sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Geopolítica da Ucrânia: Separatismo, Golpe político e Guerra

Por Belarmino Mariano

Antes de ser totalmente envenenado pela grande mídia ocidental pró-americana em relação aos seus interesses em desestabilizar a União Europeia e para isso, usar a Ucrânia para camuflar seus reais interesses, saibam que, o mesmo golpe que ocorreu no Brasil, apoiado pelos EUA, contra a presidenta Dilma Rousseff (2015), também aconteceu na Ucrânia em 2014, contra o presidente Viktor yamikovich, derrubando esse governo que era um importante aliado russo e instalando um governo provisório leal aos interesses ocidentais, com forte apelo de adesão a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
Qual será o grande interesse americano em instalar suas bases militares no maior país de fronteiras com a Rússia? Será que são as suas bases nucleares, será que é fechar as possibilidades da Rússia com parte do Mar Negro e com os bálticos, ou simplesmente, atrapalhar as redes de gasodutos russas para a Europa?
Não acreditamos que Putin seja comunista ou defenda tais interesses ideológicos, pois suas práticas políticas dentro da Federação Russa são claramente anticomunistas, mas em seu projeto existe um nítido interesse de recuperar uma base territorial parecida com a da Ex-URSS, desde que seja dentro do capitalismo global e para isso ocorrerão choques inevitáveis.
O atual governo americano tenta incriminar a Rússia pela sua operação militar em territórios ucranianos para proteger grande quantidade de russos naquele território e frear as fortes investidas da OTAN nas suas fronteiras e dos seus aliados diretos, como Bielo-Rússia, Moldávia. Independe da visão americana e dos seus reais interesses na região, Vladimir Putin, sabe que perder a influência política sobre a Ucrânia é se tornar vulnerável aos interesses da OTAN e dos americanos.
As pesquisas apontam que durante os governos Bush e Barack Obama, seguido pelo governo Donald Trump e agora Joe Biden, Todos intensificaram políticas de ampliação de bases da OTAN nessa região da Europa Oriental, o que gerou e continua gerando tensões e preocupações da Rússia e dos seus mais de 15 aliados na região.
Os vários governos americanos falam em democracia, mais alimentam golpes políticos e grupos de extrema direita nessa região, em especial na era Trump, se fortaleceram vários grupos neonazistas, sendo a Ucrânia o maior foco dos extremistas de direitas que se identificam como nacionalistas e neonazistas.
Em 2014, com o golpe contra o governo legitimo de Viktor Yamikovich, que era importante aliado russo, grupos separatistas no sudeste e leste da Ucrânia passaram a lutar pela autonomia da região de Donetsk e Lugansh. Por outro lado, a Rússia ocupou e reintegrou ao seu território a região da Criméia no Mar Morto.
O atual governo da Ucrânia, não tem o total reconhecimento da Rússia e suas posições pró-Otan e ocidente, aumentaram as tensões e as ameaças a soberania dos territórios russos e dos seus aliados de fronteira com a Ucrânia.
Com um conflito que já durava 08 anos, no ultimo dia 24 de fevereiro de 2022, culminou com operações militares em bases estratégicas ucranianas e o reconhecimento de independências dos territórios separatistas de Donetsk e Luganshe.
Frutos dos golpes políticos no Brasil e na Ucrânia, temos governos desastrosos como Bolsonaro, que era um apêndice de Donald Trump, assim como Volodymyr Zelensky atual presidente ucraniano atrelado aos interesses americanos, com sinalizações em aderir a OTAN.
As operações militares do governo da Ucrânia com armamentos americanos, contra os separatistas do leste ucraniano levaram os russos a mobilização de tropas e aos ataques contra os territórios e bases militares da Ucrânia.
Nesse momento, só existe uma saída, a renúncia de Volodymyr Selensky e o reestabelecimento da paz na região, mais tensões e mais lenha na fogueira, teremos configurada uma guerra nunca vista no mundo. Em médio prazo, essa guerra afetará a economia mundial, mas principalmente os países europeus. Em longo prazo o Ocidente entenderá que o mundo não será o mesmo.
Desde 2020 e 2021, mesmo com a pandemia do Covid-19, o governo americano, sempre falando em nome dos 30 países que formam a OTAN, estimula as tensões na região da Europa Oriental, em especial na Ucrânia. Então não podem achar que basta se vitimar e querer culpar o governo russo por ações drásticas. Se essa guerra estourou, foi, justamente por inflexibilidade americana, que, com o fim da Guerra Fria, manteve e ampliou uma velha engrenagem como a OTAN, que não se justifica mais em nosso mundo globalizado.
Acho que todos acompanham as declarações vazias de líderes mundiais como o presidente americano ou o primeiro ministro britânico, pois enquanto tocam fogo nas tensões, desestabilizam ainda mais a zona do Euro, falam de OTAN, mais na verdade afastam seus cidadãos e suas tropas da região do conflito. Os Estados Unidos enviaram 3 mil soldados para a área de conflito, basicamente para retirar cidadãos americanos e britânicos.
