Por Belarmino Mariano
Meu alegre e amigo irmão Carlos Belarmino. É com muito dor que me despeço de você. Eu estava fazendo uma live, quando um aluno pediu licença para nos dá a triste notícia de que você havia falecido no Hospital da Unimed em João Pessoa.
Cara, logo você, aquela pessoa amiga, animada, alegre e sempre presente em tudo o que a gente fazia na Geografia da UEPB Guarabira. Você que também era aquele irmão querido de comadre Luciene Arruda, a gente era aquele trio parada dura, agora sem você, tudo será mais difícil.
Quanto trabalho a gente ainda tinha para fazer juntos. Como é difícil receber essa notícia em meio a uma aula da Geografia que você tanto amava.
Sei dos teus caminhos, da tua seriedade com tua família parental e com a tua família profissional ou acadêmica, pois você era aquele professor, pesquisador, cientista que levava os estudantes para dentro de casa, dava comida e se preciso fosse, vestia para que eles continuassem suas pesquisas, seus estudos.
Você vai deixar uma gigantesca lacuna em nossas existências, você fará muita falta, nos deixa órfãos de tua presença de alegria. Tenha certeza de uma coisa, sempre iremos lembrar de você em tudo que a gente estiver fazendo, pois isso já acontecia, independente de tua morte. Quando a gente fazia viagens de campos e você não estava presente, era como se estivesse, pois sempre comentávamos o que você faria se estivesse conosco. Saiba meu irmão Carlos Belarmino.
Você é aquele irmão presente e próximo. Quando meu outro irmão morreu, você foi um dos primeiros que me ligou para tentar me consolar. Agora assim perdi dois irmãos para essa doença perversa. Tenho muito respeito a Morte, mas a dor é muto grande.
... E fica um grande vazio geográfico!
"Sonhos que sonhamos juntos"
Por Belarmino Mariano
Por Belarmino Mariano
Quando perdi meu irmão José Belarmino (Belar) para o Covid-19, Carlos Belarmino me ligou para me acalmar e me acalentou com palavras de fé e esperança, me dizendo para me cuidar, me dando todos os bons conselhos que um companheiro daria nestas horas difíceis, em que as palavras nos fogem a mente.
Confesso que fiquei meio perdido, pois aquele irmão foi meu segundo pai, diante das dificuldades do meu para para manter 13 filhos em uma cidade grande. Ele começou a trabalhar cedo, foi o primeiro a se formar em uma universidade, junto com Joana Belarmino de Sousa. Eles conseguiram seus empregos e nos apoiaram em tudo o quanto podia, junto com meus outros irmão mais velhos, Manoel e Luzia Belarmino, que trabalhavam em fábricas de Sisal, na cidade de Bayeux, onde morávamos. Todos estes irmãos, cegos de nascimento, mas a cegueira fora apenas um obstáculo, superado com muita determinação.
Carlos era admirado com estas histórias e sonhava em conhecer todos os meus irmãos e inclusive chegou a conhecer alguns. Nos considerávamos primos, devido aos sobrenomes Belarmino.
Uma vez lhe contei que um compadre do meu velho pai se chamava Antônio Alves e aos domingos, colocavam as celas nas burras e saiam pelos sítios do Pajeú e Cariri a procura de festas. Como podre, um Antônio Carlos Belarmino Alves, vir a se tornar um grande amigo, do filho caçula do seu Mariano, muitos anos depois?
Comecei a trabalhar, levando o almoço dos meus irmãos, Belar, Manoel e Luzia. Todos os dias atravessava a cidade a pé para chegar nestas fábricas de sisal. Estudei, trabalhei de offboy, trabalhei no comércio, em padarias, lojas de calçados e supermercados.
Vejo que os sonhos da gente, nunca são tão nítidos, nunca são tão exatos, como os sonhos do Faraó, nem temos tradutores de sonhos como José do Egito. Nestas noites pós morte do meu irmão, tive um sonho muito estranho. Sonhei que Carlos Belarmino me procurava e dizia que a gente tinha que conversar com Zenóbio, sobre o caos na feira de Guarabira. Ele dizia que Zenóbio nos receberia e que era preciso. Naquele momento, não dei importância aquele sonho, pois a pandemia do Covid-19, estava nos consumido a todos. Dias depois soube que Zenóbio havia sido hospitalizado e Carlos Belarmino também, ambos com complicações devido ao Covid-19. Relembrei de fragmentos daquele sonho, mas o vírus já havia se instalado em Guarabira e em nossa região. Nunca imaginei que estes dois seres reais que apareceram em meu sonho, perderiam suas vidas por complicações dessa doença perversa.
