terça-feira, 17 de agosto de 2021

Geopolítica: Afeganistão, Talibã e derrota do imperialismo Capitalista


Por: Belarmino Mariano

A fracassada invasão americana no Afeganistão, com apoio da OTAN (Reino Unido e França), depois de 20 anos de exploração e violência, finalmente fracassou. Mas em seu lugar se instalará o fundamentalismo islâmico do Talibã, que foi uma cria americana para destruir o socialismo afegão, desde a década de 1978.
Um país rico de um povo pobre e violentado ao longo de séculos. Invasões e tradições de violência e opressão contra as mulheres em todo o mundo. Essa é a única pauta da impressa burguesa contra o Talibã? O talibã assassina mulheres, o Talibã ameaça a democracia ocidental. Será que é só o Talibã? Se hoje o Talibã é uma peça estranha ao imperialismo capitalista, temos que relembrar aos Estados Unidos que o neoliberalismo e as grandes corporações, estão aí, destruindo os povos, o meio ambiente e alastrando uma pobreza absoluta em quase todos os lugares do globo.
Falta relembrar aos americanos e a OTAN, que o Talibã também se formou a partir de mercenários imperialistas e forças de informação secreta americana, que hoje estão no alto comando desse grupo, em especial os mercenários fundamentalistas do mundo Árabe, treinados para missões secretas em toda a região de fronteiras com o antigo regime soviético durante a Guerra Fria e que continuam atuando, levando e trazendo informações, criando situações de caos e instabilidade no Iraque, Síria, Irã, Paquistão e em qualquer país em que seus governos tenham uma mínima autonomia em relação aos interesses americanos.
Independente do tipo de governo, temos que condenar todos os tipos de violência contra as mulheres e contra os povos oprimidos. Que as potências imperialistas parem as guerras e invistam em paz, saúde, educação, alimentação, diversidade e intercâmbio cultural aos povos. 
O Brasil não é o Afeganistão, mas nossas mulheres são constantemente violentadas por um machismo estrutural. Aqui no território brasileiro, assim como no Afeganistão, na Ucrânia ou na Arábia Saudita, as mulheres são agredidas e mortas diariamente. A diferença é que o Brasil já é dominado pelo capital americano.
De 2001 a 2021 já eram 20 anos de invasão americana ao Afeganistão. Corrupção, roubo do petróleo, contrabando americano de papoula, ópio e outras riquezas. Também existe uma desconfiança internacional de outros interesses americanos na ocupação da região, entre elas o desenrolar da "primavera árabe" e a Guerra na Síria a partir de 2011.
A Saída apressada, tem provocado uma situação trágica, pois sabiam que em breve seriam massacrados pelo Talibã e os outros grupos nacionalistas afegãos.
Não estamos aqui para dizer que o Talibã, Al qaeda ou o Estado Islâmico sejam bonzinhos. E nem podem ser, pois estão em luta há décadas contra invasores imperialistas.
Não podemos esquecer que Inglaterra e França, estavam nesta invasão junto com USA e países da OTAN. Todos querendo as riquezas afegãs.
Quem inventou o Talibã? Talvez muitos nem desconfiem, mas esse grupo Talibã que em afegão significa movimento estudantil, foi criado pelos Estados Unidos durante a Guerra Fria, contra os soviéticos que ocuparam o Afeganistão entre 1979 a 1989. Nessa época os americanos investiram bilhões de dólares em treinamento e armas, para o grupo, tendo como aliado americano o filho de Árabes Osama Bin Laden.  Os seja, os americanos que não tiveram coragem para enfrentar os soviéticos, usaram crianças e jovens afegãos para transformá-los em bucha de canhão para suas guerras frias.