Estados Unidos e Otan, deixaram a Ucrânia a própria sorte, pois enquanto os russos estão em campo de guerra, o ocidente usa estratégias econômicas de embargos contra os russos.
Parece até infantilidade dos americanos, que os embargos econômicos possam frear as ações russas. Isso os americanos fazem há décadas contra Cuba, Coreia do Norte, Irã, Líbia, Síria, Venezuela. Atrapalha, mais não funciona totalmente. A Rússia hoje tem o maior parceiro comercial do mundo, que é a China, além de mais de mais 13 repúblicas da CEI (Comunidade dos Estados Independentes) e agora os territórios separatistas da Ucrânia, além do BRICS. Resta saber que país ligados aos BRICS, irá seguir os embargos econômicos dos EUA contra os russos?
A Rússia sabe que a ocupação da Ucrânia é diretamente, impedir que a Otan, acesse as mais de 10 bases nucleares da ex-União Soviética que estão em operação na Ucrânia, desde de Chernobyl até as que estão em funcionamento.
Para os que gostam de Geopolítica, essa operação militar russa, se encontra ancorada em geoestratégias sólidas e não se trata de blefes e ameaças como as que os americanos fazem em todo o mundo. Essa guerra já se encontra em curso há pelos menos 30 anos, diretamente, há oito, com o golpe político apoiado pelos Estados Unidos, respondidos pela Rússia com a ocupação da Crimeia, apoios aos grupos separatistas na Ucrânia e movimentações militares em todas as fronteiras ucranianas, com ações por terra, mar e ar.
Alguém já parou para pensar nas dezenas de invasões americanas a países do Oriente Médio e Norte da África, com violentos ataques militares, inclusive contra populações civis? Aqui é possível listarmos dezenas deles, sempre com justificativas infundadas e mantendo a lógica do controle estratégico. O mais grave foi contra o Iraque, mais podemos citar a "Primavera Árabe" entre 2010 e 2011, podemos citar os avanços da OTAN e dos interesses americanos para as antigas repúblicas aliadas da URSS na Europa Oriental (Polônia, Eslovênia, Hungria, Romênia, e repúblicas bálticas).
Se os americanos estão tão interessados em minar as bases russas em suas fronteiras, o que houve com aquela retirada desastrosa de militares americanos, franceses e britânicos do Afeganistão? Será que focar na Ucrânia é o objetivo americano para essa década?
A Ucrânia, independente de ser a área mais fértil da Europa, foi o berço de formação dos primeiros territórios eslavos que deu origem ao primeiro Reino do Império Russo em Kiev, atual capital ucraniana. Ou seja, a história do maior império territorial do mundo, pois império romana é justamente nestas terras e aí se encontra o centro geopolítico do mundo, em suas várias guerras, ao exemplos das ocupações francesas de Napoleão, das incursões alemãs do período nazista, entre outros tipos de ocupações, com as quais os eslavos ou russos sempre lutaram fortemente. A Ucrânia, com apenas 30 anos de independência formal, sempre foi um território aliado da Federação Russa, então os conflitos internos nessa região deveriam ser evitados, mas o que vemos são potências como os Estados Unidos, tencionando o cabo de guerra na região.
Para fechar esse artigo, ainda me pergunto o que Bolsonaro foi fazer na Rússia? pois me parece que como golpista poderia ir a Ucrânia, como declarado apoiador de extremistas de direita e até mesmo com grupos neonazistas próximos ao seu governo, me parece que o ideal era ter ido a Ucrânia, ou fazer diretamente o jogo americano, seu segundo maior parceiro econômico. Bom, parece que o agronegócio brasileiro é completamente dependente dos russos, mas acho que interesses econômicos como potássio, ureia, fertilizantes, soja, café etc., poderiam ser resolvidos pelos ministros das respectivas pastas. Agora o governo brasileiro vive um dilema triplo, pois enquanto o presidente flertar com Putin, o vice presidente General Mourão, faz duras críticas aos ataques de Moscou a Ucrânia, enquanto a diplomacia do Brasil, tenta alinhar uma neutralidade, que até certo ponto colabora com os interesses americanos.
Um chefe de Estado de um país pacifista, com mais de 200 anos de diplomacia pela paz, não poderia cometer o grave erro de ir para uma região de tensão e conflitos, expor seu povo e sua Nação as tensões de grandes potencias mundiais. Esse talvez tenha sido o maior erro político internacional do presidente Bolsonaro, pois o mesmo colocou tanto seu governo, quanto o nosso país no olho do furação de uma geopolítica internacional, em que o Brasil não passaria de um peão do cavalo no grande xadrez de uma nova guerra mundial que não será fria em momento algum.


2 comentários:

  1. Massa demais Belo. Irei compartilhar com meus alunos. Logo te mando meu escrito sobre o tema.

    ResponderExcluir