Nestes dias, estava pensando o que me trouxe para Guarabira, pois nestes 20 anos que estou aqui, encontrei novos amigos e verdadeiros irmãos, ao exemplo de Carlos, Amarildo H. Lucena, João Andrade, Alvaro Henriques De Lucena Henriques, Alexandre Moca, Valderedo Alexandre de Souza, Raminho Talibã, Matusalém, Vamberto Mendes, sem falar nas irmãs, amigas, mulher e filhas.
O certo é que entrei na UFPB em João Pessoa, como aqueles alunos noturnos, que trabalhava de dia e estudava a noite, mas as duras penas, me formei em Geografia em 1992. As primeiras escolas e estava lá como professor e, enquanto ensinava, continuei estudando, pesquisando e fui ser Bolsista de Emilia Moreira, do Projeto "Por um Pedação de Chão", pesquisando sobre a parte do trabalho infantil e dos conflitos de terra na Paraíba.
Cheguei ao final dos anos de 1990 e continuei estudando, fiz especialização, fiz mestrado e sempre dando aulas em colégios e cursinhos em João Pessoa. Nesse período, também dava aulas em um cursinho de Guarabira, no Colégio Santo Antônio. Já era início de 2001. Naquele período estava lançando meu primeiro Livro, "Ecologia e Imaginário" e o diretor à época, Prof. Julho e Nildo, me deram todo apoio para o lançamento do livro na escola, com uma noite de autógrafos. Já era parceiro do Professor Matusalém, em temas como geografia política e nova ordem mundial. Mas foi nesta noite de autógrafos que conheci Carlos Belarmino, pois ele estava presente e muito se interessou pelo tema.
Nunca nem imaginava que estava conhecendo um novo irmão, até que fiz concurso para a UEPB no final de 2001 e em junho de 2002, fui finalmente contratado para o cargo de professor em Guarabira. Daí para a frente, foram 19 anos de convivência direta com o Professor Carlos Belarmino. A coincidência dos nossos nomes, sempre foi um capitulo a parte em nossas vidas. pois sempre nos confundiam os nomes, trocavam nossas identidades e eu sempre brincava com Carlos, para ele não fazer nada de errado e eu pagar o pato e ele sempre respondia: "a reciproca é verdadeira".
Para não confundir as coisas, a Professora Ana Gloria Marinho sempre me chamava de Mariano, pois Carlinhos já era veterano do Departamento de Geografia e História. Em nossas conversas, vimos que muitos dos professores que me formaram na UFPB, também foram seus professores na UEPB.
Foi na Geografia e na UEPB, que nossos caminhos se cruzaram definitivamente. Quando encontrava Carlos Belarmino com sua família, ficava vendo as filhas dos meus irmãos mais velhos como sobrinhas, em suas quatro belas filhas, se bem que Duda ainda era uma criança. Em Dudinha, como Ele chamava sua caçula, vejo as linhas que teceram nossas vidas, pois meu filho, Vitor Hanael, também era uma criança. Depois tive Brenda Mariano e Luisa Mariano. Carlos sempre dizia que as duas eram Terra quente e Pedra quente. Nas idades nos nossos filhos, vimos o tempo passar e suas filhas se casarem, suas festas de casamento e aniversários, até que chegou seu primeiro netinho. Como Carlos estava feliz, como a vida incerta, nos propícia momentos de felicidade.
Eu sempre admirava a dedicação de Carlos Belarmino ao que fazia, ele brincava dizendo que tinha um monte de filhas mulheres, pois só fazia o que gostava e ria muito das suas próprias piadas. Suas pesquisas, suas orquídeas, suas descobertas e achados arqueológicos, seus livros, suas buscas por um mundo desconhecido era o combustível dos seus fazeres acadêmicos.
Desde a época em que se formou em cooperativismo (UFPB, 1979), que se embreava por dentro destes sítios e povoados da Região de Guarabira. Com isso, ele conhecia Deus e mundo, sempre ajudando os trabalhadores rurais na criação e organização de suas cooperativas e associações.
