quinta-feira, 7 de março de 2019

A Lambança do filme pornô, quem me contou foi um passarinho

Imagem de Sabrina Sato - Jornal de Brasília.

Por Belarmino Mariano*

Dias antes Ele havia declarado guerra a Educação, afirmando que o país gastava demais na área de ensino. Mas em pleno Carnaval, rodou o mundo a imagem pornô e obscena publicada pelo presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro em suas redes sociais. Foi apenas um Twitter, seguido com o questionamento: "O que é golden shower?" (chuveiro dourado).
Enquanto o Brasil incendiava as ruas, avenidas e ladeiras desse país tropical, abençoado por Deus (Jorge Ben Jor), nosso presidente assistia filmes pornô, com cenas onde um jovem mostrava explicitamente seu anus para os foliões, seguido por uma chuveirada de urinada do seu parceiro. O presidente não satisfeito em apenas assistir, resolveu publicar para os seus milhões de seguidores, dentro e fora do Brasil.

Que ele não saiba inglês, tudo bem, que ele assista o que quiser entre as quatro paredes do seu lar, tudo ok. Agora mandar pelas asas do passarinho mais veloz da Terra e em tempo@, um filme pornô, com a intenção de destruir a imagem do Carnaval: Deus do céu, piedade Senhor. Onde esse homem estava com a cabeça quando praticou tal insanidade?
Muitos acham que os impactos estão na moralidade ou imoralidade das imagens e de sua publicação na conta pessoal do Presidente da República Federativa do Brasil. Nada disso, pois a festa carnavalesca não se mede pela moral ou pelo bom censo, mas pelo que fazemos dela e respondemos pelos nossos atos. Por muito menos vi nas mesmas redes sociais, a Policia Militar quebrando braço de folião, prendendo gente bêbada e outras práticas.
O outro grande problema é o ataque direto que o presidente fez ao Carnaval, maior Indústria Turística do Brasil. Para fazer um pequeno comparativo, cerca de 3 milhões de turistas visitam o Carnaval de Veneza na Itália. Em Belo Horizonte, foram quase 5 milhões de turistas. Imagina o Rio de Janeiro, Salvador, Recife/Olinda, Ouro Preto, Porto Alegre, Fortaleza, São Luiz, e centenas de outras cidades de grande e médio porte, espalhadas por esse país.
Os dados estão estampados em todos os sites e portais de economia e turismo de todo o Brasil. Foram mais de 10 milhões de Turistas e a injeção direta de aproximadamente 11 bilhões de reais. Imagina com ficou a rede hoteleira do Brasil, ao saber dessa postagem do presidente da república?.
O que devem ter pensado os fabricantes de bebidas do Brasil, quando viram o ataque direto contra o carnaval? Imagino que muitos desses empresários foram apoiadores e votaram no candidato Bolsonaro?
Agora devo lembrar que um dia desses o Presidente Lula, quando degustava uma cachacinha, fazia um grande comercial da bebida tipicamente brasileira. Lula era um garoto propagando dos produtos brasileiros. Mas a oposição descia o cacete e dizia que Lula era um cachaceiro. Não sabiam que cachaceiro é quem fabrica a cachaça. Agora eu queria saber, quando um presidente posta filmes pornô em suas redes sociais, devemos chamá-lo de quê? Pervertido? Imoral? ou Porn president?
Qual é o viés ideológico de tal ato? Isso foi porque só os comunistas brincaram o carnaval? Eram dois jovens esquerdopatas e precisavam ser expostos em redes sociais, diretamente pelo presidente, para chamar o feito a ordem? Como ele poderia se meter a fiscal do carnaval, se ele mesmo já havia baixado uma portaria dizendo que o governe dele não financiava o carnaval? Ou seja, o governo deixou de patrocinar a maior empresa lúdica do mundo, deixou de fortalecer a economia de milhões de brasileiros que investem e ganham com o carnaval e ainda queria meter o bedelho na festa. Pode isso Arnaldo?
Por incrível que pareça, o carnaval, movimenta toda a economia do Brasil. Desde os meios de comunicação, toda a indústria de bebidas e alimentos,de descartáveis, de tecidos e calçados. Toda a indústria das festas e fantasias, toda a rede hoteleira, motéis, pousadas, restaurantes, bares, lanchonetes, toda a rede de transportes (aviação, ubers, taxistas, mototaxistas, empresas de ônibus, micro-ônibus, vans e peruas), empresas festivas, clubes, carros de som, trio-elétricos, artistas, bandas musicais e artesãos, entre tantos outros, que gastaram ou ganharam com a Economia Turística do Carnaval.
Não bastasse o viés ideológico que começou a quebrar a industria leiteira, o agronegócio da carne e das aves, além dos produtores de soja, afetando os parceiros comerciais como a China e os muçulmanos. Desse jeito, só vai sobrar o Pop agronegócio da fruticultura (especificamente da laranja).


* Prof. Belarmino Mariano Neto é Doutor em Sociologia, Mestre em Meio Ambiente e professor da UEPB/Centro de Humanidades.

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