sábado, 17 de abril de 2021

Lula e o Brasil: amor, ódio e racionalidade

Texto de Ana Maria Rodrigues
(grupo Mulheres na Resistência)

"O Brasil tem se dividido entre os que odeiam Lula (uma patologia que tento entender) e os que o amam. Sou de uma terceira vertente, a dos que reconhecem os erros e os acertos de Lula e não o enxergam como mito intocável e sim como um estadista com profundo sentimento humano e grande habilidade política. Acusaram Lula de ter se transformado num bilionário em decorrência de roubos em seus governos. O patrimônio de Lula foi devassado, foi esmiuçado e colocado num microscópio eletrônico. Polícia Federal, Receita Federal e MPF nada encontraram além do que está registrado em sua declaração de Imposto de Renda, com origem declarada e inquestionável. Ponto. Lula foi preso porque Moro e o TRF-4 assim o quiseram, acusando-o de ser o verdadeiro dono de dois imóveis que nunca foram seus. Um era da construtora OAS e o outro da família Bittar. Acusaram Lula por uma reforma num triplex, sendo que tal reforma nunca existiu (fotos do imóvel comprovam isso). Acusaram Lula por reformas e melhorias num sítio no qual ele frequentava como convidado da família Bittar. Todas as benfeitorias feitas no sítio só beneficiaram a família Bittar, que agora o está vendendo...não esquecendo a sentença (ATO DE OFÍCIO INDETERMINADO). Você sabe por acaso o significado dessa frase???Lula não enriqueceu. O foco de Lula sempre foi o poder, a sua ambição nunca foi a de acumular apartamento em Paris, malas abarrotadas de dinheiro, milhões de dólares em contas na Suíça e nem fazendas com pistas de pouso para aviões. Lula foi milionário por dois mandatos políticos em que proporcionou paz política, crescimento econômico e inclusão social no país que tanto ama. Ele não entra pela porta dos fundos nos encontros com estadistas pelo mundo afora. Lula é recebido com tapete vermelho, com respeito e reconhecimento. É quase uma unanimidade. Talvez seja odiado por Trump que é um Bolsonaro mais rico, inteligente e poderoso. Qual foi o legado de Lula para tanto respeito? Tirou milhões de brasileiros da condição de miséria extrema e combateu a FOME como nunca se fez em 500 anos neste país. Defendeu a tecnologia nacional, o desenvolvimento econômico com pólos regionais, focou na educação e na cultura, investiu nos programas sociais, respeitou os direitos trabalhistas, proporcionou crescimento para empresas e para o setor financeiro, conciliou na política (em prol do país), não perseguiu adversários, combateu o racismo, a homofobia, a intolerância religiosa, a misoginia e jamais fez discursos de ódio defendendo a morte de seus adversários ideológicos. Saiu ao final de seu segundo mandato com 87% de aprovação. Um recorde nunca batido no Brasil. Fica difícil entender o ódio impregnado nos corações e mentes de brasileiros que tiveram uma vida melhor nos anos em que Lula foi presidente. Foi a conquista da moradia, da saúde preventiva pública, da energia elétrica que chegou em suas casas, a conquista do emprego que gerou renda e botou um prato de comida na mesa, foi o sonho concretizado com o filho se formando numa Universidade Federal e a real conquista da DIGNIDADE. Muitos que conquistaram tudo isso cuspiram na cara de Lula, comemoraram a morte de sua esposa e depois de seu neto e por fim soltaram foguetes quando de sua injusta prisão. Nunca consegui entender esse ódio patológico e essa falta de leitura reflexiva sobre uma realidade tão escancarada. Posso culpar a influência da mídia parcial? Posso. Mas ainda culpo a ingratidão, a mentalidade atrasada e a falta de empatia de milhões de brasileiros que nos jogaram numa jornada trágica sob o comando de um clã de milicianos. Ler e entender o Brasil nunca foi para amadores.

domingo, 11 de abril de 2021

Eleições na UEPB CAMPUS III.

Dia 15 de abril, teremos eleições para Direção do CH UEPB, chefes de departamentos e coordenação de cursos. Será chapa única, para a Direção do CH temos duas professoras muito competentes. Segue um resumo de suas experiências acadêmicas e administrativas:

CLÉOMA MARIA TOSCANO HENRIQUES

A professora Cléoma Maria Toscano é graduada em Licenciatura Plena em Geografia  e Especialista em Análise Ambiental da Paraíba, ambos pela UEPB.

Conta com 37 anos de atividade letiva, dos quais 34 deles dedicados ao ensino superior, na Universidade Estadual da Paraíba – UEPB  no Centro de Humanidades - Guarabira.

Como docente, atua  na graduação e pós-graduação em grupos como   o Terra - Grupo de Pesquisa Urbana, Rural e Ambiental - Estudos Geográficos: Ensino e Formação de Professores.

Tem  artigos publicados em revistas científicas, capítulos de livros e em anais de eventos.