Ele uma vez me contou o quanto era apaixonado pela Geografia e que sempre lembrava com carinho dos professores Paulo, Santana, Ana Gloria, Marceleuze Tavares, Renato e tantos outros que lhe formaram em Geografia (UEPB, 1990).
Mas Carlos Belarmino, em se tratando de ciência, sempre queria um pouco mais e resolveu cursar História, concluído o curso em 1996 , também pela UEPB. Em paralelo ele fez duas especializações, em Metodologia do Ensino Superior (1991) e Especialização em Análise Ambiental (1998). Durante estes cursos ele já era professor da UEPB.
Quando cheguei em Guarabira, Carlos estava se preparando para tentar um mestrado, então, junto com outros companheiros como Luciene Arruda, começamos a fomentar nosso primeiro Grupo de Pesquisa. O Terra - Pesquisas Urbanas, Ruais e Ambientais. Esse grupo envolveu dezenas de estudantes e professores e Carlos Belarmino se engajou na equipe com todo afinco e dedicação.
Na mesma época iniciou um Mestrado em Educação, Desenvolvimento e Politicas Educativas, pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. em um sistema semi-presencial. Concluiu sua dissertação em 2004, tendo defendido seu estudo em Portugal.
Por volta de 2010, começou a sonhar com seu doutorado e com suas pesquisas e orientações, conseguiu aprovar uma pesquisa para a área de etnobotânica ou estudo de plantas endêmicas da caatinga paraibana e assim concluiu seu Doutorado em Agronomia pelo Centro de Ciências Agrárias, da Universidade Federal da Paraíba, na linha de pesquisa Agricultura Tropical (2015).
Nesse meio tempo, o incansável Carlos Belarmino, fazia suas pesquisa e somava com a professora Luciene e outros em dezenas de pesquisas de iniciação cientifica e de outros editais da UEPB e CNPq. Ele estava na linha de frente das nossas quatro turmas de Especialização em Geografia e Território, das quais resultaram três importantes livros, nos quais o professor e autor e coautor de vários capítulos.
Carlos Belarmino era um servidor público, sem igual. Ele não media esforços para orientar seus pesquisadores concluintes e não conto as vezes em que estivemos em finais de semestres, no apagar das luzes, realizando bancas de defesa para que os estudantes concluíssem seus cursos. Nessa brincadeira, são mais de 200 trabalhos orientados e mais 400 bancas e comissões de avaliação dos trabalhos.
Se hoje temos uma geração de professores, espalhados principalmente pela Paraíba e o Rio Grande do Norte, podemos testemunhar que muitos foram direta ou indiretamente formados por Carlos Belarmino. Não apenas professores, mais funcionários públicos em outras áreas, secretários de educação e de meio ambiente, são centenas de casos. Muitos prefeitos e vereadores das redondezas que se formaram em Geografia pela UEPB, receberam ensinamentos do professor Carlos.
São incontáveis as suas participações em congressos, encontros, seminários e simpósios na área de Geografia, destes, são centenas de artigos científicos, comunicações científicas e capítulos de livros. Isso em escala local, regional, nacional e internacional.
Carlos Belarmino era adepto do hibridismo geográfico, uma prova disso foia a sua atuação em diferentes temas, como: Agricultura familiar e meio ambiente rural; Recursos Hídricos; Gestão de resíduos sólidos; Conservação de recursos naturais; Fitossociologia, Etnobotânica e Etnoclimatologia.
Com membro fundador do grupo Terra-CNpq de pesquisa urbana rural e ambiental- DG/UEPB e do Olhares Geográficos - Grupo de Pesquisa em Geografia Cultural e da Percepção - DG/UEPB, ele foi mais longe e a partir do seu doutorado passou a integrar o Laboratório de Etnoecologia e Ciências Ambientais - LECA/CCEN/UFPB.
