segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Assistindo a invasão Terrorista à Brasília

Por Mauriene Freitas*
Eu tô assistindo a invasão Terrorista à Brasília ( esse é o nome correto pra esse pessoal) e algumas perguntas me perturbam, por isso eu gostaria de compartilhar com vocês pra vê se juntos conseguimos entender. 

1- *cegueira da mobilização*:
como as autoridade do DF não acompanharam ou “não viram” uma quantidade dessa de gente, seguindo de forma ordenada, entrando numa cidade que tem a recorrência de receber protestos das mais variadas naturezas. Ninguém monitorou os ônibus na cidade? Faço melhor, volto mais atrás… e a PRF tão acostumada a barrar os ônibus de sem-terra, professor, povos originários que seguem pra Brasília, não perceberam a movimentação nas estradas, no seu “ chão de trabalho”? Ou só se especializaram em barrar eleitor em dia de eleição no nordeste ? 

2- *o rastro do dinheiro*:
há tempos que se fala em financiadores dos então atos golpistas ( agora se chamam atos terroristas) mas até agora a gente nunca soube quem era. O que está sendo feito a esse respeito ? Já identificaram? Se sim, já os imobilizaram? Congelaram suas contas? Fizeram buscas em seus domicílios em busca de provas que comprovam as denúncias? 
Aliás, há denúncias formais? Ainda sobre a invasão Terrorista em Brasília, serão apreendidos todos os ônibus utilizados no local? Onde esse pessoal estava hospedado? Onde comiam ? E a derradeira… quem assinava o cheque/fazia o pix ? 

3- *qual a pauta/reivindicação dos terroristas* ? 
Até o presente momento, ainda não foi divulgado um manifesto, não foi identificada uma finalidade(para além da simples depredação patrimonial dos símbolos do Estado), por um grupo que pregava abertamente um golpe. Vocês não acham que tá faltando alguma coisa? O ato de hoje é uma simples reprodução da invasão do Capitólio dos EUA? Qual era a finalidade da invasão do Capitólio? Acho que podemos aprender com aquele episódio e o mais importante, usar o exemplo para punir os terroristas brasileiros. Mas ainda insisto… Em teoria, o exército não endossou o golpe que eles exigiam, daí eles foram lá e fizeram uma invasão mas sem perspectiva real de golpe. É isso mesmo? Uma invasão sem possibilidade de intervenção real ? De um pessoal que em regra, tem porte e arma registrada? Percebam que ainda não ouvimos uma notícia sobre um tiro disparado pelos terroristas. O que é isso ? 

5- *não tenho nada a ver com isso*: 
A invasão terrorista de hoje foi gestada ainda em 2020, com o discurso contrário as urnas eletrônicas e tentava de emplacar o voto impresso. Ganharam força nos “ 7 de setembro” e todos aqueles que foram às ruas usando verde e amarelo empunhando cartazes contra o STF, apoiando ditadura e golpe. Todos aqueles que endossaram esse discurso, seja civil ou militar, eleitor, gestor ou legislador, tem responsabilidade. E se tem responsabilidade, é preciso responder por ela. Há de se reconhecer que após o resultado das eleições, mesmo com os acampamentos na frente dos quartéis, a maioria das autoridades desse país fingiram ou terceirizam as responsabilidades para resolver essa questão. A cegueira foi uma decisão política. Os Terroristas cresceram e se encorajaram amparados pela omissão dos agentes públicos. Todos precisam arcar com as consequências. Todos. 

6- *A epifania*: 
Finalmente a população brasileira se estarrece coletivamente com os terroristas. Mas precisamos lembrar que eles estavam aí há tempos… Seus discursos incentivaram agressões verbais, agressões Morais, constragimentos, violências físicas  contra eleitores adversários que resultou em mortes: quem não lembra do assassinato do companheiro em
Sua festa de aniversário com tema do PT? Faço melhor, nas eleições de 2018, quem lembra do assassinato de Mestre Moa, morto por um eleitor bolsonarista, filhote desses terroristas de Brasília ? Eles sempre estiveram aí e nós nunca conseguimos dar uma resposta forte e coletiva sobre isso… Sabe o sapo na fervura ? A temperatura aumenta e o sapo vai se adequando ao calor até morrer fervido na panela? Pensei que fôssemos o sapo. Mas parece que não… Ainda bem que conseguimos nos indignar com vidros, mobílias, obras de arte quebrados em prédios institucionais. As vidas perdidas, desde o surgimento do bolsonarismo, não nos comoveu, mas a destruição das coisas nos une e comove. 
Felizmente, algo ainda nos toca. Pena que seja a destruicao das coisas em detrimentos da destruição dos corpos, das identidades, das vidas. 
Para chegar hoje foi uma sucessão de erros e omissões dos mais diversos agentes públicos, civis e militares. Erramos como nação, erramos como gente. 
De fato, estamos no início do processo de reconstrução, mas me parece que ela deve ser mais profunda e complexa do que pensávamos. 
Mas acho que numa coisa temos acordo: SEM ANISTIA !

*Mauriene Freitas, inquieta por natureza.

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