 Participou da organização de atividades no âmbito  local bem como do comitê científico de eventos regionais.

Atuou como Coordenadora adjunta do Curso de Geografia  durante três mandatos .

Coordenou o  trabalho acadêmico Orientado - TAO durante o período (2004-2015)

Coordenou o  Programa Institucional de bolsas de iniciação à docência - PIBID- no Curso de Geografia do CH.

Foi Membro do  Núcleo Docente Estruturante ( NDE-2016-2018), participando da reformulação do PPC do curso de Geografia do Campus III. 

Foi eleita Diretora Adjunta - Período (2018 - 2020) com prorrogação do mandato. 

Atualmente  exerce o cargo de  Diretora do Centro de Humanidades - Campus III  da UEPB .



Maria de Fátima de Souza Aquino


Maria de Fátima de Souza Aquino - possui graduação em Letras, Mestrado em Letras e Doutorado em Linguística, todos pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Tem 18 anos de dedicação à UEPB. Entrou na Instituição em 2002, por meio de concurso público realizado em 2001. Nesses 18 anos, tem atuada na Graduação e na Pós-graduação, ministrando aulas, orientando PIBIC, PIBID, Monitoria, TCC, Monografia de Especialização e dissertação de Mestrado. Criou o Grupo de Pesquisa “Estudos de Linguagens e ensino” (GELIE), do qual é líder. Tem publicado artigos em revista científica, capítulos de livro e artigos em Anais de Eventos. Tem participado da organização de eventos locais e nacionais, como também do comitê científico de eventos nacionais.  Foi Coordenadora Adjunta do Curso de Letras, Chefe de Departamento por duas gestões, Coordenadora do Mestrado Profissional em Letras (PROFLETRAS) por duas gestões. Em 2012, como Chefe de Departamento, articulou a vinda do Mestrado PROFLETRAS para o Centro de Humanidades. Como membro do Núcleo Docente Estruturante (NDE), participou da reformulação do PPC dos cursos de Letras do Campus III. Atualmente coordena os Estágios Supervisionados de Letras Português do CH, buscando sempre articular a interação entre a universidade e as escolas da rede pública de Guarabira.

CHAPA: UNIVERSIDADE PÚBLICA E DEMOCRÁTICA

CARTA PROGRAMA

MÃOS DADAS

Não serei o poeta de um mundo caduco

Também não cantarei o mundo futuro 

Estou preso à vida e olho meus companheiros

Estão taciturnos, mas nutrem grandes esperanças.

Entre eles, considero a enorme realidade.

O presente é tão grande, mas não nos afastemos.

Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. (Carlos Drummond de Andrade)

  Os desafios do tempo presente colocam, cada vez mais, em evidência o papel da educação na construção de uma sociedade democrática, consciente, humana e justa. Para o enfrentamento desses desafios, precisamos continuar seguindo de mãos dadas, trilhando o caminho da solidariedade, do respeito e do compromisso com a educação pública e de qualidade para todos.  Nessa perspectiva, apresentamos, a CHAPA: UNIVERSIDADE PÚBLICA E DEMOCRÁTICA, para a Direção do Centro de Humanidades, expressando o desejo de fortalecer as ações em continuidade ao que vimos desenvolvendo e lutar por novos intentos, sempre na defesa do caráter público, autônomo, laico e democrático da universidade, para atender aos anseios da Comunidade Acadêmica. 

   

AÇÕES:

  1. Requerer, junto à Administração Central da UEPB, a realização de Concurso Público para docentes e para os cargos de técnico-administrativos;

  2. Apoiar as ações dos Departamentos e Coordenações, através do diálogo e da participação nas instâncias de decisão coletivas;

  3. Lutar pela conclusão do Projeto de Acessibilidade do Campus III;

  4.  Lutar pela expansão dos espaços físicos do CH, especialmente os destinados às atividades didático-pedagógicas;

  5. Ativar o Projeto de Construção do Espaço Multifuncional (Quadra de Esporte e Salão de Eventos);

  6. Fortalecer a Pós-Graduação lato sensu e stricto sensu;

  7. Dar suportes aos discentes nas condições de acesso e permanência para uma participação plena nas atividades acadêmicas;

  8. Favorecer as ações de valorização profissional do segmento técnico-administrativo;

  9.  Apoiar as atividades do Bosque Prof. Carlos Belarmino;

  10. Mobilizar esforços, junto à Administração Central, para atender as solicitações de adequação dos espaços e da infraestrutura do Campus III;   

  11. Dialogar com o poder público municipal, a fim de construir parcerias visando o bem-estar dos animais abandonados no Centro de Humanidades;

  12. Ampliar as formas democráticas de interação com as comunidades acadêmica e externa ao Campus III.


COVID-19 E A PRODUÇÃO DA IGNORÂNCIA


* RICHARD PARKER
22 DE MARÇO DE 2021
Oprimeiro ano da pandemia covid-19 nos ensinou muitas lições no campo da saúde coletiva. Uma das mais importantes, contudo, talvez tenha recebido menos atenção: a questão da ignorância. Assim como o conhecimento, a ignorância é uma construção. Ignorância não é simplesmente falta de conhecimento. Pelo contrário, a ignorância tem sido ativamente construída e produzida socialmente dentro de determinados contextos e processos políticos. Compreender a produção da ignorância é essencial para saber como enfrentá-la com conhecimento e informação.