Carlos Belarmino não deixou apenas uma esposa, quatro filhas, um neto e seus irmãos e amigos. Ele deixou muitos frutos de suas pesquisas. Vou tomar a liberdade para dizer que alguns dos seus filhos acadêmicos, além das graduações, fizeram especializações, mestrados e doutorados, olha que são muitos, mas nesse momento citaria alguns companheiros de trabalho que foram formados com total apoio de Carlos Belarmino: Dr. Joel Maciel, Dr. Leandro Paiva, Dr. Diego Pessoa, Dr. Ivanildo Costa, Dr. Ramon Santos, Dr. Valnir Meneses, doutorandos Sharlene Bernardino e Marcio Balbino Cavalcante, Mestres Sâmia Bandeira, Ana Carla Santos, Simone Silva, Rômulo Panta, Cleityane Freire, Silvaniafelix Felix, Rafael Fernandes, entre milhares de graduados outras dezenas e dezenas de especialistas que tiveram a contribuição do professor Carlos Carlos Belarmino.
Nesse momento, a professora Luciene Arruda, coordenadora geral do Projeto Humaniza Bosque, no qual o professor Carlos era peça fundamental, juntamente com o Prof. Joel Maciel, na identificação e catalogação das especies. A Profa. Luciene, sugeriu que nosso Bosque passe a se Chamar Bosque Prof. Carlos Belarmino, em homenagem ao importante trabalho na UEPB, pois sempre fez esse trabalho de semear e/ou plantar árvores dentro da campus de Guarabira. A nós, resta o pepel em manter viva a sua memória e todas as homenagens serão bem vindas, para mantermos vivos esse legado.
Professor Carlos Belarmino, na próxima semana estarei fazendo uma live em homenagem aos seus estudos sobre Ufologia, então reeditarei aquele nosso Minicurso em Geografia e Ufologia, que realizamos em um das muitas semanas de Geografia, organizadas por Klemylsonn França, Simone Silva, Roberto Borges Monteiro e toda essa galera jovem da Geografia. Vamos manter viva e flamejante a sua memória, as suas brincadeiras e o seu esforço, sempre a serviço de uma humanidade melhor.
Confesso que fiquei meio perdido, pois aquele irmão foi meu segundo pai, diante das dificuldades do meu para para manter 13 filhos em uma cidade grande. Ele começou a trabalhar cedo, foi o primeiro a se formar em uma universidade, junto com Joana Belarmino de Sousa. Eles conseguiram seus empregos e nos apoiaram em tudo o quanto podia, junto com meus outros irmão mais velhos, Manoel e Luzia Belarmino, que trabalhavam em fábricas de Sisal, na cidade de Bayeux, onde morávamos. Todos estes irmãos, cegos de nascimento, mas a cegueira fora apenas um obstáculo, superado com muita determinação.
Carlos era admirado com estas histórias e sonhava em conhecer todos os meus irmãos e inclusive chegou a conhecer alguns. Nos considerávamos primos, devido aos sobrenomes Belarmino.
Uma vez lhe contei que um compadre do meu velho pai se chamava Antônio Alves e aos domingos, colocavam as celas nas burras e saiam pelos sítios do Pajeú e Cariri a procura de festas. Como podre, um Antônio Carlos Belarmino Alves, vir a se tornar um grande amigo, do filho caçula do seu Mariano, muitos anos depois?
Comecei a trabalhar, levando o almoço dos meus irmãos, Belar, Manoel e Luzia. Todos os dias atravessava a cidade a pé para chegar nestas fábricas de sisal. Estudei, trabalhei de offboy, trabalhei no comércio, em padarias, lojas de calçados e supermercados.
Vejo que os sonhos da gente, nunca são tão nítidos, nunca são tão exatos, como os sonhos do Faraó, nem temos tradutores de sonhos como José do Egito. Nestas noites pós morte do meu irmão, tive um sonho muito estranho. Sonhei que Carlos Belarmino me procurava e dizia que a gente tinha que conversar com Zenóbio, sobre o caos na feira de Guarabira. Ele dizia que Zenóbio nos receberia e que era preciso. Naquele momento, não dei importância aquele sonho, pois a pandemia do Covid-19, estava nos consumido a todos. Dias depois soube que Zenóbio havia sido hospitalizado e Carlos Belarmino também, ambos com complicações devido ao Covid-19. Relembrei de fragmentos daquele sonho, mas o vírus já havia se instalado em Guarabira e em nossa região. Nunca imaginei que estes dois seres reais que apareceram em meu sonho, perderiam suas vidas por complicações dessa doença perversa.
