quarta-feira, 2 de outubro de 2024

ORATÓRIA - "Quem é que vai dar tanta coisa nessa porra"?!

Por Belarmino Mariano.

O nome da Música é Oratória, o cantor e composição de Jonas Neto Escurinho e Alex Madureira, meus irmãos, desde que o mundo é mundo, pois somos filhos do "carbono e do amoníaco", portanto, também somos manos de Augusto dos Anjos e de boas poesias paraibabas.

Vivendo esse período político eleitoral, com muita tensão no ar, com muitos golpes baixos, cadeiradas e muita grana do crime organizado e da corrupção, para comprar cestas básicas e assim negociar pacotes de votos das pessoas pobres e periféricas, mas também apoio financeiro e político dos grandes conglomerados do mercado w das mídias. 

Hoje logo cedo, na ida para "la escuela" para levar a filha de 16 anos, ao ligar o carro, o som automotivo ligado no automático dispara "oratória" de Escurinho e Madureira, como a primeira "Ave Maria Pauleira" da manhã, tratei logo de subir o volume para o 10.

Do CD Malocagem (2003), "Oratória" é um rock/maracatu de batuque fenomenal, uma guitarra estridente, rasgando o silêncio matutino e um baixo em compasso de espera, mas já anunciando a pancada libertária de um manifesto completamente Anarquista, com a pergunta mais contundente que a tese precisa ter: 

"Quem é que vai dar tanta coisa nessa porra"?! "Quem é que vai dar tanta coisa nessa porra"?!?!? "Quem é que vai dar tanta coisa nessa porra"?!?!?!

Nesse pequeno artigo quero trazer cada uma das estrofes dessa letra, mas não será suficiente, pois para além da composição, vocês precisam ouvir a canção, precisam deixar essa paulada musical penetrar seus tímpanos e sugiro ouvir no volume 10, no link primeiro link dos comentários!!!

Oratória - Escurinho 

"Um pouco de saúde
Para os sem remédio
Um pouco de fartura
Para os sem farinha
Um pouco de tijolo
Para os sem teto
Um pouco de oração
Para os sem deus e os sem revólver..."

A primeira reflexão vai para o título da música, "Oratória", conversero, blá blá blá, arguição, falatório e/ou lugar de parlar, lugar de fala promessas em vão. 

Pensei também no masculino "Oratório", como um lugar de santos católicos e de oração, para rezar, fazer preces, pedir, clamar e às vezes até amaldiçoar as almas dos desalmados.

Essa primeira estrofe é de arrepiar. Ele pede um pouco de cada coisa: saúde, remédio, fatura, farinha, tijolos, teto e oração para os sem deus e sem revólver. Então os políticos corruptos, que conseguiram acumular recursos públicos em suas cuecas, usam pastores e fiéis para dar um pouco dessa porra toda, em troca de votos.

Essa segunda estrofe é o prenúncio da questão central que permeia sua tese: "Quem é que vai dar tanta coisa nessa porra"?!?!? Tipo, receba! No mais nítido português e toda a sua intersubjetividade:

"Um pouco de idéia
Para os sem cabeça
Um pouco de desprezo
Para os sem confiança
Um pouco de amor
Para os sem maldade
Um pouco de emoção
Para os sem beijos e os sem carinho..."

"Quem é que vai dar
Tanta coisa nessa porra
Quem é que vai dar
Tanta coisa nessa porra"

Assim como o batuque barulhento, a cadência do baixo e a estridência da guitarra, essa pergunta se transforma ao mesmo tempo em um "Pai nosso e uma Ave Maria, acompanhados de um cruz credo, amém!!!"

Nas terceira e quarta estrofes Escurinho dedicada espaço para os grandes temas nacionais como: Cultura, Terra e Psicologia da Ternura, com direito a delírio e tédio:

"Um pouco de swingue
Para os sem tempero
Um pouco de conforto
Para os sem terra
Um pouco de ternura
Para os sem afago
Um pouco de delírio
Para os sem tédio e os sem tortura..."

"Um pouco de coragem
Para os sem peito
Um pouco de sorte
Para os sem padrinho
Um pouco de tempo
Para os que trabalham
Um pouco de estrada
Para os sem pés e os sem sapatos..."

"Quem é que vai dar
Tanta coisa nessa porra
Quem é que vai dar
Tanta coisa nessa porra!!!"

Se estes prefeitos e vereadores que serão eleitos agora no dia 06 de outubro, cumprissem um terço dessa carta programa proposta política e musicalmente por Escurinho, muitos de nós já nos daríamos por satisfeitos. É uma resposta básica, essencial e como Jonas Escurinho, só vejo uma saída, apostar que a saída é pela esquerda, pois a extrema direita aponta para o fascismo.
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Por Belarmino Mariano. CD Malocagem. Letra e imagem de: letras.mus.br/escurinho
O CD Malocagem foi gravado em 2003, com a banda original composto por Jonas Escurinho, Alex Madureira (guitarra), Igor Ayres (baixo), Flávio Boy (bateria) e Pablo Ramires (percussão).

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