Hoje é dia de São João para o catolicismo. Dia de Xangô Menino para o candomblé. Achava o sincretismo um "passa pano" do conservadorismo colonizador sobre uma religião ancestral, uma forma de se branquear "coisas dos pretos". Ainda acho, só que não mais critico, sigo a correnteza dos rios.
Já vi hoje muitas imagens do santo católico, aquela carinha de sofrimento, de martírio, de culpa, como a maioria dos santos. Todos passados por castigos tiranos, sofrimentos atrozes. Imagens esculpidas sob a inspiração da dor e da remissão dos pecados. Um exemplo que me assustou a vida toda é a forma dada a São Sebastião, crivado de flechas, sangrando.
Busquei imagens de Xangô, esse guerreiro destemido, símbolo de força, arquétipo da justiça. Quanta diferença no imaginário! As energias dos orixás são construídas pelos artistas a partir da representação da altivez, da coragem, das características de força, da sabedoria, e vitória sobre as lutas. A sensualidade e a sedução também são marcas perceptíveis nas imagens que tentam personificar essas energias. Pretos e pretas reluzentes, seios e falos fartos, bocas carnudas, e a ousadia de reagirem à submissão.
Seria essa a razão de serem "demonizados" pelo conservadorismo?
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