Nestes dias, estava pensando o que me trouxe para Guarabira, pois nestes 20 anos que estou aqui, encontrei novos amigos e verdadeiros irmãos, ao exemplo de Carlos, Amarildo H. Lucena, João Andrade, Alvaro Henriques De Lucena Henriques, Alexandre Moca, Valderedo Alexandre de Souza, Raminho Talibã, Matusalém, Vamberto Mendes, sem falar nas irmãs, amigas, mulher e filhas.
O certo é que entrei na UFPB em João Pessoa, como aqueles alunos noturnos, que trabalhava de dia e estudava a noite, mas as duras penas, me formei em Geografia em 1992. As primeiras escolas e estava lá como professor e, enquanto ensinava, continuei estudando, pesquisando e fui ser Bolsista de Emilia Moreira, do Projeto "Por um Pedação de Chão", pesquisando sobre a parte do trabalho infantil e dos conflitos de terra na Paraíba.
Cheguei ao final dos anos de 1990 e continuei estudando, fiz especialização, fiz mestrado e sempre dando aulas em colégios e cursinhos em João Pessoa. Nesse período, também dava aulas em um cursinho de Guarabira, no Colégio Santo Antônio. Já era início de 2001. Naquele período estava lançando meu primeiro Livro, "Ecologia e Imaginário" e o diretor à época, Prof. Julho e Nildo, me deram todo apoio para o lançamento do livro na escola, com uma noite de autógrafos. Já era parceiro do Professor Matusalém, em temas como geografia política e nova ordem mundial. Mas foi nesta noite de autógrafos que conheci Carlos Belarmino, pois ele estava presente e muito se interessou pelo tema.
Nunca nem imaginava que estava conhecendo um novo irmão, até que fiz concurso para a UEPB no final de 2001 e em junho de 2002, fui finalmente contratado para o cargo de professor em Guarabira. Daí para a frente, foram 19 anos de convivência direta com o Professor Carlos Belarmino. A coincidência dos nossos nomes, sempre foi um capitulo a parte em nossas vidas. pois sempre nos confundiam os nomes, trocavam nossas identidades e eu sempre brincava com Carlos, para ele não fazer nada de errado e eu pagar o pato e ele sempre respondia: "a reciproca é verdadeira".
Para não confundir as coisas, a Professora Ana Gloria Marinho sempre me chamava de Mariano, pois Carlinhos já era veterano do Departamento de Geografia e História. Em nossas conversas, vimos que muitos dos professores que me formaram na UFPB, também foram seus professores na UEPB.
Foi na Geografia e na UEPB, que nossos caminhos se cruzaram definitivamente. Quando encontrava Carlos Belarmino com sua família, ficava vendo as filhas dos meus irmãos mais velhos como sobrinhas, em suas quatro belas filhas, se bem que Duda ainda era uma criança. Em Dudinha, como Ele chamava sua caçula, vejo as linhas que teceram nossas vidas, pois meu filho, Vitor Hanael, também era uma criança. Depois tive Brenda Mariano e Luisa Mariano. Carlos sempre dizia que as duas eram Terra quente e Pedra quente. Nas idades nos nossos filhos, vimos o tempo passar e suas filhas se casarem, suas festas de casamento e aniversários, até que chegou seu primeiro netinho. Como Carlos estava feliz, como a vida incerta, nos propícia momentos de felicidade.
Eu sempre admirava a dedicação de Carlos Belarmino ao que fazia, ele brincava dizendo que tinha um monte de filhas mulheres, pois só fazia o que gostava e ria muito das suas próprias piadas. Suas pesquisas, suas orquídeas, suas descobertas e achados arqueológicos, seus livros, suas buscas por um mundo desconhecido era o combustível dos seus fazeres acadêmicos.
Desde a época em que se formou em cooperativismo (UFPB, 1979), que se embreava por dentro destes sítios e povoados da Região de Guarabira. Com isso, ele conhecia Deus e mundo, sempre ajudando os trabalhadores rurais na criação e organização de suas cooperativas e associações.
Ele uma vez me contou o quanto era apaixonado pela Geografia e que sempre lembrava com carinho dos professores Paulo, Santana, Ana Gloria, Marceleuze Tavares, Renato e tantos outros que lhe formaram em Geografia (UEPB, 1990).
