quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Geografia Econômica: Governo Bolsonaro na Mira dos 388 bilhões de Reserva Cambial do Brasil.

Fonte: Imagem extraída das redes sociais portal uol.

Por Belarmino Mariano

Diante das últimas e seguidas quedas na Bolsa de Valores de São Paulo e do aumento do dólar ao patamar dos R$4,14 reais por dólar, o Superministro da Fazenda, Planejamento e Economia, Paulo Guedes declarou que para acalmar o mercado, pretende mexer em mais de R$ 100 bilhões dos mais de R$ 388 bilhões de Reservas Cambiais do Brasil. 

A ideia do Superministro é pressionar o Banco Central do Brasil para que liquide ou venda parte das nossas reservas cambiais livremente na Bolsa de Valores. Nestes termos, fica fácil entender as ideias em privatizar a casa da moeda e garantir a total independência do Banco Central. Ou seja, esse governo é preparado para ceder as chantagens do mercado, vendendo seus ativos como quem vende banana madura no final da feira livre.
Depois da destruição de importantes reservas ambientais do Brasil, inclusive com a privatização de algumas reservas ambientais para exploração de empresas privadas. o governo começa a colher o que plantou nos primeiros 8 meses de governo. O mês de agosto ficou para a história com as maiores queimadas e desmatamento da Floresta Amazônica. O livre direito das queimadas, o ataque as reservas ambientais e aos territórios tradicionais indígenas. O governo vendo tudo e ficando calado, fazendo de conta que é mudo, só reagiu timidamente, depois da reprovação internacional e ameaças de restrições aos produtos brasileiros. 



