Por Belarmino Mariano
Gostaria de me solidarizar com toda a família, amigos e correligionários de Zenóbio Toscano. Um homem que deixou marcas na História Política de Guarabira e região. Um grande adversário político, respeitoso e atento ao que diziam seus opositores.
Participamos de alguns debates políticos e ele sempre ouvia as críticas dos seus adversários e as respondia com muito esmero. Quando não respondia com alguma coisa prática, apresentava os argumentos típicos daqueles que sempre defenderam e prezaram pela democracia.
Lembro de nossas reuniões no Ministério Publico e na Justiça eleitoral para definir os limites e possibilidades para o pleito eleitoral de 2016, quando também fui candidato a prefeito de Guarabira pelo PSOL, inclusive do importante debate realizado pela TV Mídia, comandado por Michele Marques. Éramos apenas adversários políticos e, nós, quando estamos no campo da oposição, tendemos a sermos mais ácidos com nossos adversários que o normal, com Zenóbio não foi diferente. Minhas críticas, sempre foram muito mais a sua agremiação política, o PSDB, do que propriamente ao prefeito Zenóbio, pois independente do que achamos ou defendemos enquanto políticas públicas, nem sempre se consegue atingir na prática.
Conheci Zenóbio através do amigo Wagner, estudante de Geografia da UFPB em sua festa de casamento com Vanina Toscano, a filha de Zenóbio e Léa Toscano. Nunca nem imaginava que faria concurso para Guarabira, terra em que a família administrava a época. Um casamento é um momento de alegria, de festa, de confraternização. Tanto ele, quanto sua esposa e filhos, foram muito atenciosos com os convidados do Wagner.
Também tive oportunidade de conhecer Zenóbio de maneira mais próxima, através dos amigos Luiz Gustavo Sales e Ricelia Marinho Sales. Os dois vieram trabalhar aqui na UEPB, como professores substitutos e eram muito amigos do filho de Zenóbio, Thiago. Estou lembrando dessas coisas, pois sempre que encontrava Zenóbio, ele perguntava carinhosamente pelos amigos que foram morar no interior da Bahia e depois fizeram um novo concurso e foram trabalhar na UFCG de Pombal.
Quando me tornei Diretor do Centro de Humanidades da UEPB, durante duas gestões, Zenóbio foi as duas posses e sempre se preocupava com o que acontecia com a universidade, com o que estava faltando e fazia questão de me telefonar e avisar que havia feito algumas cobranças a nossa reitora a época, professora Marlene Alves e aos pró-reitores que encontrava em alguma reunião.
Na gestão do professor Rangel Jr, Zenóbio sempre estreitou os laços da UEPB com a PMG, com a implantação da Universidade Aberta a Maturidade, na qual tive o prazer de lecionar para as minhas alunas da Terceira Idade, também na realização de concursos, em que ele deu prioridade para editais com a COMVEST/UEPB.
Chegamos a fazer pressão juntos para que Marlene Alves autorizasse a abertura de uma nova turma de Direito para o turno da tarde e a criação do Curso de Pedagogia. Estas demandas foram atendidas pela reitora a época.
Zenóbio sempre era um dos primeiros convidados a chegar em colações de grau dos estudantes da UEPB em Guarabira, sempre respeitoso com os formando e seus familiares. Enquanto se desenrolavam os cerimoniais, conversávamos amenidades e como um bom Vascaíno, Zenóbio sempre tirava ondas do meu Flamengo, sempre lembrava que sua esposa, também era Flamenguista. Também gostávamos de conversar sobre a política local e estadual, parece que ele gostava de ouvir minhas opiniões, pois provocava alguns questionamentos. Lembro que tivemos alguns momentos como aliados políticos do ex-governador Ricardo Coutinho e a política de Ricardo para com a UEPB foi muito dura, com cortes no orçamento e diminuição dos investimentos na instituição. Isso era também uma preocupação de Zenóbio.
Uma das coisas em que me lembro bem, foi no momento que a TV Mídia realizou aquele histórico debate com os candidatos a prefeitos e fez uma reunião com os candidatos para traçar as regras do debate. Lembro-me bem, que alguns representantes de candidaturas, chegaram a tentar impedir a minha participação, pois o PSOL era considerado um nanico dentro do Congresso Nacional, mas Zenóbio não vacilou em dizer que era importante a participação de todos. Um ato daqueles que sempre acreditaram na democracia.
No debate foi muito interessante, pois eu tive que ficar no meio de dois grandes adversários políticos, Zenóbio Toscano e Fátima Paulino. Antes de começar a transmissão, em meio a tensão do momento político e da reeleição para Zenóbio, conversamos tranquilamente e Zenóbio me perguntava sobre as cabeçadas do PT de Guarabira, pois o grupo havia se dividido entre o apoio a Josa da Padaria (PSB) e Fátima Paulino (MDB).
Confesso que não foi um debate fácil, pois estava em meio a velha política de Guarabira e Zenóbio Toscano, que tinha os dados de sua gestão na ponta da língua e ainda me fazia provocações para atacar seus adversários diretos, que eram Fátima e Josa. Como eram perguntas, replicas e treplicas, tinha que me virar nos trinta, para escapar das suas astúcias e artimanhas políticas, coisa de quem tinha muita experiência acumulada.
Tivemos um grande amigo em comum Waldir Porfírio, que em bons bate papos, lembrava do Deputado Zenóbio Toscano que lutou pelos direitos dos anistiados políticos e das suas posições progressistas. Lembranças também do amigo e hoje compadre Alexandre Moca, das lutas estudantis, das lutas jovens e da primeira gestão do prefeito Zenóbio, em um período em que o Brasil, ainda estava engatinhando do processo de redemocratização política, tempo em que o grupo participava do antigo PMDB.
Estudando a velha política oligarca de Guarabira e região, acho que Zenóbio estava no caminho do meio entre os velhos políticos e aqueles que despertaram para a trajetória política, quando o Brasil começava a viver seu processo de redemocratização, saindo das ganas da Ditadura Militar. Essa história precisa ser respeitada, pois o Brasil, começa a viver uma escalada autoritária e perder políticos com práticas democráticas é algo lamentável.
Gostaria muito de não estar escrevendo esse pequeno texto das poucas memórias em que convivi com a pessoa de Zenóbio, pois sei que é uma despedida e como perdi um querido e amado irmã para o Covid-19, fico não querendo passar por despedidas como essas.
Infelizmente, Zenóbio Toscano entrou nas estatísticas dessa doença perversa, pois como todos sabemos, ele era do grupo de risco e ainda estava se recuperando de outras complicações de saúde. Ele nem estava se movimentando como muitos que desdenham da Covid-19 e provavelmente tenha sido acometido pela Covid-19, através de alguém assintomático, que nos obriga a redobrarmos todos os cuidados e orientações da OMS e autoridades locais.
Primeira Dama, Léa Toscano, Vanina, Thiago, Daniela e Camila Toscano, amigos Percinaldo Toscano, Cleoma M Toscano Henriques, Henrique Toscano, Heitor Toscano, Cleice Toscano, Calcelio Galvao Toscano, Lívia Toscano, Rejane Toscano Toscano e demais familiares e amigos de Zenóbio Toscano, saibam que compartilho da dor de vocês. Vamos erguer a cabeça e mirar na paz espiritual, nos caminhos floridos e a luz que nos guia para a vida eterna.
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