Mas Carlos Belarmino, em se tratando de ciência, sempre queria um pouco mais e resolveu cursar História, concluído o curso em 1996 , também pela UEPB. Em paralelo ele fez duas especializações, em Metodologia do Ensino Superior (1991) e Especialização em Análise Ambiental (1998). Durante estes cursos ele já era professor da UEPB.
Quando cheguei em Guarabira, Carlos estava se preparando para tentar um mestrado, então, junto com outros companheiros como Luciene Arruda, começamos a fomentar nosso primeiro Grupo de Pesquisa. O Terra - Pesquisas Urbanas, Ruais e Ambientais. Esse grupo envolveu dezenas de estudantes e professores e Carlos Belarmino se engajou na equipe com todo afinco e dedicação.
Na mesma época iniciou um Mestrado em Educação, Desenvolvimento e Politicas Educativas, pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. em um sistema semi-presencial. Concluiu sua dissertação em 2004, tendo defendido seu estudo em Portugal.
Por volta de 2010, começou a sonhar com seu doutorado e com suas pesquisas e orientações, conseguiu aprovar uma pesquisa para a área de etnobotânica ou estudo de plantas endêmicas da caatinga paraibana e assim concluiu seu Doutorado em Agronomia pelo Centro de Ciências Agrárias, da Universidade Federal da Paraíba, na linha de pesquisa Agricultura Tropical (2015).
Nesse meio tempo, o incansável Carlos Belarmino, fazia suas pesquisa e somava com a professora Luciene e outros em dezenas de pesquisas de iniciação cientifica e de outros editais da UEPB e CNPq. Ele estava na linha de frente das nossas quatro turmas de Especialização em Geografia e Território, das quais resultaram três importantes livros, nos quais o professor e autor e coautor de vários capítulos.
Carlos Belarmino era um servidor público, sem igual. Ele não media esforços para orientar seus pesquisadores concluintes e não conto as vezes em que estivemos em finais de semestres, no apagar das luzes, realizando bancas de defesa para que os estudantes concluíssem seus cursos. Nessa brincadeira, são mais de 200 trabalhos orientados e mais 400 bancas e comissões de avaliação dos trabalhos.
Se hoje temos uma geração de professores, espalhados principalmente pela Paraíba e o Rio Grande do Norte, podemos testemunhar que muitos foram direta ou indiretamente formados por Carlos Belarmino. Não apenas professores, mais funcionários públicos em outras áreas, secretários de educação e de meio ambiente, são centenas de casos. Muitos prefeitos e vereadores das redondezas que se formaram em Geografia pela UEPB, receberam ensinamentos do professor Carlos.
São incontáveis as suas participações em congressos, encontros, seminários e simpósios na área de Geografia, destes, são centenas de artigos científicos, comunicações científicas e capítulos de livros. Isso em escala local, regional, nacional e internacional.
Carlos Belarmino era adepto do hibridismo geográfico, uma prova disso foia a sua atuação em diferentes temas, como: Agricultura familiar e meio ambiente rural; Recursos Hídricos; Gestão de resíduos sólidos; Conservação de recursos naturais; Fitossociologia, Etnobotânica e Etnoclimatologia.
Com membro fundador do grupo Terra-CNpq de pesquisa urbana rural e ambiental- DG/UEPB e do Olhares Geográficos - Grupo de Pesquisa em Geografia Cultural e da Percepção - DG/UEPB, ele foi mais longe e a partir do seu doutorado passou a integrar o Laboratório de Etnoecologia e Ciências Ambientais - LECA/CCEN/UFPB.
Carlos Belarmino não deixou apenas uma esposa, quatro filhas, um neto e seus irmãos e amigos. Ele deixou muitos frutos de suas pesquisas. Vou tomar a liberdade para dizer que alguns dos seus filhos acadêmicos, além das graduações, fizeram especializações, mestrados e doutorados, olha que são muitos, mas nesse momento citaria alguns companheiros de trabalho que foram formados com total apoio de Carlos Belarmino: Dr. Joel Maciel, Dr. Leandro Paiva, Dr. Diego Pessoa, Dr. Ivanildo Costa, Dr. Ramon Santos, Dr. Valnir Meneses, doutorandos Sharlene Bernardino e Marcio Balbino Cavalcante, Mestres Sâmia Bandeira, Ana Carla Santos, Simone Silva, Rômulo Panta, Cleityane Freire, Silvaniafelix Felix, Rafael Fernandes, entre milhares de graduados outras dezenas e dezenas de especialistas que tiveram a contribuição do professor Carlos Carlos Belarmino.
