quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Guarabira: Na Feira do Morgado também tem

Por Alexandre Moca
As luzes filtradas através dos toldos e brechas iluminam os rostos de pessoas conhecidas da comunidade e de anônimos. 
A feira do Morgado de Costa Beiriz parece uma inesgotável fonte de bons ângulos, de enquadramentos fantásticos, que resultam em fotografias especiais. 
Este pequeno ensaio foi feito em 2012. Alguns dos atores que nele aparecem já não mais integram a cena do nosso maior, mais importante e perene evento comercial. 
A omissão do poder público contribui para torná-lo cada vez mais caótico. 
Ações paliativas vão transformando o espaço da feira uma colcha de retalhos mal costurados, alinhavados anos a fio com o fio da desídia e da falta de sensibilidade.
Vistas de cima, as toscas barracas cobertas com lona plástica se assemelham a um acampamento de refugiados. E são mesmo, refugiados da inclemência do sol, da chuva e das inundações pontuais de todos os anos.
Mesmo assim a feira resiste e continua encantando a todos os que têm olhos de ver e e são capazes de sentir a mistura de fumaça de galetos assando, com o cheiro acre das emanações de urina e creolina vindas das mal-cuidadas instalações sanitárias dos velhos mercados. Pra compensar, fumegam sobre fogareiros de carvão, picados de porco, buchadas, tripa assada, avoador e guisados dos mais diversos que podem ser consumidos acompanhados das mais legítimas ou promíscuas cachaças produzidas no brejo.
Até quando serão postergadas as intervenções e  melhoramentos dos quais a feira tanto precisa? Certamente vão ressurgir em forma de promessa de campanha, em verborreias diarreicas que competem no odor com os esgotos a céu aberto do espaço público destinado velha feira. Um filme pra se rever.
“...Tem cesto, balaio, corda, tamanco, greia, tem boi tatu
Tem fumo, tem tabaqueiro, feito de chifre de boi zebu
Caneco, arcoviteiro, peneira, boi, mel de uruçu
Tem carça de arvorada, que é pra matuto não andar nu...”
“...Faz gosto a gente ver
De tudo que há aí no mundo
Nela tem pra vender...”  (Onildo Almeida/voz de Luiz Gonzaga).


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