que aparecem nos próprios escritos que fundamentam estas religiões.
Entre carne, metal, ferrugem, pedra, lodo, madeira e morfo, foram forjadas as imagens dos dos muitos deuses. 
Quando todos perderam o sentido, as imagens foram substituídas pelas ideias e subjetividades dos Deuses, estes se tornaram imaginários e invisíveis.
Esse é um estágio que fundamenta deuses invisíveis, que são sustentados através de narrativas de um mito criador, para que futuras gerações sigam como uma vedade inquestionável.
Daí uma filosofia teológica em que Deus reaparece refletido em luz, imagem fluida com o ar e a água, nas nuvens, nos trovões, tempestades e nos céus.
O inominável, resolveu a ideia de muitos e todos os deuses em apenas um.
Nas religiões o mono é a quebra da diversidade e só é um, se não existir materialmente, pois as contradições e discórdias tornam esse mono insustentável.
Essa construção de Deus nos dá uma sensação de existência de um ser para além da matéria, mas sempre nos deparamos com o paradoxo da image semelhança.
Sempre nos deparamos com a ideia de trindade que não bate com o mono. Que Deus estranho é esse que ao mesmo tempo é um, dois, três... Não faz sentido, mesmo assim, se justifica com argumentos contraditórios e provisórios que se sustentam há milênios.
Desde que esse genocídio sionista se intensificou na Faixa de Gaza (Palestina), que passei a questionar, se de fato, existe algum tipo de Deus mediando as ações do governo de Israel?
Isso sem falar no total apoio do Governo dos Estados Unidos e de Governos de alguns países da União Européia e do Reino Unido de matriz religiosa cristã.
Existem alguns enigmas dos deuses ou do divino, desde Javé - Oriente Próximo, passando pelos 
Sumérios, Assirios, Babilônios, até chegarmos aos egípcios, gregos e romanos, entre outros.
O que diz a Pedra Moabita ou de Estela de Danesha, sobre outros deuses semitas como: Deus Kemosh e 
Shassu, adorados e venerados pelos semitas e ou cananeus? Como Javé, que era um Deus do deserto, das tempestades e da guerra e, em algum momento se tornou único? E os outros Deuses tiveram que morrer?
Como Javé se fez um único Deus? 
Jave é o ser que faz o que foi feito. Um ser de paixão, possessivo e ciumento. 
Que homens inventaram um Deus que exige sacrifícios, obediência absoluta, amir incondicional?
No Javismo (YAHWH), em troca da fidelidade única a Javé, Ele enviaria um Messias ( + ou - 500 aC), para salvar seu povo dos inimigos e das atribuições (Adonai). Já são cerca de 2.500 anos de espera pelo enviado de Javé.
Javé elegeu os semitas como seu povo, ou foram os semitas que escolheram Javé entre tantos outros Deuses?
Sempre que leio o Velho Testamento, base histórica do Torá, Talmude e até da Kabala judaicas, me deparo com essas dúvidas. 
Também não entendo, qual a base teológica para que cristãos, especialmente algumas denominações evangélicas, usem o Velho Testamento em suas pregações? Não faz muito sentido, pois os judeus além de não terem reconhecido Jesus Cristo como o Messias, ainda lhe consideram um impostor, continuando a longa espera do seu verdadeiro Messias.
Mas os estudos apontam que acescolha de Javé se relaciona com Moisés e os 400 anos de cativeiro e escravidão dos hebreus pelos egípcios.
Como Javé, um Deus dos desertos, das tempestades, guerras e conquistas, que era cultuado pelos povos nômades dos desertos, se transformou em único para os hebreus?
Os escritos maometanos não negam as origens e fundamentos dos hebreus e a herança ismaelita em Abraão, mas não existe essa tentativa forçada de querer ser parte da teologia semita, como fazem os evangélicos cristãos consevadores.
