sábado, 15 de novembro de 2025

Rap Oruam diz: "Se eu postar uma foto dessa é apologia ao crime"

POR RAP/DF.

Oruam expõe o “Brasil seletivo das armas” após foto de Júlia Zanatta em trono de fuzis: “Se fosse eu, já tava condenado no tweet”

Oruam jogou fogo — e gasolina — em uma das maiores hipocrisias brasileiras: armas na mão de político de direita viram patriotismo; armas na mão de qualquer outra pessoa viram crime instantâneo. A foto da deputada Júlia Zanatta (PL-SC), sentada em um trono cercado de fuzis como se estivesse realizando um cosplay de milícia medieval, viralizou. Mas o estrago veio mesmo com a reação do rapper, que soltou:

“Se eu postar umas foto dessa é apologia ao crime.”

E ele mentiu? No Brasil da narrativa seletiva, basta trocar o rosto da deputada por um rosto vindo da favela para o discurso mudar de “liberdade armada” para “cadeia nele”. Um milésimo de segundo. Um print. Um motivo qualquer. É assim que funciona.

Enquanto a base bolsonarista aplaudia a foto como se fosse cartaz de filme de ação de terceiro escalão, a internet comparava a cena com imagens de traficantes exibindo fuzis — só que, dessa vez, com imunidade parlamentar, tapete vermelho e legenda temática de série.
Game of Thrones? Não. Game of Hipocrisia.

Oruam foi certeiro porque escancarou o óbvio que todo mundo finge não ver:
no Brasil, o fuzil não choca — o que choca é quem está segurando.

Se é político do PL: patriota.
Se é artista: criminoso.
Se é morador de comunidade: “inimigo público”.
Se é deputado: “estratégia de comunicação”.

É curioso como a indignação moral muda de lado mais rápido que político em ano eleitoral, né?

A fala de Oruam ainda incomoda porque ele sabe exatamente como seria tratado se ousasse postar metade do que Zanatta posta sorrindo. Ele não teria nem tempo de explicar: já estaria na manchete, no julgamento público, na cruz formada pelas mesmas pessoas que agora fingem não ver arma nenhuma na foto da deputada — só “liberdade”.
É o velho truque: quando é conveniente, arma vira símbolo. Quando não é, vira crime.

A foto incendiou o debate dentro do PL, mas nada queimou mais que a ironia de Oruam, que fez aquilo que dói mais naquele campo político: desmascarou a contradição com uma frase de 12 palavras.

O recado ficou claro — e atravessado:
no Brasil, basta trocar o sobrenome e o CEP para a lei, a moral e os julgamentos mudarem de cor, de tom e de velocidade.
E é exatamente por isso que a fala do rapper incomodou tanto: porque bateu no ponto que ninguém ali quer tocar.
Oruam provocou. E quem doeu… doeu porque entendeu.

Fonte: https://www.facebook.com/share/p/1BPLzFJwrf/

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