A importância de observar mais criticamente a ignorância tem sido evidente em quase todos os lugares que olhamos neste primeiro ano da covid-19 — especialmente, mas não somente, no Brasil. É evidente, por exemplo, na falta geral de compreensão dos mecanismos básicos de infecção com SARS-CoV-2. Também está presente na confusão sobre a epidemiologia social da covid-19 — com destaque para as formas que a pandemia afeta comunidades e populações distintas com base em classe, raça e etnia, gênero e outros marcadores de diferença social.

É visível na conturbada e traumática polarização ideológica em torno das práticas de prevenção e promoção da saúde e das alternativas e opções de tratamento. É possível ainda percebê-la nas formas pelas quais esses debates criam cortinas de fumaça artificiais que escondem e mistificam não apenas informações científicas básicas, mas também as relações subjacentes dos sistemas de produção capitalista, relações comerciais e direitos de propriedade intelectual, e estruturas políticas e econômicas que operam para disfarçar iniquidades sociais — que a pandemia poderia, de outra forma, torná-las óbvias. E é quase surpreendentemente vívida na discussão estreita sobre produtos e políticas de vacinas, questões de acesso, e iniquidades globais que fazem com que as afirmações sobre a governança efetiva da saúde global pareçam quase cômicas — se não fossem tão trágicas.

O desafio de enfrentar a extensão e as dimensões da ignorância em relação a esta pandemia torna-se ainda mais difícil porque historicamente o campo da saúde coletiva tem dado pouca atenção à produção da ignorância. Isso é especialmente irônico porque este campo vem enfrentando níveis significativos de ignorância ao longo de sua história.No entanto, talvez porque as demandas de implementação de programas e enfrentamento de emergências em saúde tenham sido tão grandes, tenhamos feito pouco na busca de compreender os fatores e forças responsáveis pela produção da ignorância.

O tamanho expressivo da ignorância em todos os lugares em relação à covid-19 — junto com as contribuições quase obscenas vindas de políticos, formuladores de políticas e líderes de opinião — nos exige dar um passo atrás e desenvolver uma análise crítica mais cuidadosa dos desafios que enfrentamos nesta era da ignorância — mesmo que pareça que estejamos abrindo uma nova área para investigação sem as ferramentas conceituais e teóricas que poderiam nos ajudar a avançar adequadamente com este projeto.

Felizmente, não temos que começar do zero. Há uma história de investigação sobre a ignorância em outros campos e áreas que são relevantes para observar as formas de ignorância que se apresentam no campo da saúde coletiva. Creio ser possível destacar três questões-chave, especialmente úteis para entender diferentes dimensões da ignorância que a covid-19 parece ter descoberto — e quero, de fato, argumentar que ela desencadeou e estimulou o que podemos descrever como: (1) a construção social da ignorância; (2) a epistemologia crítica da ignorância; e (3) o uso da ignorância para fins estratégicos.

Forças sociais e políticas e interesses econômicos têm construído ativamente a ignorância de forma altamente complexa — e em contextos sociais e culturais muito específicos demarcando esse modo de construção social da ignorância. Há ainda complexos processos sociais e culturais de exclusão que fundamentam a epidemiologia social da covid-19 e nos estimulam a refletir sobre o papel que a ignorância desempenha na formação da pandemia. Isso nos ajuda a entender, por exemplo, as razões pelas quais tal ignorância parece ser tão difícil de ser desalojada do que acreditamos ser conhecimento científico “correto” —e ainda porque pedagogias acríticas são destinadas a não oferecer respostas efetivas à pandemia.

E, por fim, há as investigações sobre a ignorância para fins estratégicos que demonstram o uso de afirmações de ignorância para justificar a tomada de posições (de outro modo, questionáveis) por parte de políticos ou gestores e graves falhas feitas nos processos de governança em campos como as políticas econômicas, o desenvolvimento sustentável e mudança climática, e a saúde global.

Tudo isso nos revela alguns dos impedimentos mais fortes relacionados à necessidade de organizar planos concretos e exequíveis para garantir acesso às vacinas contra a covid-19 para a maioria das populações em países mais pobres — além da produção e promoção de medicamentos e tratamentos promovidos irresponsavelmente por lideranças políticas e gestores públicos em diversos países.

■ Diretor-Presidente da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (ABIA) e professor visitante sênior do IESC/UFRJ
https://radis.ensp.fiocruz.br/index.php/home/opiniao/pos-tudo/covid-19-e-a-producao-da-ignorancia