Para onde foram os outros deuses que eram cultuados pelas varias tribos semitas do Oriente Próximo e até mesmo dos 400 anos de cativeiro no Egito, como: El, Asherah, Baalx e Utu-Shamash. Deuses da fertilidade, abundância, proteção, justiça?
Asherah era a Deusa cananéia israelita da fertilidade, base de estações dos anos, dos grãos, oliveiras e dos próprios pastos e animais.
Outro enigma que nunca compreendi ao longo do Velho Testamento. Nos 400 anos de escravidão na terra dos faróis, não existe nenhuma passagem bíblica, sobre as gigantescas pirâmides, esfinges e outros monumentos do Egito? É no mínimo estranho, pois como escravos deveriam ter trabalhado nestas construções.
Se estiveram de fato no Egito, será que ocorreram disputas de divindades e Javé saiu vitorioso, pois como o Deus do deserto, das tempestades e das guerras, estava em vantagem territorial?
Nesse conflito divino: Javé X El. X Asherah X Baal X Utu-Shamash. Todos caíram e foram vencidos?
Vale registrar que nenhum destes Deuses citados, se relacionam com os deuses egípcios. Todos eram divindades do Oriente Médio e até certo ponto, complementares em suas missões.
Muitos imaginam que os judeus sempre foram monoteístas, que só resistiram ao cativeiro egípcio, babilônico e romano, entre outros, por causa da sua fé em um único e poderoso Deus. 
Mas, o monoteísmo é basicamente um período inicial, entre 780 e 522 aC. Antes desse período, contados os filhos de Noé, temos pelo menos uns 5 mil anos, em que prevaleceram estruturas politeístas e ainda, muitos séculos de henoteismo (um Deus principal, além de outros deuses que eram cultuados).
Será que o Deus de Noé é o mesmo de Moisés, Abraão, Salomão ou David?
Será que os primeiros reis de Judá, como Davi e Salomão, foram as bases para um Estado Teocrático javístico? Será que os líderes religiosos e o Estado elegeram Deus, entre tantos outros, mas o povo e as tribos continuaram cultuando seus deuses ancestrais? Em algum momento houve uma imposição dos reis ao Deus Javé? Davi e Salomão sao bons exemplos para a definição de um Deus dos desertos, tempestades e guerras.
Nos relatos bíblicos, única fonte a tratar da história antiga do povo semita, não fica claro isso. Apenas em Moisés, quando ele vai ao monte e o Deus Javé exige fidelide e cunha os dez mandamentos, inclusive castigando o povo hebreu a perambular 40 anos no deserto, para fazer uma limpeza ideologica de cunho politeísta de gerações, até que os velhos morrecem e levassem consigo as velhas crenças, para que  os jovens seguissem o Deus de Moisés. Que Deus é possessivo era esse?
O Deus de Moisés foi encontrado no deserto, os seguidores de Moisés não foram fiéis a esse Deus, desviaram a fé aos seus Deuses e interesses pessoas, até parece que o Deus de Moisés parece estrangeiro, parece que não conseguia convenser os hebreus, mas o que era um castigo de 40 anos, diante de 400 anos como escravos do Faraó?
Se foi Javé que escolheu os hebreus como seu povo eleito, por quais motivos os deixou cativos de vários outros povos? Para uma lição de vida?
Ainda temos a ideia dos profetas, dos sábios, como a voz da consciência de Judá. Daí o culto a Javé e as dinâmicas de mudanças proféticas, da ideia de justiça, de igualdade, de compartilhamento de uma fé única, nesmo que outros deuses convivam e sejam tão importantes quanto Javé. 
Talvez, Javé fosse o Deus da proteção dos Reinos de Israel e Judá em longo período de guerras, mas os deuses e deusas da fertilidade, da paz e da justiça, continuasse nos cultos tribais.
Sempre tive essa dúvida de passagem teológica entre o politeísmo, henoteísmo e monoteísmo.
