Imagem extraída do portal Rádio Independente Web. |
Por: Mauriene Freitas*
Estou em São Paulo por motivo de saúde na família. Nessas idas aos médicos, passei pela Avenida Rio Branco, na Praça Princesa Isabel. Lá estão uma parte das pessoas que foram "tangidas" da truculenta desocupação da antiga cracolândia.
Eu estava no Uber e no primeiro momento não tinha entendido o que era aquilo. O motorista ao perceber meu interesse, tocou no assunto.
Não me lembro de uma só palavra do que ele disse. Eu só conseguia olhar, olhar e olhar.
Eram resquícios de pessoas, em condições sub-humanas, em meio ao amontoado de lixo, molambos, lonas e papelões. Ao redor, policiais ao lado das suas viaturas observando a movimentação da Praça.
Eram uma mistura de zumbis, daqueles bem ao estilo "The Walk Dead" e de prisioneiros de campos de guerra que vimos em filmes da Segunda Guerra. Meio ficção, meio realidade: toda barbárie.
Eles são o que não queremos ser, o que não queremos ver, o que não queremos admitir a existência. Os relatos desses dias na Praça são variados: assaltos, agressões, escatologia à céu aberto e por aí vai.
Nessa noite não consegui dormir.
Hoje eu vejo a notícia e as fotos de uma nova ação contra a "Nova Cracolândia". Visivelmente, uma ação asséptica, como é feita com a comunidade pobre nas periferias, os LGBTs e as mulheres, essa última, na maioria dos casos, dentro da própria casa.
A intenção não é resolver o problema de injustiça social e de saúde pública, mas apagar o problema dos olhos dos cidadãos de bem, votantes, tal qual fazemos quando em nossa casa apresenta uma infestação de pragas urbanas: aplicar o veneno pra exterminar as ameaças.
O Estado está tentando dedetizar a cidade. O problema é que não estamos falando de insetos, mas de gente.
É o crack
É o crack
É o crack
Não me lembro de uma só palavra do que ele disse. Eu só conseguia olhar, olhar e olhar.
Eram resquícios de pessoas, em condições sub-humanas, em meio ao amontoado de lixo, molambos, lonas e papelões. Ao redor, policiais ao lado das suas viaturas observando a movimentação da Praça.
Eram uma mistura de zumbis, daqueles bem ao estilo "The Walk Dead" e de prisioneiros de campos de guerra que vimos em filmes da Segunda Guerra. Meio ficção, meio realidade: toda barbárie.
Eles são o que não queremos ser, o que não queremos ver, o que não queremos admitir a existência. Os relatos desses dias na Praça são variados: assaltos, agressões, escatologia à céu aberto e por aí vai.
Nessa noite não consegui dormir.
Hoje eu vejo a notícia e as fotos de uma nova ação contra a "Nova Cracolândia". Visivelmente, uma ação asséptica, como é feita com a comunidade pobre nas periferias, os LGBTs e as mulheres, essa última, na maioria dos casos, dentro da própria casa.
A intenção não é resolver o problema de injustiça social e de saúde pública, mas apagar o problema dos olhos dos cidadãos de bem, votantes, tal qual fazemos quando em nossa casa apresenta uma infestação de pragas urbanas: aplicar o veneno pra exterminar as ameaças.
O Estado está tentando dedetizar a cidade. O problema é que não estamos falando de insetos, mas de gente.
É o crack
É o crack
É o crack
O pó a gente tolera. Os usuários se vestem bem, são modernos, descolados,em sua maioria brancos e, alguns casos, conseguem fingir aparente humanidade.
* |
Mauriene Freitas é professora doutora de Letras da UEPB, Campi Catolé do Rocha. |
FONTES:
http://www.nocaute.blog.br/direto-do-foicebook/berlim-1945-alepo-mossul-nao-cracolandia-depois-da-blitzkrieg-das-tropas-dos-marechais-geraudo-e-doria.html
https://www.facebook.com/mauriene.freitas?fref=nf
http://radioindependenciaweb.com.br/secretarios-dizem-nao-ter-sido-informados-de-acoes-na-cracolandia/
Nenhum comentário:
Postar um comentário