sábado, 18 de setembro de 2021

Geopolítica: Nova Guerra Fria?


Por Belarmino Mariano.
A velha ordem Geopolítica, veio desde o pacto colonial (século XVII), passou pelas guerras europeias do século XIX, pelas duas guerras mundiais do século XX e pela Guerra Fria, com a OTAN, Pacto de Varsovia, Otase, Pacto de Bagdad entre as dezenas de conflitos regionais.
Agora temos o novo pacto dos EUA, Reino Unido e Australia (AUKUS), que deixou a Europa de fora e já provocou reações internacionais e poderá gerar uma nova crise mundial, desta vez geopolítica. Estamos indagando, será uma nova Guerra Fria?
Hoje, o governo da França foi o primeiro a retirar seu embaixador e consulados dos territórios americanos e australianos para consultas sobre essa nova realidade geopolítica.
O Governo Chinês entendeu como uma ameaça geopolítica americana no Sudeste asiático e nos mares e ilhas da região, área geoestratégica chinesa.
De acordo com os três líderes do AUKUS, o presidente dos EUA, Joe Biden, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, e o primeir australiano, Scott Morrison, através de live, "pretendemos promover a segurança e equilíbrio em todo o território". 
Mas parece que a ideia principal é se opor aos avanços militares chineses, entre os oceanos índico e o pacífico.
Agora começamos a entender a saída britânica da União Europeia, enfraquecendo o bloco, mas deixando preocupações com essa posição, ao entrar em um bloco geopolítico, que também ameaça os interesses da União Europeia na Ásia.
Em março os governos russo e chinês reagiram conjuntamente as investidas americanas na região.
O Primeiro Ministro chinês  fez duras críticas a criação da AUKUS e o assunto vai ser levado ao Conselho de Segurança da ONU, alegando o desacordo com essa nova turbulência, ou crise global, quando a ideia central é resolver os problemas humanos pelo caminho da paz mundial.
Vejam que esse anúncio do novo pacto AUKUS, aconteceu em meio aos testes de lançamento de mísseis das duas Coreias (Norte e Sul).
Nessa nova Geopolítica ainda temos problemas da velha ordem, com a divisão das Coreias.
A Coreia do Norte e a Coreia do Sul são os últimos detalhes da Guerra Fria que aínda continuam intactos e que foram frutos das invasões americanas ao Japão, Coreia, Camboja e Vietnã durante o final da Segunda Guerra Mundial.
O Vietnã também chegou a ser dividido em dois, Vietnã do Norte e Vietnã do Sul (o Sul ficou a quase uma década sob dominação americana), mas os vietnamitas lutaram por mais de uma década até expulsarem os americanos e conseguirem reestabelecer seus territórios.  Mas o mesmo não ocorreu com as duas coreias.
Na última quinta-feira (16/09) os dois países realizaram testes de lançamento de mísseis, aumentando a tensão geopolítica mundial. Os Estados Unidos, conseguiram dividir a Coreia em dois países, ocupando o sul da nação, transfondo os sul-coreanos em esquema geoestratégico dos USA. 
O interessante é observarmos que os EUA fizeram duras críticas aos norte-coreanos pelos testes, mas não disseram nada sobre os testes da Coreia do Sul. Com quê intenção?
Ao anunciarem a criação do Pacto AUKUS, ficam as dicas de que, enquanto permanecerem estas rivalidades, não encontraremos a paz mundial.
Desde 2018, depois das várias ameaças americanas a Venezuela, novos exercícios geopolíticos foram deflagrados na América do Sul.
Depois do apoio russo, chinês e iraniano ao governo venezuelano, iniciou-se conversações para a criação de um novo bloco geopolítico e geoeconômico para quebrar a hegemonia Norte-Americana nas Américas.
Esse novo bloco contará com China, Rússia, Irã, Coreia do Norte, Vietnã, Cuba, entre outros, pois já existe cerca de 17 países interessados neste bloco que, até 2022 pretende ser oficializado junto a ONU.
Os grandes investimentos econômicos e geoestratégicos da China no continente africano, com recursos em todos os 56 países da África, além da reconstrução geoeconômica da Ásia Central e a construção da Nova Rota da Seda, que ligará a China até Portugal, cortando toda a Europa Oriental e Ocidental e uma das maiores integrações geoeconômicas globais e uma das maiores  dores de cabeças do governo americano.
Estes são apenas alguns indícios de que, pós 1989, com a queda do Muro de Berlim e depois de 1992, com a desintegração da URSS, no século XXI, os americanos achavam que teriam a hegemonia mundial, mas a realidade geopolítica e geoeconômica vêm demonstrando que não é bem assim. 
Agora, começamos a entender o abandono dos afegãos em um território onde os americanos gastavam bilhões de dólares e controlavam básicamente a capital Kabul. Será que essa nova aventura americana e o sonho da "doutrina manifesto" de que os americanos devam dominar o mundo, poderá se transformar  em um novo pesadelo humano?

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