Encontrei em Max Miller, que o 
Henoteísmo era a adoração a um Deus, sem negar a existência e importância de outros deuses. Parece que foi o caso de 
Asherah Deusa da fertilidade que era uma espécie de consorte de Javé.
Como Asherah foi apagada ou deletada do panteão semítico, assim como outros deuses?
No livro Deuteronômio (Velho Testamento), Javé veio do Deserto do Sinai, acompanhado de uma presença divina (seria Asherah?).
Textos hebreus monoteístas de 515aC a 70dC. falan sobre a derrubada do segundo Templo de Salomão.
Será que a coisa do Messias que estava previsto nos textos de Javé, foi absorvida pelos cristãos da época?
Será que os Islâmicos interpretaram a mesma ideia com o advento do profeta Maomé, enviado por Alá? Os relatos históricos dão conta que, em 931aC., com a morte de Salomão, seu Reino dividido em norte e sul. 
Tida essa região era conhecida como Philistibe e os Hebreus escolheram Javé entre os vários deuses, do panteão do Oriente Próximo e médio.
Venerar, agradecer, pedir favores, cantar louvores a esse Deus unico, escolhido pelos hebreus. Mas, para onde foram e onde se esconderam os outros deuses e deusas judeus? Se Javé era um Deus entre outros, como explicar esse fenômeno do ponto de vista humano de uma época? 
O que estava envolvendo essa fé e que estratégias sócio-políticas para ocultar o nome de Deus?
De onde veio essa ideia de trindade? Será que foi outra estratégia de transição, entre o Henoteísmo e o monoteísmo?
Se Javé fosse um entre outros deuses de Israel, teria havido 
combates entre às figuras ou imagens de madeira ou pedra, também numa transição para um Deus imaterial?
Javé o Deus das tempestades, do deserto e da areia era maleável e não precisava de imagens?
Será que os outros deuses foram lentamente extintos e substituídos pelo Deus ideal, das narrativas sagradas, o Deus espírito, único, mono, invisível e enigmático?
Se os primeiros Reis são os representantes da teocracia,
Javé, se tornou o Deus herói dos exércitos celestiais? 
O Deus Supremo, o Deus da guerra, portanto violento, por outro lado, como o Deus Pai, o Deus Criador do Cosmo, o verdadeiro Deus de todo o mundo, com poderes de benção e salvação? 
Parece que os Romanos usaram as bases do monoteísmo judeu e adotaram o relegado Jesus Cristo, preso, julgado e condenado a cruz, pelis próprios romanis e judeus, a condição de o Messias. Assim nasceu o Cristianismo Apostólico Romano.
Os judeus viram escravos dos romanos e foram levados para outras terras colonizadas por Roma.
Quem pode conversar com Javé, além dos oráculos e profetas e qual a necessidade de enviar um Messias, se já é o todo poderoso?
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Por Belarmino Mariano, imagem das redes.
Alerta: Esse artigo é uma reflexão teórica baseada no Discordianismo essencialista e no paradigma indiciário, baseado em textos que deram base as três religiões monoteístas do Oriente Médio.
Fontes Diretas:
CORRÊA, R, L. ROSENDAHL, Z. Geografia Cultural: introduzindo a temática, os textos e uma agenda/ Roberto Lobato Corrêa e Zeny Rosendahl. In: CORRÊA, R, L. ROSENDAHL, Z (org). Introdução à Geografia Cultural/ Organização Roberto Lobato Corrêa e Zeny Rosendahl. – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.
History - Alienígenas do Passado. Série YouTube.
Velho Testamento on-line,
JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus - De Abraão a queda de Jerusalém. On-line.
KERN, Lucas M. Annunaki, episódio 13. Logos/YouTube.
SPOSITO, S, E. Geografia e Filosofia: contribuição para o ensino do pensamento geográfico/ Eliseu Savério Sposito. – São Paulo: Editora UNESP, 2004

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