O Brasil já vinha em décadas, tentando combinar economia e ecologia, conseguido a realizações de grandes encontros internacionais como a Rio 1992 e ai Rio+20 em 2012 e experiencias de economia sustentável já eram encontradas em várias partes do Brasil. Mas, a partir de janeiro de 2019, o atual governo deu todos os sinais que abandonaria todos estes programas e políticas ambientais, pois em sua visão econômica neoliberal, o meio ambiente estava atrapalhando o desenvolvimento do Brasil. Agora estamos perdendo todos os avanços ambientais de nossa história. As queimadas, os desmatamentos, os agrotóxicos e destruição dos nossos ecossistemas estão afetando a nossa estabilidade econômica e ecológica.
O mundo reagiu a pior e desastrosa crise ambiental do Brasil e o mercado aproveitou a onda para fugir do Brasil. De acordo com o Portal 241 em sua seção de economia (Economia 247) destacou que o governo Bolsonaro, se volta para também queimar os mais de 388 bilhões de Reserva Cambial que foram economizados durantes os governos Lula/Dilma. A fuga de capital estrangeiro já é registrada como a maior dos últimos 23 anos e olha que desses 23 anos, apenas 13 foram dedicados ao PT e aliados. 
Nas últimas semanas, já foram embora do Brasil, mais de R$10,7 bilhões de reais. em função do livre mercado de capitais. O Ministro Paulo Guedes, pretende em uma só lapada, queimar mais de 100 bilhões das nossas reservas cambiais e a desculpa é que manter as reservas cambiais do país é muito caro e que isso pode estancar a sangria desatada de fuga de capitais.
Se nas últimas semanas os investidores estrangeiros venderam mais ações do que compraram, significa dizer que estão pulando fora do nosso mercado de capitais e como aves de rapinas que se aproveitaram dos animais mortos pelas queimadas  ou ratos em porões de navio naufragando, todos fogem, sentem uma tensão no ar e, mesmo com "cheiro de queijo no ar", entendam como as reformas trabalhistas e a famigerada reforma da previdência que agradou o mercado.
Parece que os desastres nos rumo do governo Bolsonaro, a instabilidade e incerteza da política econômica do Paulo Guedes, tem levado os experientes investidores para longe, pois já sabem que o governo se desloca para um buraco profundo, muito mais rápido do que imaginavam os mais céticos especuladores financeiros.
Mas vamos entender a importância das reservas cambiais de um país para enfrentar as adversidades ou crises econômicas mundiais. Vale lembra que entre 2008 e 2009, o mundo foi surpreendido pelos papeis pobres do mercado imobiliário americano e se instalou uma significativa crise econômica internacional. Ter reservas cambiais é aquela simples história de sempre guardar, poupar ou reservar parte do que você ganha, para usar em momentos de dificuldades. 
Claro que os especuladores internacionais querem encontrar um governo disposto a torrar essas reservas cambiais, coisa que durante as eleições, o futuro super mistro da economia, fazenda e planejamento, Paulo Guedes, já declarava interesse em gastar essa poupança e sempre declarava que abriria nossa economia com super privatizações. Queria aprovar a completa independência do Banco Central, entre outras ações agradáveis aos olhos dos especuladores. A ideia era liquidar tudo, vender e na verdade, liquidificar, triturar e colocar o país no fundo do liquidificador.
Claro que existe uma crise econômica e de relações diplomáticas internacionais entre Estados Unidos e China, as duas maiores economias do mundo. Em especial com as imposições econômicas de Trump perante o potencial econômico dos chineses, uma queda de braços em que os chineses não sedem um milimetro. Mas nos parece que o governo brasileiro já escolheu o lado americano de embrolho, esquecendo-se que na balança comercial Brasil, a China é a mais importante e superavitária parceira.
De acordo com os atuais dados do The Observatory of Economic Complexity (OEC Brasil), em dados de 2017 para 2018, "Os principais destinos de exportação do Brasileira foram: a China ($48 Bilhão), o Estados Unidos ($25,1 Bilhão), a Argentina ($17,8 Bilhão), a Holanda ($7,57 Bilhão) e a Alemanha ($6,18 Bilhão). As origens de importação de topo são a China ($27 Bilhão), o Estados Unidos ($20,4 Bilhão), a Argentina ($9,3 Bilhão), a Alemanha ($9,3 Bilhão) e a Coreia do Sul ($5,39 Bilhão)". 
Vejam que as negociações do Brasil com a China chegam quase ao dobro dos negócios com os Estados Unidos, sem esquecermos que os chineses também estão no topo das nossas importações. Mas o atual governo Bolsonaro, ao se posicionar fielmente aos ditames do governo Trump, começa a criar dúvidas, desconfianças e incertezas com a China, o mais importante parceiro do Brasil nas últimas décadas. 
Em outros cálculos podemos perceber que se somarmos pelo menos três outros mais importantes parceiros como: Argentina ($17,8 bilhões), Holanda ($7,57 bilhões) e Alemanha ($6,18 bilhões), chegamos aos $31,55 bilhões de dólares. Ou seja, as relações com a China ainda ultrapassam em mais de $16 bilhões. Mas, se considerados o viés ideológico dos chineses, para Bolsonaro e Guedes é melhor apoiar o ultradireitista Trump e ceder a economia brasileira aos seus interesses.
Na época dos governos PTistas, o Brasil conseguiu economizar e fazer sua reserva cambial, que na atualidade ultrapassa os 388 bilhões. Na época o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a usar parte dessa reserva para pagar juros da dívida externa e em meio aquela forte crise, disponibilizou títulos brasileiros e acalmou o mercado em toda a America do Sul (Mercosul). 
Na época o Presidente Lula, declarou que a crise internacional, vista por muitos como um furacão, Lula afirmou que no Brasil passaria como uma "marola". Ele estava certo, pois os nossos papeis eram reais e fortes. 
A direita tirou ondas, criticou o presidente e os especuladores até tentaram tirar vantagens do Brasil, mas a política econômica comandada por Lula não nos levou para o buraco. Na época, Lula passou a investir pesado no mercado interno, liberando impostos sobre os produtos industrializados brasileiros, criando imposto zero para a linha branca dos eletrodomésticos e zerando impostos sobre automóveis, motos, e dezenas de outros produtos advindos da industria brasileira ou das fabricantes instaladas no Brasil.
Agora vemos o presidente Bolsonaro liberando impostos para que Trump vender etanol mais barato que os agroindustriais do etanol brasileiro. Ou seja, o atual governo favorece os especuladores do mercado financeiro, mas esquece que será melhor investir nas ações de industrias de álcool americano do que de empresas brasileiras. Paulo Guedes continua sedento em colocar as mãos nos bilhões de reais e tudo indica que irá conseguir. Ato que pode acelerar ainda mais a destruição da economia brasileira. Um governo que sabe da prevalência da impunidade, corre contra o tempo para torrar a gigantesca poupança que os brasileiros fizeram durante os governos Lula e Dilma.

Fonte:

https://economia.uol.com.br/cotacoes/noticias/redacao/2019/08/26/dolar-tem-alta-de-037-e-fecha-a-r-4140-na-venda.htm
https://oec.world/pt/profile/country/bra/
https://www.brasil247.com/economia/o-buraco-de-bolsonaro-bolsa-tem-maior-fuga-de-capitais-em-23-anos
https://www.seudinheiro.com/dolar-ja-subiu-demais-e-mercado-desenha-correcao-vai-ter-disney/
https://www.brasildefato.com.br/2019/09/05/agroecologia-e-contraponto-as-queimadas-na-producao-agricola/
https://www.brasildefato.com.br/2019/09/04/em-agosto-queimadas-devastam-area-300-maior-do-que-em-2018/

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