Nesse momento, a professora Luciene Arruda, coordenadora geral do Projeto Humaniza Bosque, no qual o professor Carlos era peça fundamental, juntamente com o Prof. Joel Maciel, na identificação e catalogação das especies. A Profa. Luciene, sugeriu que nosso Bosque passe a se Chamar Bosque Prof. Carlos Belarmino, em homenagem ao importante trabalho na UEPB, pois sempre fez esse trabalho de semear e/ou plantar árvores dentro da campus de Guarabira. A nós, resta o pepel em manter viva a sua memória e todas as homenagens serão bem vindas, para mantermos vivos esse legado.
Professor Carlos Belarmino, na próxima semana estarei fazendo uma live em homenagem aos seus estudos sobre Ufologia, então reeditarei aquele nosso Minicurso em Geografia e Ufologia, que realizamos em um das muitas semanas de Geografia, organizadas por Klemylsonn França, Simone Silva, Roberto Borges Monteiro e toda essa galera jovem da Geografia. Vamos manter viva e flamejante a sua memória, as suas brincadeiras e o seu esforço, sempre a serviço de uma humanidade melhor.
NOTA DE PESAR DA PROFa. EMÍLIA MOREIRA (UFPB)
Acabei de receber uma notícia muito triste. Um colega da UEPB de Guarabira, super atencioso, boa gente, afetuoso, que sempre teve muita consideração e atenção comigo não resistiu a Covid. Foi o professor CARLOS BELARMINO que lutou com todas as forças mas perdeu essa batalha. Estou muito sentida e emocionada. Minhas condolências à família, aos alunos e ex-alunos e ao corpo docente da UEPB. Mais uma vida jovem e plena que é destruída por essa Pandamia. E nosso povo, infelizmente, cada dia mais egoísta, não pensa no outro: é nos barzinhos de praia, na rua, nos pequenos comércios. É um eu quero fazer eu faço. Não se lembra que está sendo responsável, com sua irresponsabilidade, pelo adoecimento ou morte de outros seres humanos. DESCANSE EM PAZ CARLOS.
Mensagem do amigo Alexandre Moca
Um tempo de branco e preto. Um tempo de tristeza, de duvidas e incertezas. Dias frios.
Um tempo de luto.
Mais um amigo que tomba, com a tragicidade das mortes anunciadas.
Mais um amigo que se muda para o plano das lembranças, das lembranças mais caras.
O professor Carlos Belarmino, ou Carlinhos, no carinhoso próximo, se despede de nós quando a florada da Jurema Branca exubera na serra do mesmo nome.
Serra de trilhas e sendeiros, lugar onde deixou impressos os seus passos, identificando espécies vegetais, enriquecendo a ciência com o seu saber generoso, partilhado com muitas gerações. Continuarei lembrando dele, e da sua alegria inquieta e juvenil.
A Serra da Jurema, um dos campos dos seus estudos, veste-se neste tempo não de luto, mas das flores brancas da "mimosa artemisiana", hoje para saudar a sua vida, a sua dedicação, a sua Geografia, o seu legado como homem da ciência e, principalmente a atitude camaradeira que o fazia um verdadeiro estafeta da alegria.
Na falta de poesia própria, peço emprestado este trecho de Roberto Mendes (Vila do adeus), para saudar o amigo.
“ …Quando os lenços cortam os laços
Num definitivo adeus
Nenhum abraço, nenhum sol nos olhos baços
Nem um traço, nem um véu
Apenas o silêncio e o som de Deus
Apenas o silêncio…”
Mensagem do Amigo Klemylsonn França
É com profunda tristeza que acabo de receber a notícia do falecimento do amigo, irmão e professor, Carlos Belarmino Alves, externo aqui meus mais sinceros votos de pesar a sua esposa @auriceliaalustau, filhas @dranathaliabelarmino @karlinha_yasmim e demais familiares e que Deus conforte o coração de todos.
