sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

Cariri Paraibano: Do Agave ao Sisal na Comunidade Quilombola de Serra Feia, Cacimbas/PB e em outros municípios.

Por Wanderson Ventura(1), Luciano Guimarães(2) e Belarmino Mariano(3).

A produção de sisal na Paraíba desempenha um papel significativo na economia de alguns municípios, especialmente os que estão situados no Semiárido. Neste contexto, torna-se importante destacar que, por muitos anos o estado da Paraíba apresentou a maior produção de Sisa do Brasil, no entanto, essa posição foi perdida para a Bahia, que atualmente, abriga a maior produção. 

Todavia, a produção dessa fibra ainda detém importante participação para a agricultura paraibana. Essa condição está intimamente relacionada aos padrões climáticos do clima semiárido, que abrange uma fração muito representativa do território paraibano.

Esse estudo focou algumas comunidades do Cariri e Curimataú paraibano entre os quais a Comunidade Quilombolas Serra Feia em Cacimbas/PB, vizinha a Desterro. Cariri Ocidental.  Na área existem três quilombos: Chā, Aracati e Serra Feia. As imagens de Wanderson Ventura, em pesquisa de campo, dão uma ideia da cultura do agave para produção da fibra de sisal
No município de Cacimbas, no Semiárido paraibano, a produção de sisal é cultivado principalmente por pequenos produtores, integrando-se ao sistema de agricultura familiar. 

A extração da fibra é realizada de forma manual, utilizando métodos tradicionais que refletem o saber local e a resiliência dos trabalhadores rurais. O resultado da produção é destinado, sobretudo, à confecção de cordas e itens artesanais.

O exemplo, possivelmente, mais bem sucedido diz respeito ao município de Barra de Santa Rosa, no Curimataú paraibano, cuja experiência evidencia a utilização do sisal em diversas atividades produtivas. 

A principal aplicação do sisal na região está relacionada à produção de fibras, que são processadas para a confecção de cordas. No entanto, uma parcela substancial da produção, é destinada ao artesanato local, prática que tem como principal centro a comunidade de Cuiuiú (imagens do Instagram Artesanato Cuiuiú):
No Instagram da Comunidade Cuiuiú em Barra de Santa Rosa/PB é possível encontrar muito mais imagens e informações sobre o artesanato em sisal.

Traduzido como matéria prima, o sisal, tornou-se essencial para a confecção de uma série de produtos: como tapetes, bolsas, cestos e utensílios domésticos. Vale salienta que, essa atividade é desenvolvida principalmente por mulheres, gerando renda e fortalecendo as práticas de economia solidária. Em um contexto de semiárido, onde a resiliência é fundamental, o sisal consolida-se como uma alternativa para o desenvolvimento local. 

Essas iniciativas não apenas garantem uma fonte de renda adicional, mas também promovem a valorização do capital sociocultural, contribuindo para a preservação da identidade dos territórios. Além disso, sua relação com o artesanato e a economia solidária coloca o sisal como um símbolo de resistência e adaptação às condições do clima semiárido, destacando-se como um exemplo de como a biodiversidade da Caatinga pode ser utilizado de forma sustentável para o benefício das comunidades locais, o que enaltece categoricamente os paradigmas de conivência com o Semiárido. 

Outra referencia que se faz necessário contextualizar, refere-se ao distrito de Ribeira de Cabaceiras, no cariri paraibano, cuja aplicação do sisal tinha um aspecto bastante peculiar. Era largamente utilizada no manejo dos canteiros de alho, prática tradicional na região, desempenhando funções importantes no cultivo. 

As “folhas” do agave ( como é popularmente reconhecido na região) ajudavam a proteger o solo, reduzindo os impactos dos processos erosivos proporcionados pela irrigação, garantindo melhores condições de desenvolvimento do cultivo. 

Essa prática reflete a sabedoria das comunidades locais em aproveitar os recursos disponíveis de forma sustentável e adaptada às condições ambientais características da Caatinga. Ele representa uma alternativa econômica sustentável, adaptada às condições climáticas da região, e tem potencial para se expandir com investimentos em tecnologias e políticas públicas de apoio ao pequeno produtor.

1. Estudante do curso de Geografia UEPB/EAD;
2. Professor Tutor de Geografia UEPB/EAD;
3. Professor Geografia UEPB/CH/DG.

Fontes:
IBGE Cidades, 2024;
IBGE, Nova Regionalização do Brasil, 2017.
https://www.instagram.com/artesanatocuiuiu?igsh=amdseG8zaDVxZnl5


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