terça-feira, 15 de julho de 2025

Acampamento Alto da Serra, localizado na Antiga Fazenda Angelim, Município de Belém/PB e a Luta por um Pedaço de Chão.

Por Belarminio Mariano*

O Acampamento Alto da Serra, localizado em área da antiga Fazenda Angelim e Baianos, na zona rural de Belém/PB é a "Luta por um Pedaço de Chão" empreendida por  famílias de agricultores e agricultoras do município de Belém. São 47 famílias, com adultos jovens e crianças acampados em uma área de 426,5 hectares, segundo a pré-vistória do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).

De acordo com um dos agricultores, o movimento completará três anos no dia 23 de dezembro e teve o apoio inicial do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Atualmente conta com o apoio da CPT (Comissão Pastoral da Terra), com a total solidariedade do Pedre Luiz Pescamona e o acompanhamento legal junto ao INCRA.

O Movimento foi iniciado pacificamente e todos os agricultores da área sonham com a desapropriação e demarcação do território, pois a origem e tradição rural, com a posse definitiva irá fortalecer os laços dos agricultores como seu chão. Esse foi um momento histórico com a primeira vista de técnicos do INCRA e o acompanhamento dos representantes da CPT, representantes do dois sindicatos rurais de Belém, acampados e outras instituições.


O que wra uma terra sem função social, desde a formação do acampamento que as famílias passaram a produzir sua agricultura familiar na área, sendo uma agricultura de subsistência e quando sobra, eles comercializam nas feiras livres da região. Atualmente existem plantações de batata-doce, macaxeira, inhame, feijão (macaçá branco e marrom, mulatinho, preto e feijão gordo), milho, hortaliças, e algumas frutíferas como: coco, caju, goiaba, manga, banana e cada uma das famílias, estão plantando de tudo um pouco.
A mesa simples e improvisada, mas com três balaios de alimentos, produzidos pelos próprios camponeses, recepcionou os técnicos do INCRA/PB e a comunidade que acompanhou a primeira vistoria das terras do Acampamento Alto da Serra.

O local e as barracas são simples e improvisadas, com lonas pretas, taipa e outros materiais, mas já existe energia elétrica, conexão de internet e a água da comunidade é retirada de um olho d'água para beber ou cozinhar e do açude para outros afazeres. Na última semana, foi feito um grande mutirão para a limpeza do açude que estava sendo tomado por vegetação higrofila e boa parte do trabalho no acampamento é feito de forma coletiva e em mutirão das famílias.

De acordo com um dos acampados, "recentemente uma equipe do Orçamento Democrático do Governo do Estado, fez uma visita ao acampamento e uma das reinvindicações, para além da desapropriação da terra é a garantia que seus filhos possam ter educação pública, saúde, moradia digna e estrada com bom acesso para escoamento da produção.

Ele nos contou que a força e a disposição para trabalhar não falta e  também nos informou que os antigos proprietários estão cientes da situação e já enviaram comunicado ao Superintendente do INCRA/PB, na busca de uma solução pacífica para o processo de desapropriação em comum acordo.

Nosso primeiro contato com os acampados se deu na Feira Agroecológica de agricultura da Reforma Agrária que ocorreu na UEPB, em Guarabira (Projeto de Extensão da Professora Rita Cavalcante (UEPB/CH), a CPT e o Sedup), através de Josimar da CPT.  Também estava presente a Assessora Parlamentar do Deputado Federal Luiz Couto (PT), Edna Teodósio, a equipe da Diocese de Guarabira e da Escola Fé e Política.

No dia da feira uma equipe levou vários produtos do Acampamento Alto da Serra, que foram vendidos no ato. Foi uma importante oportunidade de conversar com os agricultores para saber o quanto é fundamental a Reforma Agrária em nossa região.

Foi possível perceber o quanto os agricultores e agicultoras estão empolgados em terem suas terras reconhecidas, pois só assim poderão ter paz e sossego para melhorar a produção local e oferecer as pessoas da cidade, os frutos do seu trabalho.

Eles também contam em sua organização com a solidariedade e o apoio do SAFER (Sindicato dos Agricultores Familiares e Empreendedores Rurais de Belém/PB), através do presidente Gilvan Lima. O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Belém (STR), sempre que os acampados precisam eles também apoiam o movimento.

No começo do Acampamento, ocorreram alguns disparas de armas de fogo, de desconhecidos, que tentaram intimidar as famílias, então eles pediram o apoio da Secretaria de Direitos Humanos do governo da Paraíba, e foram atendidos. Foi enviado uma força policial, que fez uma investigação e ficaram sabendo que não havia partido dos antigos proprietários e desde essa época, que sempre recebem visita policial e não ocorreu mais disparos na área, mesmo assim, como se trata de um acampamento, existe essa preocupação com a segurança das famílias.

 Além do governo do Estado da Paraíba, que vem acompanhando o desenrolar do processo de desapropriação para poder incluir as famílias em seus programas de cooperação com os camponeses, da presença da equipe do Orçamento Democrático e da presença de agentes da Polícia Militar, os camponeses se sentiram mais acolhidos e seguros.

As imagens que seguem são o resumo das ações mais recentes, importante história de luta pela terra, pois a terra é o sustento, a moradia e a dignidade das dessas famílias. Como diz a os professores Emília Moreira e Ivan Targino (UFPB, 1997), "por um pedaço de chão", nasce um território de esperança, para os homens, mulheres do campo e suas famílias:

*Fotos do Arquivo pessoal dos Acampados. Texto do Professor Belarmino Mariano (UEPB), entrevista com grupo do Acampamento Alto da Serra, Belém/PB...


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