Profº. Carlos Belarmino, uma pessoa exemplar, de coração enorme e acolhedor para com todos nós, você Carlos, que muito contribuiu com o seu trabalho com a cidade de Guarabira e para a história da UEPB, principalmente no Campus em Guarabira.
Trabalhamos juntos em diversos projetos na prefeitura de Guarabira, quando exerceu a Chefia de Gabinete e posteriormente foi meu professor no curso de Geografia na UEPB, assim, crescendo uma grande amizade e a admiração ao decorrer de todos esses anos. Carlos, como bem o chamava, além de ser um grande contador de histórias, estava sempre alegre, de bom humor.
Fica na memória de todos nós, momentos marcantes, dos projetos de pesquisa, das aulas de campo, dos congressos, das viagens e de todos os momentos de confraternizações que tivemos com você Carlos.
Vá em paz meu amigo, irmão. #LUTO
*NOTA DE CONDOLÊNCIA*
É com profundo pesar que soubemos do falecimento do Prof. Carlos Antônio Belarmino Alves (Prof. Carlos Belarmino). Docente do Departamento de Geografia a mais de 30 anos, uma pessoa positiva, alegre e disposta a ajudar a tod@s.
Atualmente eu tive a honra de tê-lo como Chefe Adjunto do Departamento, para além disso, o Prof. Carlos Belarmino, foi meu mestre, antes mesmo de cursar Geografia, tive a possibilidade de trabalhar e apender com ele. Para mim, foi um prazer de tê-lo como Professor, como Colega de Departamento e principalmente como amigo.
Neste momento de profunda tristeza não poderemos se solidarizar com proximidade aos familiares e amigos, os quais eram muitos. Mas em respeito à sua memória, devemos buscar construir um mundo melhor, acreditando que a Boa ciência deve ser utilizada para o bem, respeitando as tradições dos povos.
Desejamos a tod@s amig@s, Colegas de Departamento e Familiares que Deus console nossos corações e nos conforte em saber que o Prof. Carlos está ao seu lado. Peço a tod@s que se cuidem e cuidem dos outros. Com Tristeza,
Leandro Paiva (Chefe do Departamento de Geografia/ UEPB/CH)
Nota de Pesar pelo Falecimento do Professor Carlos Antonio Belarmino Alves
A Associação dos Docentes da Universidade Estadual da Paraíba – ADUEPB informa o falecimento do seu filiado e professor do Curso de Geografia do Campus III da UEPB, Carlos Antonio Belarmino Alves, ocorrido na noite de hoje, em decorrência das complicações da Covid-19. A diretoria da entidade lamenta profundamente essa perda, a segunda entre os professores da universidade, e presta solidariedade aos familiares e amigos enlutados. O Sindicato ressalta a importância da manutenção do isolamento social e de todos os cuidados preventivos durante a pandemia.
Campina Grande, 22/06/2020. A Diretoria.
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Atualmente o professor Carlos era Chefe Adjunto do Departamento de geografia, para, além disso, o Prof. Carlos Belarmino, era aquele professor, pesquisador, cientista que realizava aulas de campo com os seus alunos com uma enorme satisfação.
Acolheu diversas vezes alunos dentro do seu lar e se necessário fosse estaria presente para ajudar os seus alunos no que fossem necessárias como pesquisas, campos e alimentação. Tivemos a possibilidade de trabalhar e aprender com ele. Para nós, foi um prazer de tê-lo como Professor, membro de Departamento e principalmente como amigo.
Felizes aqueles e aquelas que puderam ter a possibilidade de aprender com Carlos, tê-lo como professor e principalmente conhecer a pessoa maravilhosa que era dentro e fora das salas de aula, estava sempre com alguma brincadeira pra animar as conversas em meio a um dia agitado. Ficaremos com a saudade, admiração e as lembranças boas que você deixa para nós, Professor Carlos Belarmino!
Todos que compõem o centro acadêmico Milton Santos nos solidarizamos com toda a família e amigos neste momento de grande tristeza e perca irreparável. Gostaríamos de desejar nossos votos de pesar para todos os familiares, companheiros de profissão, amigos e amigas do saudoso Carlos Antônio Belarmino Alves, que possam sentir acolhidos e confortados.
Com Tristeza, Centro Acadêmico Milton Santos UEPB/CH.
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