Entre os dez anos de invasão soviéticas, conflito civil militar depois da saída soviética, instalação do governo Talibã e ocupação americana, são mais de quarenta anos de Guerras quase que constante em um território que se transformou num território de destruição e mortes. Quase meio século de conflitos constantes. Os povos que vivem no Afeganistão, de diferentes etnias e de minorias étnico-religiosas não sabem a quem servir, se aos interesses ocidentais ou orientais e em meio a tudo isso, resistem e lutam pela libertação do seu povo/território.
A outra pergunta vai para o ocidente. O que fizeram os governos europeus com os milhões de afegãos que tiveram que fugir do país, depois da invasão dos Estados Unidos e o aumento dos conflitos com os vários grupos militares de resistência a invasão americana? Simplesmente fecharam as portas dos seus países e milhões de pessoas na atualidade representam o maior número de refugiados do mundo. Ou seja, foram ao Afeganistão em busca de poder, de riquezas.
O que foi feito de fato para mudar a vida dos afegãos nestas duas últimas décadas? Quando vemos que o país continua com mais de 70% de sua população vivendo abaixo e na linha da pobreza, com dados da própria ONU que colaborou com a invasão americana (OTAN), nada ou quase nada foi feito. apesar de uma aparente melhora na capital afegã de Kabul, a periferia urbana da capital e de todas as demais cidades do país é um verdadeiro caos, reconstrução em quase nenhuma área. Vale registrar os esforços internacionais, arrecadaram mais de 250 bilhões de dólares para investimentos no Afeganistão. Só esse recurso, daria para ter acabado a pobreza no país, com apenas 29 milhões de pessoas. O que o governo afegão, controlado pelos americano, fez com as doações internacionais ao país? Se ocorreu tanta ajuda internacional, o justifica a pobreza generalizada no Afeganistão de hoje?
Na verdade, os americanos usaram o discurso de guerra contra o terror, mas fizeram mais terror. A pergunta é bem simples, em 20 anos não daria para gerar um desenvolvimento do país? Segundo as declarações de Bush, de Obama, Trump e Biden  eram as mesmas, levar democracia e ajuda humanitária os povos do Oriente Médio. Mas todos sabemos que estavam lá para controlar o grande mercado de petróleo e gás natural daqueles países como Iraque, Afeganistão, Síria e outros. Na verdade o que levaram foi guerra, morte e destruição de população civil, além de milhões de refugiados.
Essa derrota do imperialismo ocidental, a fuga dos apoiadores do governo fantoche pró americano, foi notícia no mundo inteiro. 
Se no Vietnã quando as tropas americanas fracassaram, usaram agentes laranjas e armas químicas contra os vietnamitas. no Afeganistão depois que milhares de soldados foram derrotados pelos homens do deserto, Obama autorizou o uso de bombas em drones e mais mortes de população civil que de soldados do Talibã. O fracasso foi total e a derrota se confirma depois de 20 anos contra um povo, extremamente antigo e acostumado ao deserto e as guerras. Erro estratégico, erro humanitário e vergonha mundial de um capitalismo que com sangue tenta lucrar as custas dos povos do mundo.
A geopolítica é assim. Na realidade, os grupos armados nacionalistas estão recuperando os espaços perdidos a vinte anos.
De acordo com Angela Pereira, com reportagem Reposted from @redemarxista:
"A Revolução de Saur, no Afeganistão (na foto, uma revolucionária) ocorreu ao fim de abril de 1978. Proclamou um estado laico e empreendeu a reforma agrária. Também proibiram a usura, fizeram várias declarações sobre direitos das mulheres, igualdade entre os sexos e introduziram as mulheres na vida política. 
A fim de derrubar o regime socialista levado ao poder, os EUA começaram a financiar no país grupos de religiosos reacionários, um dos quais viria a ser conhecido como... Taliban. Como lembra Antonio Martins, do site "Outras Palavras":
"É esse clima de extremismo e intolerância suscitado por Washington que atrairá o saudita Osama bin Laden ao Afeganistão. No início dos anos 80, quando chegou ao país, ele era apenas o jovem herdeiro milionário de uma família de empresários do ramo da construção. Estava fascinado pela jihad patrocinada pelos EUA. Foi o primeiro saudita a aderir a ela, e levou consigo, ao longo do tempo, pelo menos 4 mil compatriotas. Tornou-se líder dos “voluntários” no Afeganistão. Aproximou-se dos dirigentes do IAAM, que, graças ao apoio recebido da Casa Branca, constituiriam anos depois o governo Taliban."
Viva a memória da Revolução de Saur! Viva o proletariado e o povo pobre afegão. Abaixo os EUA e os extremistas doTalibã, e viva o socialismo no Afeganistão e em todo o mundo!
Donald Trump, agora tenta culpar o governo Biden, pela atual crise, mas na verdade, essa crise estourou no próprio governo Trump e em governos americanos anteriores. A guerra foi um erro, os prejuízos são incalculáveis e o que a mídia burguesa encobria,  rapidamente veio a tona. 
Essa derrota do imperialismo demonstra que os povos oprimidos do mundo precisam lutar pela libertação e pelo fim do capitalismo.
Viva o povo afegão que lutou e resistiu a invasão imperialista americana com apoio da OTAN.

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