Por Belarmino Mariano*
Esse verbo torar é muito significativo para a cultura nordestina. Torar vem de quebrar, partir ou dividir ao meio, mas também pode ser no sentido de força e realizações.
Eu particularmente lembro de uma tora ou pedaço de pau que é forte o suficiente, mas às vezes tora, se parte em outros pedaços.
Uma tora de ferro que se tora ao meio e até uma corda que se tora pela força do puxão.
Torar o arame da cerca ou até mesmo quando o céu libera uma chuva intempestiva e forte, só pra gente dizer: "-eita que caiu um toror d'água!"
Uma queda ou baque e o cabra se estoura no chão, só pra gente dizer que o cabra se torou ao meio. E aquele amor não correspondido, que tora nosso coração em sete pedaços. Todo despedaçado o camarada vai para o bar e tora uma garrafa de cachaça, ouvindo Bartô Galeno e se lamentando.
Agora, quando o cabra bota pra torar, sai de perto! A confusão foi grande, teve briga, murro e tapa no pé do ouvido! Mas também pode ser o cara que não é de nada, fudido, vem de baixo, sofre pra tetéu, escapa fedendo e vence na vida.
Ele chega no ponto mais alto, onde ninguém acreditava ou esperava. Era um Zé Ninguém, um Chico Fuxico, um Lula da Silva.
Eita, que esse tal de Lula saiu do interior de Pernambuco, trabalhou de operário, virou presidente e se igualou ao imperador do D. Pedro II, foi foi o segundo brasileiro a receber a Medalha de Honra da Academia Francesa. Além dos títulos de Doutor Honoris Causa da Universidade Francesa e de Cidadão Parisiense. O Lula botou pra torar!!!
*Belarmino Mariano. A língua portuguesa no Nordeste. Texto baseado nas aulas da recifense Amanda Menelau @amandinhamenelau
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